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Aratu On Explica origem de 7 tradições juninas, como quadrilha, fogueira e bandeirola

Historiador Ricardo Carvalho revelou a origem de símbolos importantes da festa e fatos históricos por trás da comemoração que é o maior símbolo da identidade nordestina

Por Flávia Alexandre

Aratu On Explica origem de 7 tradições juninas, como quadrilha, fogueira e bandeirolailustrativa/ Pexels
Anarriê, tá chegando! O São João é uma das festas mais tradicionais da Bahia e movimenta diversas cidades baianas. O festejo, comemorado no dia 24 de junho, recebe turistas de diversas regiões. No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, a festa é de origem europeia.
Para contar melhor a história do São João, Aratu On conversou com o historiador Ricardo Carvalho, que falou sobre o surgimento de símbolos importantes da festa, como a quadrilha, a fogueira e as expressões típicas da tradição, bem como os fatos históricos que estão por trás da comemoração.
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O nascimento de João, filho de Santa Isabel
"Antes de mais nada, é bom a gente lembrar que o 'dono' da festa é São João Batista e não São João Evangelista, como muitos pensam", afirmou o historiador. Batista era primo de Jesus e filho de Santa Isabel. "Devemos lembrar que foi ele que foi anunciado com uma fogueira, por isso que seu uso é tão importante no São João", explicou Ricardo.
O pesquisador explica que, na história, Santa Isabel e a prima dela, Maria, Nossa Senhora, moravam muito longe, por isso, elas combinaram que, quando João nascesse, a primeira acenderia uma fogueira e anunciaria o nascimento do filho.
A chegada das festas no Nordeste do Brasil
As festividades chegaram ao Brasil por forte influência dos Jesuítas e se expandiu rapidamente. "Como existia uma presença forte dos Jesuítas na zona litorânea do Nordeste, e depois nos sertões, a festa se espalhou de uma forma muito intensa pelo Brasil inteiro", afirmou o historiador. Segundo ele, a tradição portuguesa das bandeirolas chegou no mesmo período, junto às quadrilhas, que tem uma origem francesa.
Para além da dança típica, expressões tradicionais como 'anarriê' e 'balancê', por exemplo, também são originárias da França e acabaram sendo fortemente inseridas na cultura brasileira e, sobretudo, nordestina. "Os bailes de salão são os bailes da corte da aristocracia francesa que vão se converter nas nossas quadrilhas, essa tradição tão importante", contou Ricardo, que também comentou sobre a origem das vestimentas:
"As vestimentas são uma mistura do colorido português, com as roupas do sertanejo, como o chapéu de palha. Então, essa incorporação se deu entre uma tradição tipicamente europeia, da dança francesa, da religião portuguesa e com o sentimento fortemente sertanejo".

Comidas juninas típicas
Ainda de acordo com Ricardo, na França, a festa não fazia uma reverência somente a São João, mas, também, a uma comemoração ao solstício de verão, conhecido por ser o período das colheitas dos grãos que fazem parte do preparo da grande maioria dos quitutes típicos da época. "É por isso que todas essas festividades são ligadas ao ruralismo, ao campo".
O milho, de tradição indígena, por exemplo, é colhido em junho, em um dia próximo à data de São João. "Alguns alimentos chegaram da Europa junto da tradição da alimentação do sertanejo e criaram essa mescla riquíssima, que nos conduziu a uma das maiores festas do Brasil e o maior símbolo de identidade do Nordeste", diz o historiador.
VEJA OS SIGNIFICADOS DOS SÍMBOLOS JUNINOS
Balões:
Antigamente, a prática de soltar balões era usada para avisar aos moradores de cada região que a festa já havia começado. Hoje em dia, porém, por conta do perigo iminente, a prática se tornou proibida e agora os objetos são usados apenas com fins decorativos.
Fogos de artifício:
Toda festa junina raiz precisa de uma fogueira. Mas, você sabe como surgiu a tradição de acendê-las? Antigamente, as pessoas acreditavam que o fogo espantava os maus espíritos. Já o ato de dançar ao redor da fogueira representava um agradecimento do povo pela fartura obtida através da colheita.
Fogos de artifício:
Semelhante a uma das funções da fogueira, os fogos de artifício também eram utilizados a fim de afastar as energias negativas trazidas pelos maus espíritos da região onde os festejos aconteciam.
Bandeirolas:
A função destes adereços vai além da decoração. Quando a tradição da festa junina começou a aparecer, era costumeiro utilizar as bandeirinhas com imagens de santos, que tinham a função de proteger e abençoar a festa. Hoje em dia, elas são normalmente utilizadas como uma espécie de 'teto' no espaço onde as pessoas dançam a quadrilha.
Quadrilha:
Que atire a primeira pedra quem nunca dançou quadrilha junina na escola! Como já foi explicado antes, um dos maiores símbolos do arraiá é de origem francesa e era chamada de "quadrille” porque se dançava em quatro pares de dançarinos.
Pau de sebo:
Quer dinheiro? Sobe no pau de sebo (ou tenta)! Uma das brincadeiras mais clássicas do São João é composta por um mastro lotado de gordura. O objetivo é conseguir escalar o equipamento e pegar a premiação que fica no topo (geralmente, uma quantia de dinheiro).
Casamento caipira:
Esse é um dos grandes momentos de descontração das festas juninas, mas perdeu a sua força nos últimos tempos. A brincadeira é uma grande encenação que mostra problemas rotineiros de um casamento, como o noivo bêbedo ou o pai da noiva descobrindo que a filha está grávida. Diversos personagens fazem parte da trama e este pode ser o pontapé inicial para o início das quadrilhas.
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