Educação Positiva: Aratu On Explica o método que virou trend nas redes sociais
Acumulando mais de 500 mil visualizações na hashtag #EducaçãoPositiva, vídeos com o tema têm feito sucesso no TikTok
Créditos da foto: Divulgação/ @crisevictoria.correa @marinabaldin
“Você prefere me dar um presente hoje ou daqui a uma semana?”. Em vídeos com amigos, pais ou namorados, sátiras do método conhecido como "Educação Positiva" viralizaram na rede social TikTok nos últimos meses.
O método propõe uma troca de ordens diretas de pais e educadores por perguntas. Em vez do “faça isso agora”, entra o “você prefere fazer sozinho ou quer a minha ajuda?”. Assim, a criança se sente ouvida e respeitada, e o adulto mantém o controle da situação.
Acumulando mais de 500 mil visualizações na hashtag #EducaçãoPositiva, os vídeos com o tema têm feito sucesso e reforçado a importância de validar os sentimentos das crianças, estabelecer limites e utilizar a disciplina como uma ferramenta de ensino, e não de punição.
Para entender o método, o Aratu On convidou a pedagoga Andreza Neves e a psicóloga Daniela Rita para tirar todas as dúvidas sobre o assunto.
PILARES DO MÉTODO
Segundo a psicóloga Daniela Rita, a educação positiva é uma abordagem centrada nas relações interpessoais, empatia e colaboração entre pais e filhos.
Seus principais pilares incluem criar um ambiente seguro e afetuoso, estimular habilidades sociais e emocionais nas crianças e fortalecer as dinâmicas e relações familiares.
Tanto para Daniela quanto para a pedagoga Andreza Neves, a Educação Positiva contribui para o desenvolvimento emocional das crianças, especialmente ao considerar a autoestima, a inteligência emocional e a habilidade de lidar com as frustrações.
Ao contrário das abordagens tradicionais que se baseiam em punições, a Educação Positiva se diferencia por valorizar o bem-estar emocional da criança.
“Ela se concentra nas forças e talentos individuais dos alunos, promovendo habilidades individuais e coletivas. Já os métodos tradicionais focam exclusivamente em cumprir currículos padronizados e avaliações de desempenho”, frisa a pedagoga.
'APANHEI E NÃO MORRI'
Educadora de crianças da faixa etária de dois a quatro anos, Andreza Neves conta que o seu maior desafio para aplicar a prática em sala de aula é enfrentar os métodos tradicionais:
“Não só para mim, mas também para os educadores que enfrentam a resistência às mudanças nos métodos tradicionais ao tentar implementar a educação positiva, tanto dos pais quanto de colegas de trabalho”.
Daniela chama atenção para alguns desses desafios, que incluem a necessidade de mudança de hábitos já existentes e muitas vezes aprendidos de forma estrutural, passados de geração para geração, baseados em uma frase comum: “Apanhei e não morri”.
“Saber lidar com expectativas culturais ou familiares que valorizam métodos mais autoritários e manter a consistência e a constância na aplicação dos princípios da educação positiva diante de situações estressantes é difícil”, admite a psicóloga. “Principalmente quando se está acostumado a um manejo mais voltado ao confronto, com brigas ou oposições”, afirma.
PESSOAS MAIS EMPÁTICAS
A urgência do método para profissionais da educação e processos cognitivos é pensar em um resultado a longo prazo, na formação de adultos mais resilientes, que consigam resolver seus problemas de forma assertiva e não se frustrem emocionalmente por isso.
“Pessoas mais empáticas, que não visam apenas o seu bem-estar, mas também o da comunidade em que vivem, estão mais preparadas para viverem sem tanta dependência emocional da validação do outro”, comenta Daniela, sobre os efeitos da Educação Positiva ao longo da vida.
Outro fenômeno surge durante o processo de implementar a prática de Educação Positiva é a Educação Permissiva, que, apesar de ser confundida com a primeira, são completamente opostas, segundo as especialistas.
EDUCAÇÃO PERMISSIVA x EDUCAÇÃO POSITIVA
Recentemente, um vídeo da professora da rede pública de São Paulo Rebeca Café viralizou nas redes sociais após ela desabafar sobre a aplicação mal sucedida do método de Educação Positiva no formato da Educação Permissiva. Nesta última, as crianças não conseguem seguir regras, ainda que estas respeitem os seus limites.
[caption id="attachment_357225" align="alignnone" width="700"] Divulgação[/caption]
Rebeca inicia o vídeo com um recado para os pais: “Está um inferno dar aula para o seu filho". A professora conta que acredita no modelo da Educação Positiva, mas diz que os responsáveis “perderam a mão”. Para ela, o que deveria ser uma infância sem traumas se tornou uma criança impossível de outra pessoa além do ciclo familiar manter um bom relacionamento baseado na troca de respeito e afetividade.
“Não dá para negociar com 30 ou 40 crianças ao mesmo tempo. Na escola, a hora do dever é a hora do dever, hora de acabar a brincadeira, ele tem que guardar o brinquedo dele, porque acabou a brincadeira”, conta Rebeca em trecho da filmagem.
A professora continua o vídeo explicando que a posição de educadora faz com que uma das suas obrigações seja tratar as crianças igualmente para que elas desenvolvam uma ideia de igualdade e de respeito ao próximo.
“A ideia que me passa é que vocês [pais], querem evitar os traumas, causando trauma em todo o resto, de professores, até colegas de sala, que são obrigados a conviver com a criança”, comenta.
Assim como Rebeca, Andreza também acredita que, para a Educação Positiva, a permissividade é uma versão que negligencia a conexão e a extensão de criar uma dinâmica de limite e cuidado prezada pelo método positivo.
Diferentemente da educação permissiva, a positividade não é sobre atender a todos os desejos, mas sim negociá-los. Se na Educação Positiva são abordadas situações como: “Maria, prefere tomar banho agora ou daqui a cinco minutos?” ou até “Você prefere guardar os brinquedos sozinho ou quer minha ajuda?”, essas são maneiras de disfarçar as regras, para que a criança as obedeça ao sentir que está tomando decisões importantes, enquanto que, na Educação Permissiva, tudo se baseia na vontade da criança.
CONFIRA O VÍDEO COMPLETO:
DICAS PARA APLICAÇÃO
O Aratu On reuniu junto à pedagoga Andreza Neves, algumas dicas para aplicar o método de Educação Positiva e evitar a tendência de permissividade. Confira:
- Elogiar esforços e pequenas conquistas;
- Ensinar à criança práticas para lidar com as frustrações;
- Dar autonomia para que resolva pequenos problemas ;
- Manter um diálogo aberto e atento;
- Ser modelo (representar comportamentos positivos para que as crianças se inspirem);
- Dar espaço para responsabilidades mínimas;
- Oferecer um ambiente acolhedor;
- Educação não deve ser focado apenas na criança, mas a partir do indivíduo.
NAS REDES
Vídeos de educação positiva estão crescendo cada vez mais nas redes, principalmente no formato humorístico. O Aratu On coletou alguns virais de sucesso nos últimos meses, para que seja possível entender como o tema vêm também sendo abordado.
Apesar do crescimento e popularidade, a educação positiva no TikTok não está isenta de críticas. As profissionais ouvidas pela reportagem reconhecem que a plataforma é excelente para introduzir assuntos, conceitos básicos, mas destacam que ela pode simplificar e até ridicularizar a Educação Positiva.
Andreza afirma que, na maioria das vezes que recebe vídeos do tema, acha "super engraçado", mas diz que também tem medo de que as pessoas tenham uma visão deturpada sobre o que de fato é a Educação Positiva.
“Ela não é uma Educação Permissiva, mas sim, uma forma de educação onde eu consiga escutar e acolher as vontades das crianças, sabendo que existem coisas negociáveis e outras inegociáveis”.
Andreza afirma que muito do que se vê nas brincadeiras sobre o tema se baseia em fazer algo no momento e na forma que a pessoa deseja — o que, no caso das crianças, significaria, nas palavras da pedagoga, “espelhar as vontades e desejos próprios no outro”.
LEIA MAIS: Autora baiana lança livro poético para crianças na Feira Literária de Mucugê
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O método propõe uma troca de ordens diretas de pais e educadores por perguntas. Em vez do “faça isso agora”, entra o “você prefere fazer sozinho ou quer a minha ajuda?”. Assim, a criança se sente ouvida e respeitada, e o adulto mantém o controle da situação.
Acumulando mais de 500 mil visualizações na hashtag #EducaçãoPositiva, os vídeos com o tema têm feito sucesso e reforçado a importância de validar os sentimentos das crianças, estabelecer limites e utilizar a disciplina como uma ferramenta de ensino, e não de punição.
Para entender o método, o Aratu On convidou a pedagoga Andreza Neves e a psicóloga Daniela Rita para tirar todas as dúvidas sobre o assunto.
PILARES DO MÉTODO
Segundo a psicóloga Daniela Rita, a educação positiva é uma abordagem centrada nas relações interpessoais, empatia e colaboração entre pais e filhos.
Seus principais pilares incluem criar um ambiente seguro e afetuoso, estimular habilidades sociais e emocionais nas crianças e fortalecer as dinâmicas e relações familiares.
Tanto para Daniela quanto para a pedagoga Andreza Neves, a Educação Positiva contribui para o desenvolvimento emocional das crianças, especialmente ao considerar a autoestima, a inteligência emocional e a habilidade de lidar com as frustrações.
Ao contrário das abordagens tradicionais que se baseiam em punições, a Educação Positiva se diferencia por valorizar o bem-estar emocional da criança.
“Ela se concentra nas forças e talentos individuais dos alunos, promovendo habilidades individuais e coletivas. Já os métodos tradicionais focam exclusivamente em cumprir currículos padronizados e avaliações de desempenho”, frisa a pedagoga.
'APANHEI E NÃO MORRI'
Educadora de crianças da faixa etária de dois a quatro anos, Andreza Neves conta que o seu maior desafio para aplicar a prática em sala de aula é enfrentar os métodos tradicionais:
“Não só para mim, mas também para os educadores que enfrentam a resistência às mudanças nos métodos tradicionais ao tentar implementar a educação positiva, tanto dos pais quanto de colegas de trabalho”.
Daniela chama atenção para alguns desses desafios, que incluem a necessidade de mudança de hábitos já existentes e muitas vezes aprendidos de forma estrutural, passados de geração para geração, baseados em uma frase comum: “Apanhei e não morri”.
“Saber lidar com expectativas culturais ou familiares que valorizam métodos mais autoritários e manter a consistência e a constância na aplicação dos princípios da educação positiva diante de situações estressantes é difícil”, admite a psicóloga. “Principalmente quando se está acostumado a um manejo mais voltado ao confronto, com brigas ou oposições”, afirma.
PESSOAS MAIS EMPÁTICAS
A urgência do método para profissionais da educação e processos cognitivos é pensar em um resultado a longo prazo, na formação de adultos mais resilientes, que consigam resolver seus problemas de forma assertiva e não se frustrem emocionalmente por isso.
“Pessoas mais empáticas, que não visam apenas o seu bem-estar, mas também o da comunidade em que vivem, estão mais preparadas para viverem sem tanta dependência emocional da validação do outro”, comenta Daniela, sobre os efeitos da Educação Positiva ao longo da vida.
Outro fenômeno surge durante o processo de implementar a prática de Educação Positiva é a Educação Permissiva, que, apesar de ser confundida com a primeira, são completamente opostas, segundo as especialistas.
EDUCAÇÃO PERMISSIVA x EDUCAÇÃO POSITIVA
Recentemente, um vídeo da professora da rede pública de São Paulo Rebeca Café viralizou nas redes sociais após ela desabafar sobre a aplicação mal sucedida do método de Educação Positiva no formato da Educação Permissiva. Nesta última, as crianças não conseguem seguir regras, ainda que estas respeitem os seus limites.
[caption id="attachment_357225" align="alignnone" width="700"] Divulgação[/caption]
Rebeca inicia o vídeo com um recado para os pais: “Está um inferno dar aula para o seu filho". A professora conta que acredita no modelo da Educação Positiva, mas diz que os responsáveis “perderam a mão”. Para ela, o que deveria ser uma infância sem traumas se tornou uma criança impossível de outra pessoa além do ciclo familiar manter um bom relacionamento baseado na troca de respeito e afetividade.
“Não dá para negociar com 30 ou 40 crianças ao mesmo tempo. Na escola, a hora do dever é a hora do dever, hora de acabar a brincadeira, ele tem que guardar o brinquedo dele, porque acabou a brincadeira”, conta Rebeca em trecho da filmagem.
A professora continua o vídeo explicando que a posição de educadora faz com que uma das suas obrigações seja tratar as crianças igualmente para que elas desenvolvam uma ideia de igualdade e de respeito ao próximo.
“A ideia que me passa é que vocês [pais], querem evitar os traumas, causando trauma em todo o resto, de professores, até colegas de sala, que são obrigados a conviver com a criança”, comenta.
Assim como Rebeca, Andreza também acredita que, para a Educação Positiva, a permissividade é uma versão que negligencia a conexão e a extensão de criar uma dinâmica de limite e cuidado prezada pelo método positivo.
Diferentemente da educação permissiva, a positividade não é sobre atender a todos os desejos, mas sim negociá-los. Se na Educação Positiva são abordadas situações como: “Maria, prefere tomar banho agora ou daqui a cinco minutos?” ou até “Você prefere guardar os brinquedos sozinho ou quer minha ajuda?”, essas são maneiras de disfarçar as regras, para que a criança as obedeça ao sentir que está tomando decisões importantes, enquanto que, na Educação Permissiva, tudo se baseia na vontade da criança.
CONFIRA O VÍDEO COMPLETO:
@profrebecacafe Recadinho para pais que aplicam educacao permissiva! #pov #trend #professoresnotiktok #educacao #fypシ #fy #maternidad #paternidade #maternidad #maternidadreal ♬ som original - Profª Rebeca Café
DICAS PARA APLICAÇÃO
O Aratu On reuniu junto à pedagoga Andreza Neves, algumas dicas para aplicar o método de Educação Positiva e evitar a tendência de permissividade. Confira:
- Elogiar esforços e pequenas conquistas;
- Ensinar à criança práticas para lidar com as frustrações;
- Dar autonomia para que resolva pequenos problemas ;
- Manter um diálogo aberto e atento;
- Ser modelo (representar comportamentos positivos para que as crianças se inspirem);
- Dar espaço para responsabilidades mínimas;
- Oferecer um ambiente acolhedor;
- Educação não deve ser focado apenas na criança, mas a partir do indivíduo.
NAS REDES
Vídeos de educação positiva estão crescendo cada vez mais nas redes, principalmente no formato humorístico. O Aratu On coletou alguns virais de sucesso nos últimos meses, para que seja possível entender como o tema vêm também sendo abordado.
@marinabaldin Respondendo a @Ingrid o que me impressiona é que a pergunta sobre o leite fora da geladeira foi real… (repostando pq caiu) #educacaopositiva #humortiktok #humor #comedia #humorcasal ♬ som original - Marina Baldin
@crisevitoria.correa #educacaopositiva #sammylee #educacaopositivasammy #educacaopositiva #aplicandoeducacaopositiva #educacaopositivanaminhamae #aplicandoeducacaopositivanaminhamae #mae #meme #humor #foryou #viral #vaiviral #educacaopositivatrend #trend #trending ♬ som original - cris e vitoria
Apesar do crescimento e popularidade, a educação positiva no TikTok não está isenta de críticas. As profissionais ouvidas pela reportagem reconhecem que a plataforma é excelente para introduzir assuntos, conceitos básicos, mas destacam que ela pode simplificar e até ridicularizar a Educação Positiva.
Andreza afirma que, na maioria das vezes que recebe vídeos do tema, acha "super engraçado", mas diz que também tem medo de que as pessoas tenham uma visão deturpada sobre o que de fato é a Educação Positiva.
“Ela não é uma Educação Permissiva, mas sim, uma forma de educação onde eu consiga escutar e acolher as vontades das crianças, sabendo que existem coisas negociáveis e outras inegociáveis”.
Andreza afirma que muito do que se vê nas brincadeiras sobre o tema se baseia em fazer algo no momento e na forma que a pessoa deseja — o que, no caso das crianças, significaria, nas palavras da pedagoga, “espelhar as vontades e desejos próprios no outro”.
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