Amor ou cilada? Como identificar se você está em um relacionamento abusivo e quais as fases dele

Nos últimos anos a discussão envolvendo relacionamentos abusivos foi consideravelmente ampliada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (ONU) Mulheres, no último ano, 243 milhões sofreram violência física, sexual ou psicológica por um parceiro íntimo e essa quantidade pode ter se intensificado durante a pandemia do coronavírus, quando casais estão confinados e, muitas vezes, isolados de amigos e familiares.

De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres sofrem, sofreram ou sofrerão relacionamentos abusivos. O Brasil atualmente é o 5° no ranking de feminicídios no mundo e isso está diretamente ligado ao tipo de relacionamento a que as mulheres estão submetidas. 

“A violência contra as mulheres é endêmica em todos os países e culturas, causando danos a milhões de mulheres e suas famílias, e foi agravada pela pandemia de Covid-19”, declarou o diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Mas, ao contrário da Covid, a violência contra as mulheres não pode ser interrompida com uma vacina. Só podemos lutar contra isso com esforços sustentados e enraizados - por governos, comunidades e indivíduos - para mudar atitudes prejudiciais, melhorar o acesso a oportunidades e serviços para mulheres e meninas e promover relacionamentos saudáveis e mutuamente respeitosos.”

O Aratu On conversou, por vídeo, com a psicóloga, especialista em terapia de casal e cognitivo comportamental, Vânia Rodrigues. Nessa entrevista você confere a definição de um relacionamento abusivo, os sinais, o perfil do abusador e como sair e superar uma relação como essa. 

O QUE É UM RELACIONAMENTO ABUSIVO

Relacionamento abusivo é aquele em que o abusador utiliza o poder para manipular, isolar, privar, violentar, controlar ou explorar a vítima. A psicóloga destaca que o comportamento abusivo pode partir tanto do homem quanto da mulher.

“A relação acaba perdendo o respeito porque tem alguém que manda e alguém que obedece. Diante disso, alguém controla a ordem física, emocional, financeira, psicológica e acaba subjugando o parceiro”, pontua a psicóloga. 

SINAIS DE UMA RELAÇÃO ABUSIVA E PERFIL DO ABUSADOR

Para a psicóloga, é muito difícil identificar os sinais logo no início, e quando a pessoa que sofre o abuso começa a reconhecer o que está acontecendo, o abusador já deixou traumas psicológicos, fazendo com a pessoa se sinta culpada por algo que ela não fez.

“O medo de ser traído e o ciúme excessivo vai fazer com que ele [o abusador] queira a pessoa só pra si, então ele vai afastar a pessoa das relações pra querer que ela viva só pra ele porque assim ele confia, controla e tem poder”. 

Já o abusador pode apresentar vários comportamentos motivados por um transtorno de personalidade ou até mesmo traumas de infância. 

CICLO DO ABUSO

Na década de 1979 a psicóloga Lenore Walker reportou que os abusos geralmente ocorrem em quatro estágios. O ciclo de quatro partes reconhece que o abuso pode envolver dano verbal, emocional ou físico.  

Fase I - Aumento da tensão

Nesse primeiro momento, o agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes (problemas familiares, no trabalho, doenças físicas, fadiga), chegando a ter acessos de raiva. Esta fase pode durar dias, semanas, meses ou anos

Fase II – Explosão e brigas

Nesta fase ocorre a explosão do agressor, ou seja, ocorre a materialização da tensão em violência verbal, física ou psicológica. 

Fase III - Arrependimento

Na fase III surgem as afirmações de mudanças, além dos pedidos de desculpas, juntamente com promessas e arrependimentos. 

Fase IV - Reconciliação e “lua de mel”

O abusador pode começar a sentir remorso, sentimentos de culpa ou temer que seu parceiro saia ou ligue para a polícia. A vítima sente dor, medo, humilhação, desrespeito, confusão e pode sentir-se equivocadamente responsável, Nesta fase o parceiro abusivo pode:

• Pedir desculpas enquanto culpa os outros


• Apontar para fatores externos para justificar seu comportamento


• Minimizar o abuso ou negar que aconteceu


• Acusar a vítima de provocá-los


• Eles podem mostrar muito remorso, garantir que isso não acontecerá novamente


• Parecer mais sintonizado com as necessidades da vítima do que o normal. 

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