Aratu On Explica: o que é o G20, que acontece no Brasil em 2024
G20 reúne potências econômicas para discutir temas globais; descubra o que é e como impacta o Brasil
Créditos da foto: Logo G20 - Tauan Alencar/MME
O Brasil recebe, neste mês de novembro, líderes e representantes de diversos países do mundo para a cúpula do G20, que reúne as principais potências econômicas do mundo e alguns países convidados. O evento, que vai acontecer no Rio de Janeiro, está ganhando repercussão nas redes sociais, e é isso que o Aratu On Explica hoje.
“O G20, basicamente, é a reunião anual das 20 maiores economias do mundo, criada em 1999. Inicialmente, era mais uma reunião de presidentes com seus ministros de Finanças, chefes de Bancos Centrais, e isso foi se expandindo a partir de 2008, com a crise financeira mundial”, explica o PhD em Sociologia, especialista em Relações Internacionais e consultor político Felippe Ramos.
Como citado pelo especialista, o grupo foi criado para discutir crises econômicas enfrentadas no período mas, com o passar dos anos, as discussões se expandiram para outras temáticas, como transição energética e cultura.
[caption id="attachment_397683" align="aligncenter" width="799"] Foto: Tauan Alencar/MME[/caption]
Mais do que apenas a cúpula dos chefes de Estado que, neste ano, acontece nos dias 18 e 19 de novembro, o G20 é realizado com diversos encontros ministeriais e técnicos, a exemplo do encontro da cultura, trazido para Salvador pela ministra da pasta, Margareth Menezes. Situação que é positiva para a Bahia, na opinião da analista em relações internacionais Sâmia Franco.
“É abrir espaço para as discussões estarem in loco em uma cidade que é predominantemente cultural. Para além de estar em Salvador, é uma visibilidade trazer o tema de cultura também em termos estaduais. De certa forma, criar um espaço para que os outros países do G20 reconheçam a localidade em potencial para a área de cultura”, afirmou.
+Salvador vira ‘capital mundial da cultura’ e recebe líderes mundiais tendo mudanças climáticas como foco
[caption id="attachment_397680" align="aligncenter" width="686"] Foto: Membros do G20 - Divulgação[/caption]
Apesar do nome, o G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, sendo esta última anexada ao grupo em 2023. Além disso, há países convidados que participam dos eventos e debates. Confira a lista:
MEMBROS (19+2): Brasil, Argentina, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia e União Africana.
CONVIDADOS (8): Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura.
Essa longa lista de participantes, segundo Felippe Ramos, é “uma forma de globalizar os impactos das negociações e discussões do G20 porque, trazendo essas grandes reuniões de países centrais, que é muita gente, é uma forma de ampliar os participantes e também os países observadores”.
Dados disponibilizados pelo G20 mostram a expressividade do grupo, uma vez que a soma dos membros representa:
- Aproximadamente 85% do PIB (Produto Interno Bruto) Mundial;
- Mais de 75% do Comércio Global
- 56% da População da Terra
E, afinal, qual é a real função do Grupo dos 20? Na prática, além de debater estratégias em momentos de crise, o fórum, em sua cúpula maior e durante os grupos de trabalho que acontecem ao longo do ano, serve para alinhar posicionamentos e negociações entre os membros.
“Em grupos de trabalho, em reuniões ministeriais das mais diversas possíveis, de temas diversos, nesses grupos de trabalho, são gerados documentos que vão tentar direcionar o diálogo sobre esses temas nos próximos anos. São documentos com recomendações que podem abrir espaço para criação de alianças em temas específicos, como desenvolvimento sustentável”, explica Sâmia.
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A professora ainda ressalta que o G20 não é uma organização internacional como a ONU (Organização das Nações Unidas), mas sim um fórum. Ela esclarece que, apesar de os dois se basearem na cooperação entre os participantes, há uma diferença. “Um fórum é um espaço informal em que Estados discutem temas de interesse comum. Organização internacional é uma estrutura formal composta por Estados, com sede e personalidade jurídica internacional autônoma”.
Todos os anos, um país-membro sedia o encontro do G20. Além da visibilidade por ser sede do evento em 2024, o Brasil, na condição de Presidente do G20, é responsável por orientar a agenda de debates e principais temas conversados nos encontros. Entre os chamados eixos do evento, estão:
- Combate à fome, pobreza e desigualdade;
- As três dimensões do Desenvolvimento Sustentável (Econômica, Social e Ambiental);
- Reforma da Governança Global.
Em um momento internacional marcado por tensões nas eleições norte-americanas, o conflito Rússia x Ucrânia, a situação entre Israel e a Faixa de Gaza, além do estremecimento da relação entre o Brasil e a Venezuela, a busca por consensos nos debates pode ficar mais delicada, apesar do clima na cúpula ser tranquilo.
"Apesar de ser diplomaticamente tranquila, não devemos ter grandes enfrentamentos na própria cúpula, com relação a esses temas. Por exemplo, se o Brasil quiser propor uma declaração que mencione a questão do genocídio - como o governo brasileiro já chama o genocídio na Faixa de Gaza -, provavelmente Estados Unidos e União Europeia vão bloquear uma nota desse tipo. Então é muito difícil para o Brasil articular, entre os membros do G20, uma posição de consenso sobre quaisquer elementos importantes que fujam aos temas principais citados anteriormente", revela o consultor político Felippe Ramos.
Os dois especialistas concordam que, ainda assim, essa é uma oportunidade para o governo brasileiro mostrar esse lado mediador, de neutralidade, que vêm buscando na comunidade internacional. Além disso, com esse'esvaziamento' de pautas mais delicadas, são abertos espaços para que outras temáticas ganhem visibilidade.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook, Twitter e Bluesky. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).
O QUE É G20?
“O G20, basicamente, é a reunião anual das 20 maiores economias do mundo, criada em 1999. Inicialmente, era mais uma reunião de presidentes com seus ministros de Finanças, chefes de Bancos Centrais, e isso foi se expandindo a partir de 2008, com a crise financeira mundial”, explica o PhD em Sociologia, especialista em Relações Internacionais e consultor político Felippe Ramos.
Como citado pelo especialista, o grupo foi criado para discutir crises econômicas enfrentadas no período mas, com o passar dos anos, as discussões se expandiram para outras temáticas, como transição energética e cultura.
[caption id="attachment_397683" align="aligncenter" width="799"] Foto: Tauan Alencar/MME[/caption]
Mais do que apenas a cúpula dos chefes de Estado que, neste ano, acontece nos dias 18 e 19 de novembro, o G20 é realizado com diversos encontros ministeriais e técnicos, a exemplo do encontro da cultura, trazido para Salvador pela ministra da pasta, Margareth Menezes. Situação que é positiva para a Bahia, na opinião da analista em relações internacionais Sâmia Franco.
“É abrir espaço para as discussões estarem in loco em uma cidade que é predominantemente cultural. Para além de estar em Salvador, é uma visibilidade trazer o tema de cultura também em termos estaduais. De certa forma, criar um espaço para que os outros países do G20 reconheçam a localidade em potencial para a área de cultura”, afirmou.
+Salvador vira ‘capital mundial da cultura’ e recebe líderes mundiais tendo mudanças climáticas como foco
PAÍSES PARTICIPANTES DO G20
[caption id="attachment_397680" align="aligncenter" width="686"] Foto: Membros do G20 - Divulgação[/caption]
Apesar do nome, o G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, sendo esta última anexada ao grupo em 2023. Além disso, há países convidados que participam dos eventos e debates. Confira a lista:
MEMBROS (19+2): Brasil, Argentina, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia e União Africana.
CONVIDADOS (8): Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura.
Essa longa lista de participantes, segundo Felippe Ramos, é “uma forma de globalizar os impactos das negociações e discussões do G20 porque, trazendo essas grandes reuniões de países centrais, que é muita gente, é uma forma de ampliar os participantes e também os países observadores”.
Dados disponibilizados pelo G20 mostram a expressividade do grupo, uma vez que a soma dos membros representa:
- Aproximadamente 85% do PIB (Produto Interno Bruto) Mundial;
- Mais de 75% do Comércio Global
- 56% da População da Terra
QUAL A FUNÇÃO DO G20?
E, afinal, qual é a real função do Grupo dos 20? Na prática, além de debater estratégias em momentos de crise, o fórum, em sua cúpula maior e durante os grupos de trabalho que acontecem ao longo do ano, serve para alinhar posicionamentos e negociações entre os membros.
“Em grupos de trabalho, em reuniões ministeriais das mais diversas possíveis, de temas diversos, nesses grupos de trabalho, são gerados documentos que vão tentar direcionar o diálogo sobre esses temas nos próximos anos. São documentos com recomendações que podem abrir espaço para criação de alianças em temas específicos, como desenvolvimento sustentável”, explica Sâmia.
[gallery columns="2" link="file" size="full" ids="397682,397687"]
A professora ainda ressalta que o G20 não é uma organização internacional como a ONU (Organização das Nações Unidas), mas sim um fórum. Ela esclarece que, apesar de os dois se basearem na cooperação entre os participantes, há uma diferença. “Um fórum é um espaço informal em que Estados discutem temas de interesse comum. Organização internacional é uma estrutura formal composta por Estados, com sede e personalidade jurídica internacional autônoma”.
BRASIL PRESIDENTE
Todos os anos, um país-membro sedia o encontro do G20. Além da visibilidade por ser sede do evento em 2024, o Brasil, na condição de Presidente do G20, é responsável por orientar a agenda de debates e principais temas conversados nos encontros. Entre os chamados eixos do evento, estão:
- Combate à fome, pobreza e desigualdade;
- As três dimensões do Desenvolvimento Sustentável (Econômica, Social e Ambiental);
- Reforma da Governança Global.
Em um momento internacional marcado por tensões nas eleições norte-americanas, o conflito Rússia x Ucrânia, a situação entre Israel e a Faixa de Gaza, além do estremecimento da relação entre o Brasil e a Venezuela, a busca por consensos nos debates pode ficar mais delicada, apesar do clima na cúpula ser tranquilo.
"Apesar de ser diplomaticamente tranquila, não devemos ter grandes enfrentamentos na própria cúpula, com relação a esses temas. Por exemplo, se o Brasil quiser propor uma declaração que mencione a questão do genocídio - como o governo brasileiro já chama o genocídio na Faixa de Gaza -, provavelmente Estados Unidos e União Europeia vão bloquear uma nota desse tipo. Então é muito difícil para o Brasil articular, entre os membros do G20, uma posição de consenso sobre quaisquer elementos importantes que fujam aos temas principais citados anteriormente", revela o consultor político Felippe Ramos.
Os dois especialistas concordam que, ainda assim, essa é uma oportunidade para o governo brasileiro mostrar esse lado mediador, de neutralidade, que vêm buscando na comunidade internacional. Além disso, com esse'esvaziamento' de pautas mais delicadas, são abertos espaços para que outras temáticas ganhem visibilidade.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook, Twitter e Bluesky. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).