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2 de Julho: a geografia das guerras travadas pela independência na Bahia

A vila que deu o primeiro grito contra a dominação portuguesa foi Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, no dia 14 de junho de 1822

Por Bruna Castelo Branco

2 de Julho: a geografia das guerras travadas pela independência na BahiaAntônio Parreiras/Praça da Aclamação, Cachoeira

Há 200 anos, após meses de batalha, a Bahia, finalmente, se tornou independente da colonização portuguesa. Por mais que o 2 de Julho tenha acontecido há dois séculos e pareça muito distante de nós, em 2023, o historiador e professor Jair Cardoso relembra: quem conquistou a nossa liberdade foram os nossos ancestrais:


"A geografia da guerra traz para nós a ideia de que alguém lutou, alguém derramou sangue, suor e lágrimas. E essas pessoas não estão distantes de nós, são os nossos ancestrais. São nossos bisavós, tataravós que, enfim, derramaram esse sangue, suas esperanças de vida... então, isso nos linka".


Ao Aratu Notícias (AN), o jornalista e historiador Jorginho Ramos completou: "Sem o 2 de julho, não haveria Brasil do jeito que é. Muitos historiadores falam que é a consolidação da independência". Este mês, a TV Aratu está exibindo uma série de reportagens sobre o bicentenário da independência do Brasil na Bahia no AN. Neste sábado (15/7), o tema do programa foi “A Bahia em Guerra”.


A vila que deu o primeiro grito contra a dominação portuguesa foi Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, no dia 14 de junho de 1822. Na Câmara Municipal, os moradores da cidade disseram que aceitavam Dom Pedro I como imperador do Brasil, independente de Portugal, mas exigiram uma Marinha e exército próprios, um Ministério da Fazenda, liberdade portuária para fazer negócios, liberdade religiosa, uma universidade, entre outros pontos.


"Depois desse protagonismo de Santo Amaro, as Câmaras do Recôncavo foram inflamadas", aponta Jair Cardoso. No total, 13 cidades baianas participaram das guerras da Independência da Bahia.


CACHOEIRA


Na cidade de Cachoeira, na Praça da Aclamação, Dom Pedro I recebeu o título de "Defensor Perpétuo do Brasil". "E isso fez com que a ira portuguesa, mais precisamente do comandante das armas portuguesas aqui na Bahia, o capitão Madeira de Melo, ordenasse que o navio de guerra português viesse de Salvador e atracasse em Cachoeira, no Rio Paraguaçu, com o intuito de intimidar esse levante popular", detalha o professor Cleydson do Rosário.


Logo, a canhoneira bombardeou a cidade e Cachoeira virou um palco de guerra. A batalha de 25 de junho de 1822, uma das pioneiras e mais importantes do processo de independência, foi vencida pelo povo do município baiano.


"Após essa nossa vitória, saímos de Cachoeira, em marcha e a cavalo, perpassando por todas as vilas do Recôncavo em batalhas ininterruptas até a chegada triunfal desse exército a Salvador, em 2 de julho de 1823, consolidando, assim, a independência da Bahia", explica Cleydson.


ITAPARICA


No dia 10 de julho de 1822, Itaparica, importante forte da Bahia, foi invadida por tropas portuguesas, que passaram a controlar o fluxo marítimo da região.


O pesquisador Augusto Albuquerque ressalta que, naquele momento, a invasão de Itaparica era um aviso aos baianos: caso outras cidades seguissem Cachoeira, poderiam cair ainda mais em mãos portuguesas. "Todos os canhões da fortaleza foram inutilizados com a finalidade de quê? Aquele ponto estratégico, aquele armamento, não caísse nas mãos dos rebeldes que já falavam de liberdade na ilha. Nesse primeiro momento, eu acho que Madeira de Melo quis mostrar, em Itaparica, aquilo que aconteceria com quem ousasse se insurgir contra as cortes de Portugal. Quiseram fazer de Itaparica uma espécie de vitrine".


Em 7 de janeiro de 1823, os moradores da ilha conseguiram expulsar os invasores, dando um pontapé para a libertação total da Bahia, como detalha o sociólogo Fábio Baldaia: "Não foi exatamente uma guerra aberta, mas uma guerra de ocupação, em que a doença assolou, em que a fome assolou. Então, controlar Itaparica envolvia, diretamente, controlar o fluxo marítimo. Não existiam estradas ou ferrovias. Quando a gente pensa em estratégia de guerra de um período de 1 ano, 1 ano e meio, essa tomada assumiu o papel de uma progressão que foi desembocada no 2 de julho. Sem o 7 de janeiro, não seria possível, muito provavelmente, a saída definitiva dos portugueses de Salvador".


A próxima reportagem especial, intitulada "A Celebração ao 2 de Julho", irá ao ar no próximo sábado (22/7), às 19h30, no Aratu Notícias.


Assista à reportagem completa:


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Apoio: Governo do Estado. “Bahia, terra da liberdade”.


Apoio institucional: Prefeitura de Salvador. “Colada com a gente!”.


LEIA MAIS: 200 anos de Independência da Bahia: como Salvador resistiu a diversas invasões ao longo da história

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