MERCADO: Fora das prateleiras, ativistas investem em ‘brinquedos afirmativos’ para negros e gays
MERCADO: Fora das prateleiras, ativistas investem em ‘brinquedos afirmativos’ para negros e gays
Por Andrea Chaves.
Apesar de terem um papel fundamental contribuindo na formação das crianças, os brinquedos não retratam as diversidades. Segundo dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 53,6% da população brasileira é composta por negros e, mesmo sendo maioria no país, a falta de representatividade ainda é um problema enfrentado por pais que querem cultivar a cultura negra para seus filhos.
Pensando nisto, o Aratu Online foi conversar com fabricantes de brinquedos voltados para crianças negras e aquelas que são filhas (os) de casais homoafetivos. Além de ouvir os pais para saber das dificuldades encontradas na busca por brinquedos que referenciem suas culturas e costumes.
O MERCADO X PRODUTOS AFIRMATIVOS
Por não encontrar brinquedos que remetam a cultura africana, a empresaria baiana Georgia Nunes, criou a Amora Brinquedos Afirmativos. “Tudo começou no dia das crianças do ano passado, quando, ao ir na loja comprar bonecas pretinhas para uma ação da qual eu iria participar, eu não achei variedades. Dentre diversas bonecas que tinham no mercado eu só encontrei um tipo de boneca pretinha, que era aqueles bebezinhos, que só tem a opção de mudar a cor da fraldinha, enquanto as outras bonecas possuíam diversas possibilidades” desabafou a empresaria.
Georgia contou que elas mesma começou a confeccionar as bonecas. “Já que não dava para comprar, eu mesma iria produzir”. Em uma pesquisa realizada por ela, as bonecas de pano encontradas na internet, apelidadas de “nega maluca”, têm uns traços forçados e desproporcionais. Foi uma boneca norueguesa, chamada Tilda, que a inspirou.

A empresaria Georgia Nunes e suas bonecas
BONECAS NEGRAS X REPRESENTATIVIDADE
Para o ator do Banco de Teatro do Olodum Jorge Washington, a autoidentificação deve estar presente na formação da criança. “Aqui em casa a representatividade é fundamental, tratamos isso no dia a dia” afirmou o ator. A falta de brinquedos que representem as crianças negras, faz com os pequeninos não se reconheçam nelas. Se ela não se vê em bonecas e bonecos, afeta a autoestima da criança. Isto porque ela vai buscar outras referencias que não fazem parte da sua identidade.
O ator gravou um vídeo junto com sua filhinha a Carina Dias, de quatro anos. No vídeo ele apresenta o quarto da crianca e suas bonecas favoritas.
ASSISTA AO VÍDEO:
A estudante de letras Valdiele Lima, comentou que encontra dificuldades quando vai em busca de bonecas negras para presentear sua filha Maria Eduarda Lima, de oito anos, “andei pelo Centro de Salvador a procura de bonecas ‘pretas’ e não encontrei”. Para ela é importante o incentivo do uso dos brinquedos afirmativos, pelo fato de que ela se declara negra e passa esta auto afirmação para sua filha. “Ela tem que se ver, se identificar. Acredito que para uma criança afirmar sua identidade devemos começar com representações. Os brinquedos são os primeiros passos” disse.

A pequena Maria Eduarda Lima, 8 anos, brincando com suas bonecas negras.
Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo são os estados brasileiros que mais consomem brinquedos afirmativos – que ajudam a criança se enxerga e se autoafirma – brincando elas vão se reconhecer culturalmente, etnicamente, ou biologicamente. “Eles precisam se olhar e se ver representada ali. Autoafirmada. Valorizada. Entender que sua identidade pode – e deve – ser tão representada e respeitada como qualquer outra” explicou a Giorgia.
BONECAS HOMOAFETIVAS X PRECONCEITO
Além disso, se faz necessário inserir no aprendizado da criança assuntos relacionados a diversidade. A brincadeira é um momento de integração e, deve ser considerado muito importante para que elas aprendam a conviver com as diferenças e aceitem as pessoas da forma que são. Pablo Soares e Bruno Oliveira, é um casal homoafetivo e ajudam na criação de uma afilhada. Eles contam que tentam inserir na vida da garota de 8 anos, o respeito pelas diferenças, “Ela sabe que somos gays e buscamos brinquedos, livros e revistas que falem de nós”, explicou Bruno.

Bonecas homoafetivas
“Comprar uma boneca gay, não quer dizer que é um incentivo a homossexualidade, pelo contrário, queremos introduzir no cotidiano dessa criança que as diferenças existem e que o respeito deve existir”, finalizou Pablo.
OLHA ELAS…
São Produzidos diversos tipo de bonecas sejam elas em pano, Vinil, e Plush. Além das bonecas negras você pode encontrar um riquíssimo mix de brinquedos de impulsionam inclusão social e a diversidade humana, veja abaixo:
Onde encontrar:
www.pretapretinha.com.br
www.facebook.com/Preta-Pretinha-Bonecas
Grupo Gay da Bahia – GGB
Faça seu pedido pelo e-mail [email protected] transporte por conta do destinatário.
Amora Brinquedos Afirmativos
www.amorabonecas.com.br
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