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'Desaparecidos': filhos procuram mãe que sumiu há 4 anos após festa de aniversário

Bete foi vista pela última vez em um aniversário, onde esteve com amigos e um suposto namorado

Por Juana Castro

'Desaparecidos': filhos procuram mãe que sumiu há 4 anos após festa de aniversárioCréditos da foto: TV Aratu

Pessoas que saíram de casa e não voltaram mais. Mães que não puderam se despedir de seus filhos. Filhos sem notícia da mãe. Nesta quarta-feira (25/10), a TV Aratu, em parceria com o Aratu On, exibe o terceiro episódio da série de reportagens "Desaparecidos - Mães sem filhos; Filhos sem mães".


"Os filhos de Bete" traz a história de uma mãe que desapareceu em 2019 e, até hoje, os seis filhos aguardam respostas.


Com texto da jornalista Lorena Dias, produção de Camila Soeiro, arte de Vivian Alecy e edição de JF Neto, a série começou na segunda-feira (23/10) e segue até quinta-feira (26/10), durante o jornal Aratu Notícias, a partir das 19h15. Cada episódio será reprisado no dia seguinte, até sexta-feira (27/10), no Bom Dia Bahia, a partir das 6h30.


Você pode assistir pela televisão, no canal 4.1, pelo aratuon.com.br/aovivo ou no Aratu On, logo após a estreia na TV.


Assista à terceira reportagem da série: 


https://youtu.be/YP6e7MAi9KY

"Muitas pessoas acham que a gente já sabe o que aconteceu com ela, porque veem que a gente sorri, que a gente brinca, mas há o sentimento dentro da gente", desabafa Cláudia de Jesus, filha mais velha de Elisabete Santana Queiroz, mais conhecida como Bete. "Não é uma perda. Há o sentimento de uma busca, de a gente querer saber", explica.


[caption id="attachment_259162" align="alignnone" width="700"] Elisabete Santana | Imagem: TV Aratu[/caption]

Elisabete desapareceu no dia 30 de maio de 2019, no Subúrbio de Salvador. Na última vez em que foi vista, estava na companhia de amigos e de um suposto namorado. Naquele ano, a família fez um protesto na Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana), 15 dias após o desaparecimento, e Cláudia deu entrevista à TV Aratu, na ocasião:


"Hoje, faz 15 dias que nossa mãe está desaparecida e não temos solução, nem resposta do poder público... não temos resposta da DPP [Delegacia de Proteção à Pessoa] e estamos aqui nessa luta".


Na mesma época, a primogênita chegou a ir aos estúdios da emissora, e fez um apelo. "A gente está desesperado. Somos seis irmãos e todos estão à procura dela. A igreja em oração e todo mundo buscando, porque todo mundo conhece minha mãe", disse. Veja abaixo:


[video width="1920" height="1080" mp4="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2023/10/filha-de-dona-bete.mp4"][/video]

No local em que antes funcionava o bar de Bete, os filhos dela se reuniram mais uma vez para conversar com a equipe de reportagem da Aratu. João dos Santos, um dos filhos, diz que estar ali não é fácil. "Dói muito relembrar. Eu tento me ocupar bastante, para não me lembrar muito, porque se torna uma coisa traumática, por dentro. É uma coisa inexplicável", afirma.


"Essa situação me deixou impotente", completa outro filho, Jair dos Santos. "Procuramos algumas autoridades, prestamos queixa, fizemos tudo, mas não houve mais um apoio. Só o inicial, mesmo, e depois parou. Somos gratos porque vocês aqui da TV Aratu têm dado esse apoio, oportunidade e atenção, mas é muito difícil, porque não temos o que fazer", acrescenta.


Sem resposta, os filhos de Bete sentem que o caso caiu no esquecimento, como pontua Joelma Queiroz, uma das irmãs. "É mais um caso, né? Infelizmente, é como se fosse um cachorro que desapareceu, morreu. Hoje em dia, a gente tem um animal e a gente busca, a gente ama... imagine uma mãe? A gente não tem resposta de nada. Dói demais", relata.


[caption id="attachment_259165" align="alignnone" width="700"] Jair, Joelma, Cláudia e João, filhos de Elisabete | Imagem: TV Aratu[/caption]

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) ouviu declarações de diversos familiares e amigos de Elisabete. Segundo o órgão, parentes mais próximos devem ser submetidos a exames de DNA para ajudar em possíveis buscas do Instituto Médico Legal (IML).


A titular da DPP, delegada Marilene Lima, garante que enquanto não há resposta, esses casos seguem em aberto. "Nós não temos um prazo específico para continuar. A gente continua investigando, entrando em contato com os familiares, sempre que possível, e fazendo novas investigações até sanar", afirma.


[caption id="attachment_259163" align="alignnone" width="700"] Delegada Marilene Lima, titular da DPP | Imagem: TV Aratu[/caption]

Mas a delegada ressalta que, quanto mais cedo uma família comunica um desaparecimento à polícia, mais chances de o caso ser resolvido: "A busca deve ser imediata. A gente não precisa esperar 24 horas. Quanto antes for feita a ocorrência, o registro, melhor para a gente encontrar os desaparecidos. Qualquer parente próximo que traga um documento que comprove o grau de parentesco pode vir fazer o registro de ocorrência do desaparecido".


Em tempos digitais, o perfil @desaparecidospcba, no Instagram, tornou-se uma importante ferramenta para auxiliar a polícia. Segundo a delegada, ela até solicita a divulgação na rede social.


Já em suas casas, ou no bar vazio, os filhos de Dona Bete seguem com esperança, apesar da dor. Joelma ainda deixa uma mensagem para quem está passando por uma situação semelhante. "Não perca a fé em Deus, porque Deus é o alicerce de tudo", inicia, acrescentando que também é preciso ter "pé no chão", pois é preciso continuar a vida. Em seguida, a filha reflete: "A gente tem que valorizar as pessoas, porque quando não estiver mais aqui, acabou".


[caption id="attachment_259160" align="alignnone" width="700"] Bete com as filhas | Imagem de arquivo pessoal cedida à TV Aratu[/caption]
[caption id="attachment_259161" align="alignnone" width="700"] Jair segura foto com a mãe | Imagem: TV Aratu[/caption]

DADOS


Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 74.061 pessoas desaparecidas em 2022, com uma média de 203 desaparecimentos diários. Desse total, 46,7% se concentram na região Sudeste, seguida do Sul, com 22,3%, e o Nordeste aparece em terceiro lugar, com 14,8% dos desaparecidos do ano passado.


A Bahia teve uma média de um desaparecimento a cada três horas. Conforme dados da Polícia Civil, foram mais de 16 mil ocorrências apenas no primeiro semestre de 2023. Por aqui, uma análise feita pelo Anuário de Segurança Pública, com relação ao perfil dos desaparecidos entre 2019 e 2021, mostrou que 65% eram homens, 51% tinham idade entre 12 e 17 anos, e 95% eram negros.


DISQUE-DENÚNCIA


Caso você tenha alguma informação sobre uma pessoa desaparecida, entre em contato com a polícia (de forma anônima, se preferir) através do número 181.


No próximo episódio vamos saber como estão os filhos de Bete, desaparecida em 2019. A titular da Delegacia de Proteção à Pessoa vai falar das investigações de desaparecimentos.


Ficha técnica da série “Desaparecidos”:
Produção: Camila Soeiro
Reportagem: Lorena Dias
Arte: Vivian Alecy
Imagens: José Sena, Raimundo Carvalho e Robson Melo
Edição: JF Neto


Veja também: Caso Davi Fiuza é relembrado em ‘Desaparecidos’, nova série da TV Aratu


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