Dia Nacional do Samba: artistas baianos destacam importância da data e compartilham memórias

Celebração em homenagem ao gênero completa 60 anos nesta segunda-feira, 2 de dezembro

Por Lucas Pereira.

Dia Nacional do Samba: artistas baianos destacam importância da data e compartilham memóriasDia do Samba foi criado em 1964. Foto: Reprodução | Ecad

“Quando se samba, todo mundo bole”, já dizia Dorival Caymmi, ao lançar a canção “Samba da Minha Terra”, em 1957, alguns anos antes da criação do Dia Nacional do Samba, celebrado em 2 de dezembro desde 1964, e que completa 60 anos em 2024. Para a data, o Aratu On conversou com dois importantes representantes do gênero, Edil Pacheco e Juliana Ribeiro, que, dentre outros pontos, refletiram sobre música, arte e influência do samba na construção da nossa sociedade.

Juliana Ribeiro e Edil Pacheco - Instagram/@julianaribeiro_oficial

O que é o Samba?

Sambistas de gerações diferentes, Juliana e Edil trazem a essência da história musical em sua formação e brincam que sempre estiveram sintonizados em uma roda de samba. 

Além de cantora e compositora, Juliana é também historiadora e pós-doutoranda em Cultura e Sociedade, e analisa que a data é uma forma de celebrar a identidade brasileira. “É uma data fundamental porque a gente tá falando do símbolo de identidade nacional. Então, quando se comemora o Dia do Samba, você comemora as próprias identidades, se comemora as nossas pertenças, as nossas coletividades, a forma de estar em roda, de cantar junto as nossas realidades através da música”, reflete. 

Instagram/@julianaribeiro_oficial

Filho de Maragogipe, no Recôncavo Baiano, berço do Samba de Roda, Edil Pacheco, que se considera um “operário e apreciador da música brasileira”, aponta que essa musicalidade pode ser definida como “a célula maior do nosso cancioneiro, que tem um magnetismo fantástico e que está aí para resistir e segue resistindo”.

Música e emoção

Questionados sobre qual a primeira lembrança que têm sobre ouvir um samba, ambos artistas trouxeram um elo em comum: o rádio como propagador da música.

“Quando morava ainda em Maragogipe, eu ouvi no rádio Jamelão cantando 'Quem Samba Fica', música dele com Tião Motorista. Ela é muito interessante, pra mim foi tudo. Então o samba é o que me cobre, quem pega não larga mais. Essa estranha e grande arritmia do samba faz o mundo levantar, nos vários cantos do nosso Brasil”

Facebook/@EdilPachecoOlori

Já Juliana Ribeiro lembra de um episódio marcante da infância, dada a particularidade fantasiosa que a música pode ter.

“A primeira memória afetiva que eu tenho sobre música foi ainda menina, indo para escola. Na Rádio Educadora tocou 'Conversa de Botequim', de Noel Rosa. O que me chamou a atenção foi ele colocar o número de telefone dentro da canção. Aquilo para mim foi fantástico. Me lembro até hoje da cena, dentro do carro, meu pai levando a gente para escola e aí Noel cantando ‘Telefone ao menos uma vez para 344333, e ordene ao seu Osório que me mande um guarda-chuva aqui pro nosso escritório’. Eu parei assim e falei: Meu Deus, pode botar número na música?. Eu achei aquilo fantástico”

Cenário do Samba

Os dois sambistas percebem, especialmente na Bahia, um fortalecimento no movimento e no surgimento de artistas ocupando espaços. Edil aponta que “o segmento do samba é o que mais cresce no Carnaval da Bahia, porque a grandeza do samba espalha a fé, é uma resistência tranquila. Basta observar a força dos blocos afro, por exemplo”, diz ele, acrescentando em tom descontraído: “No meu caso, o samba já é uma necessidade fisiológica”.

Enquanto mulher e sambista, Juliana traz o olhar para o crescimento da presença feminina na música. “As mulheres entenderam que, durante muito tempo, nas rodas, nossa presença era silenciada. Mas as mulheres se juntaram em coletivos musicais sonoros fantásticos e têm feito trabalhos fantásticos, com os vários grupos de samba femininos, as mulheres compositoras. Eu acho que isso é de uma potência muito bacana, que empodera de uma forma bonita através da arte, da música, da musicalidade”, completa.

Dia Nacional do Samba

Criado em 1964, a data já havia sido instituida na Bahia para homenagear o compositor Ary Barroso, durante a uma visita dele ao estado. Na época, o vereador baiano Luís Monteiro da Costa decidiu fazer uma homenagem ao responsável por 'Aquarela do Brasil' e que também é  autor da letra de “Na Baixa do Sapateiro”.

Já o primeiro samba gravado foi “Pelo Telefone”, em 27 de novembro de 1916, composta por Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga. Desde então, outros sucessos foram surgindo com o tempo e através de incontáveis artistas, como Alcione, Neguinho do Samba, Richão, Martinho da Vila, Bete Carvalho, Juliana Ribeiro e Edil Pacheco.

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