O inquérito sobre a morte do menino Joel Conceição Castro, de 10 anos, morto durante uma operação da Polícia Militar no bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador. Foi arquivado após parecer favorável do Promotor da Justiça Ramires Tyrone de A. Carvalho.
LEIA MAIS: <a href="http://www.aratuonline.com.br/noticias/pais-de-jovens-assassinados-na-bahia-cobram-acao-de-cpi-para-esclarecer-os-casos/">Pais de jovens assassinados na Bahia cobram ação de CPI para esclarecer os casos</a>
Após seis anos, familiares do garoto recebeu uma carta comunicando o arquivamento do inquérito. O documento foi emitido pelo Ministério Publico da Bahia, no dia 31 de outubro deste ano. &#8220;Vamos recorrer! Isto é uma falta respeito conosco&#8221;, desabafou Joel Castro pai do garoto.
Em contato com o Aratu Online, o pai do Joel relatou que ficou surpreso com a resposta da justiça. &#8220;Não imaginava que iria receber uma bomba desta em plena semana do natal. Como pode, isso? Meu filho estava dentro de casa. Ele não era meliante e se fosse não merecia ser morto por ninguém&#8221;, disse.
ENTENDA O CASO
O garoto foi atingido por um tiro no rosto dentro do quarto quando se preparava para dormir. Em depoimento a polícia, o pai do  Joel contou que ele estava próximo à janela do quarto quando a bala atravessou a estrutura de madeira e o atingiu. O caso aconteceu em novembro de 2010.
De acordo com o laudo do Departamento de Perícia Técnica (DPT), os disparos que atingiram o menino foram feitos por um dos soldados da Polícia Militar. Na operação oito policiais que participaram da ação.
<div id="attachment_86322" style="width: 730px" class="wp-caption alignnone"><img class="size-full wp-image-86322" src="http://www.aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/WhatsApp-Image-2016-12-29-at-15.20.58.jpeg" alt="Documento enviado pelo MP/BA para família do menino Joel" width="720" height="1280" srcset="http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/WhatsApp-Image-2016-12-29-at-15.20.58.jpeg 720w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/WhatsApp-Image-2016-12-29-at-15.20.58-169x300.jpeg 169w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/WhatsApp-Image-2016-12-29-at-15.20.58-576x1024.jpeg 576w" sizes="(max-width: 720px) 100vw, 720px" />Documento enviado pelo MP/BA para família do menino Joel</div>

?Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel&#8230;?
Pois é, será que a festinha do ?bom Velhinho? é prejudicial a saúde? E você, já ouviu falar ou conhece alguém que quando se aproxima das festas natalinas se sente deprimido?
O Aratu Online conversou com especialista e pessoas envolvidas no assunto para esclarecer o motivo que faz com que essa doença se torne mais frequente no fim do ano.
Para muitos, este período simboliza alegria e prosperidade. Milhares de pessoas se reúnem para confraternizar e preparar para o novo ano que se inicia  Mas, existe uma pequena parcela da população que vive momentos solitários e, por conta disso, podem desenvolver depressão.
Para a psicanalista Clarissa Lago, durante o período natalino, o índice da doença associada ao suicídio é muito grande. ?Além de nós, os médicos relatam que o número de pessoas que procuram um profissional de saúde cresce nessas datas. A maioria sofre infartos&#8221;, explicou a psicanalista.
OBRIGAÇÃO DE CELEBRAR
?Ter que presentear ou ir a festas só para obter reconhecimento social, numa determinada época do ano, é constrangedor, porque se você não participa as outras pessoas te encaram com uma antissocial?,  desabafa a contabilista Ana Paula Fontes.
Muitos consideram as festas de final de ano como um dos momentos de maior tristeza. Isto porque, o pesar pela morte de um ente querido, a perda de um emprego, uma separação ou doença podem significar grandes mudanças.
?Eu perdi meu pai e minha mãe numa noite de natal. Eles estavam vindo para casa da minha avó para celebrar o Natal junto com a família. No caminho houve uma acidente de carro e eles morreram?, relembra
<div id="attachment_84319" style="width: 980px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-84319 size-full" src="http://www.aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/930c35c3dcf2cc8976593cd20b5c2dea_XL.jpg" alt="930c35c3dcf2cc8976593cd20b5c2dea_xl" width="970" height="554" srcset="http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/930c35c3dcf2cc8976593cd20b5c2dea_XL.jpg 970w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/930c35c3dcf2cc8976593cd20b5c2dea_XL-300x171.jpg 300w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/12/930c35c3dcf2cc8976593cd20b5c2dea_XL-768x439.jpg 768w" sizes="(max-width: 970px) 100vw, 970px" />A OMS aponta que na noite do dia 24 de dezembro, o numero de tentativas de homicidios aumenta em relação aos outros dias do ano.</div>
DEPRESSÃO MATA?
Segundo a psicanalista, o Brasil é considerado o 8º país no mundo no ranking do índice de suicídios. Hoje em dia pesquisas comprovam que o suicídio mata mais pessoas do que o vírus HIV. &#8220;Assunto é muito delicado, parece que nessa época do ano &#8211; ocasião das festas familiares &#8211; esmurra em nossos consultório; parece que essas taxas se potencializam&#8221;, disse a especialista.
Segundo o Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio (Neps), pelo menos três em cada dez pessoas tentam o suicídio na Bahia. E a maioria das tentativas são de pessoas jovens.
&#8220;Na época de festas de fim de ano, esse número aumenta. Só em dezembro, o número de ligações recebidas pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pessoas com comportamento suicida, em Salvador, aumentam 40%.&#8221;, explicou.
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Uma pesquisa realizada durante o mês de novembro deste ano, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, revelou dados assustadores. De acordo com relatos das entrevistadas, cerca de 40% das mulheres que sofrem violência doméstica no Brasil são evangélicas.
Pesquisadores colheram depoimentos de mulheres que já sofreram agressões físicas ou verbais de seus companheiros. E constataram que quase a maioria dos agressores são &#8220;crentes&#8221;. Hoje a população feminina no Brasil, já ultrapassou 103 milhões de mulheres, conforme Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
EM NOME DE DEUS
Segundo a pesquisa, as vítimas se sentem coagidas por seus lideres religiosos e não denunciam seus maridos. &#8220;É propagado dentro das igrejas que as mulheres devem submissão a seus esposos, eles são &#8216;o cabeça&#8217; e, por isso a ultima palavra será a dele&#8221; , disse uma evangélica que não quis ser identificada.
A dona de casa Maria Francisca,  de 56 anos, foi vítima de agressões durante muitos anos. Segundo ela, seu marido ocupava um cargo na igreja e por causa disto ela omitiu as violências que passou.
?Se seu marido a agrediu, o que você deve fazer é lutar contra as ?investidas do demônio&#8217;. Essa é a orientação que o líder religioso ensina aos fies da igreja?, denunciou Maria Francisca.
Para Camila Froes, de 27 anos, o hábito de não denunciar é resultante a uma lavagem cerebral. Segundo ela, essa cegueira espiritual faz com que as vítimas se calem diante dos males vividos por elas. &#8220;Cristo veio ao mundo para pregar o amor e, em nenhuma das suas citações bíblicas ele incentivou o ódio&#8221; desabafou a jovem que foi ex-mulher pastor.
O vídeo abaixo mostra um pastor que foi preso por espancar a esposa, confira:
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Já, o pastor Ubiraçy Tavares acredita que, é possível que a existência dessas condutas dentro das igrejas, &#8220;40% é um número muito elevado. Quase a metade das vítimas que sofreram agressões são &#8216;crentes&#8217;? Meu Deus, precisamos reverter esse quadro&#8221;, disse.
A LEI A FAVOR DA MULHER
A delegada Heleneci Souza Nascimento, titular da DEAM/Brotas, explicou que não tem esses dados, mas que toda mulher deve procurar uma unidade policial e realizar o Boletim de Ocorrência (B.O), em caso de qualquer tipo de violência.
&#8220;A vítima pode dar queixa e realizar os procedimentos de exames de corpo de delito em qualquer delegacia, ressaltou a delegada. A titular acrescentou ainda que, as DEAMs não funcionam 24h, &#8220;as vítimas fazem a ocorrência após isso, elas devem procurar a delegacia especializada em violência doméstica?, acrescentou a delegada.
COMO DENUNCIAR A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Através do Disque 180, qualquer pessoa pode acionar a polícia, neste canal de atendimento o usuário receberá apoio e orientações. A denúncia é direconada para uma Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), conforme o estado.
A DEAM fica responsável para encaminhar a vítima para realização de exames de corpo delito e dará o acolhimento e abrigo sigiloso se houver necessidade, conforme determinado na Lei Maria da Penha.
O município que não tem uma unidade da DEAM a vítima pode procurar qualquer delegacia comum. Lá ela deve ter prioridade no atendimento. Se for uma tentativa de homicídio, a vítima também pode ligar para 190.
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Pare, pense e responda.
Se você avistar um negro vestido de branco nas ruas, o que pensa?
É ?macumbeiro? ou &#8220;médico&#8221;? Por mais absurdo que esta segunda pergunta possa soar não se espante em saber que, sempre haverá alguém, para cravar a primeira opção. Esta realidade é encarrada, diariamente, por negros que vivem ainda sob o peso do racismo mesmo ocupando posições de destaque social nas mais diversas áreas possíveis.
Segundo a enfermeira Leila Rocha, 31 anos, certo dia, estava de plantão no Hospital Ana Nery. Ela cuidava de um paciente quando o acompanhante do mesmo pediu para falar com &#8220;uma enfermeira&#8221;.
?Eu disse ao jovem que eu era a enfermeira responsável pelo caso. Sem pensar duas vezes, de imediato, ele disse que eu não poderia ser enfermeira porque sou negra?, diz Leila, com a voz engasgada ao relembrar o constrangimento.
<div id="attachment_83043" style="width: 730px" class="wp-caption alignnone"><img class="wp-image-83043 size-full" src="http://www.aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/WhatsApp-Image-2016-11-25-at-09.17.00.jpeg" alt="whatsapp-image-2016-11-25-at-09-17-00" width="720" height="405" srcset="http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/WhatsApp-Image-2016-11-25-at-09.17.00.jpeg 720w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/WhatsApp-Image-2016-11-25-at-09.17.00-300x169.jpeg 300w" sizes="(max-width: 720px) 100vw, 720px" />Enfermeira Leila Rocha, 31 anos, enfrentou preconceito para se estabelecer na profissão</div>
A cantora baiana Juliana Ribeiro conta que também já passou por diversas situações semelhantes. &#8220;Fui discriminada durante uma abordagem policial em um show de reggae aqui em Salvador. Os policiais me trataram como se fosse uma criminosa. Abriram minha bolsa e jogaram meus pertences no chão&#8221;, relembra.
<div id="attachment_83044" style="width: 742px" class="wp-caption alignnone"><img class="wp-image-83044" src="http://www.aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Juliana-Ribeiro-1024x680.jpg" alt="Cantora Juliana Ribeiro" width="732" height="486" srcset="http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Juliana-Ribeiro-1024x680.jpg 1024w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Juliana-Ribeiro-300x200.jpg 300w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Juliana-Ribeiro-768x510.jpg 768w" sizes="(max-width: 732px) 100vw, 732px" />Cantora Juliana Ribeiro narra episódio de racismo institucionalizado pela polícia</div>
&#8220;O racismo é tão forte que ele existe até entre os pretos&#8221;, diz o rapper carioca MV Bill.
O cantor explica o porque do uso do termo &#8220;pretos&#8221;  ao invés do convencional &#8220;negro&#8221;. Segundo ele, esta palavra tem uma conotação que carrega a herança da escravidão.
Bill conta, que encontrou no rap a superação para enfrentar os ataques de racismo que sofreu na vida. Junto com a cantora Juliana Ribeiro, gravou um vídeo incentivando os jovens a &#8220;invadir&#8221; os espaços em que negros e pobres foram excluídos.
Outra que participa desta gravação é a pequena MC Soffia, de apenas 11 anos. Como toda criança de sua idade, Soffia gosta de brincar, vai à escola, mas tem na música uma arma para se defender.
&#8220;Eu carrego a consciência que a vida é difícil para quem nasce negro neste país&#8221;, explica, no auge da sua pouca idade.
A atitude de MC Soffia mostra que não existe idade para falar sobre racismo e empoderamento feminino. &#8220;Eu gosto do meu cabelo e assumo a minha identidade como negra. Eu sou linda!&#8221;, ressalta, radiante.
Assista o vídeo de incentivo feito por artistas para as vítimas de racismo:
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FAMA E ANONIMATO
Para o Mestre e Professor acadêmico Diego Luz, o racismo está inserido na vida do negro independente da posição social que ele tenha. &#8220;Sou filho de professores da rede federal e, sempre estudei em escolas particulares. Mas mesmo assim o racismo me perseguiu&#8221;, conta.
&#8220;As pessoas se iludem muito com o meio artístico, quem nos vê televisão acha que está tudo muito bem, mas isso é uma mentira. O brancos nos aceitam em papeis de segundo escalão para depois dizer que o racismo não existe&#8221;, grita a atriz Neusa Borges.
Ela explica que desigualdade se torna pior quando, além de ter a pele escura, se é também mulher neste país. &#8220;É um absurdo uma atriz ganhar 40% a menos que os homens&#8221;, lamenta.
Aos 61 anos de carreira, Neusa Borges diz que existe um embranquecimento mental em alguns negros. &#8220;Eles mudam completamente quando chegam na TV. A postura é outra&#8221;, desabafa.
Neusa afirma, que não gosta da palavra &#8220;afrodescendente&#8221;. Segundo ela, é uma forma que o negro inventou para não assumir que é de fato que é &#8220;preto&#8221;.
Veja no vídeo desabafo da atriz:
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/MOxO2Bks5M0" width="560" height="315" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Agora, pare, pense e responda.
Se você avistar um negro vestido de branco nas ruas, o que pensa?
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Aos 59 anos, o cantor Lazzo Matumbi, receberá na próxima terca-feira (22/11), a Comenda Senador Abdias Nascimento. Militante, Lazzo traçou sua vida artística repleta de poesia e lirismo. Com 30 anos de carreira e uma voz potente, ele é conhecido também por sua discografia repleta de sucessos e com participações especiais em discos de cantores consagrados, como Jimmy Cliff nos anos 90.
Indicado pela senadora Lídice da Mata. Este título é entregue anualmente a personalidades que tenham contribuído, de forma relevante, para a proteção e promoção da cultura afro-brasileira. Em uma entrevista ao Aratu Online, o artista falou sobre a indicação do título e o atual cenário político. Leia.
Aratu Online: De acordo com dados divulgados pelo Mapa da Violência, o número de negros vítimas de arma de fogo é 90% maior do que de brancos mortos pelo mesmo crime. Acredita que isso é a materialização do racismo na sociedade?
Lazzo Matumbi: Sim. E isto é consequência de uma sociedade hipócrita que nega o racismo, mas que o estabelece a todo momento quando nos ataca e/ou nos matam.
Aratu Online: Você foi indicado para receber a Comenda Abdias Nascimento na então gestão da ex-presidenta Dilma Russeff. Hoje, com o governo nas mãos do presidente Michel Temer, ainda vai receber a honraria? Ou pensa em recusá-la?
Lazzo Matumbi: Sim, eu vou aceitar por respeito ao grande líder Abdias Nascimento que para mim é um ídolo. Será um imenso prazer receber esta Comenda que leva o nome dele. Independente de quem esteja na gestão, até  porque, recusar seria o mesmo que virar as costas para tudo o que conquistamos, inclusive este título.
Aratu Online: Como vê o engajamento de artistas negros neste momento do país? Acha que falta maior unidade e consciência para se posicionar politicamente?
Lazzo Matumbi: Evidente que sim. Não existe unidade nos discursos. Falta muita &#8220;gente&#8221; se posicionar. E se eles não posicionarem politicamente acabam não sendo ninguém. Porque as pessoas não sabem o que ele pensa, defende, ou seja, a sociedade não vai respeita-lo.
Aratu Online: O ano de 2016 no Brasil foi marcado por diversas manifestações que colocaram em evidência os descontentamentos. Como você avalia essa situação para população negra?
Lazzo Matumbi: Mesmo a população negra tendo alguns governantes sensibilizados com as nossas demandas, ainda não temos um Brasil justo ou democrático. Independente do governo &#8216;A&#8217; ou &#8216;B&#8217; os negros são desprivilegiados e, por isso não paramos de lutar até que haja uma sociedade igualitária e justa.
Aratu Online: Novembro é considerado o &#8220;mês Negro&#8221; atividades são promovidas para expor as demandas da população afro brasileira. Como você avalia o atual cenário?
Lazzo Matunbi: O que eu vejo é uma falta compromisso não só por parte dos nossos governantes, mas de toda sociedade civil. É um avanço termos conseguido comemorar o &#8220;novembro Negro&#8221;, mas o correto seria que todos os meses do ano fossem para os negros, indígenas e os brancos. Não podemos nos limitar de reivindicar nossos direitos somente nesta data. A luta deve ser constante e diária.
Aratu Online: Recentemente você comentou a ida da Luislinda Valois para SEPPIR a convite do atual presidente Michel Temer. Como avalia essa questão?
Lazzo Matumbi: Veja bem, cada um tem o direito escolher de que lado vai ficar. Se o governo que se &#8220;estabeleceu&#8221; não dialoga conosco e nem com as nossas demandas, então vejo razão para apoia-lo.
Aratu Online: A Bahia mesmo sendo a considerada a &#8220;Roma Negra&#8221; os adeptos das religiões de matrizes africanas ainda sofrem discriminação. Qual sua relação com a religião?
Lazzo Matumbi: A minha relação é de puro respeito e satisfação as manifestação de cultos das religiões de matrizes africanas. São formas de lutas e resistências. O grande problemas é  que muitos não sabem quem fomos ou somos, desconhece suas identidades e acabam reproduzindo o discurso de ódio e intolerância.  Muitos de nós &#8211; não todos &#8211; ainda somos escravos do racismo mental que ocorreu depois de uma lavagem cerebral durante e após a todo esse processo de escravidão.
Aratu Online: Sabemos da sua militância e que você utiliza a música para combater o racismo. Para você como é a receptividade de artistas negros na esfera cultural?
Lazzo Matumbi: Generalizando, vivemos numa política provinciana, onde o olhar para cultura ainda tem um déficit muito grande. Precisamos seriedade com relação as outras culturas não tão tradicionais. Se o artista tem a preocupação de expor as nossas queixas usando a música ou a arte, lógico que a grande mídia não dará visibilidade para ele. É por isso que não temos espaço.
Aratu Online: E o carnaval? Como avalia a participação de artistas negros na atual configuração da festa?
Lazzo Matumbi: O Carnaval é uma síntese de uma discussão para o ano inteiro. Isso porque os cantores negros não aprenderam a gerir suas culturas e acabam se tornando refém de uma elite hipócrita que não consegue entender e respeitar os valores do afro brasileiro. O carnaval baiano é divido em duas sociedades: a dos ricos e a dos pobres, onde a polícia, que o objeto de repressão do estado, está lá para punir aqueles que em muitas das vezes são as vítimas de um sistema falido criado pela omissão da sociedade.
Aratu Online: Falando de música, tem algum projeto engatilhado?
Lazzo Matumbi: Eu estou com um projeto intitulados como &#8220;Jeito de ser&#8221;. A segunda edição será no dia (27/11), no Museu de Arte Moderna (MAM), a partir das 16h. Para dividir o palco comigo, o cantor Dão e Roberto Mendes. A partir das 14h haverá uma feira de artesanato com produtos que remetem a cultura negra.
Aratu Online: Para finalizar, você sugere algum nome que você considere importante para fazer parte da próxima edição da Comenda Abdias Nascimento?
Lazzo Matumbi: Eu poderia falar inúmeros nomes dentre elas: Luíza Bairros, Vilma Reis, Mãe Stela e outras. Na verdade, eu tenho muita gente para indicar, mas eu vou parar de listar para não esquecer de ninguém. Risos.
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O fanatismo religioso representa um dos problemas mais delicados no Brasil. Isso porque uma guerra se estabeleceu em nome da fé.
Considerado um país laico &#8212; ou seja, onde o estado não possui uma religião oficial &#8212; a intolerância religiosa violou a Constituição da República Federativa do Brasil, que em seu art. 5º, inciso VI, diz que: &#8220;é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias&#8221;.
LEIA MAIS: <a href="http://www.aratuonline.com.br/noticias/intolerancia-religiosa-pai-de-santo-e-morto-na-porta-do-terreiro-em-eunapolis/">INTOLERÂNCIA RELIGIOSA?: ?Pai de santo? é morto na porta do terreiro em Eunapolis</a>
De acordo com o Professor Adelson de Brito, da Casa de Azansu (Omolu), em Salvador, esta realidade é paradoxal, porque todas as religiões de matriz africana no mundo reverenciam o estado baiano.
&#8221; A Bahia é considerada a Roma Negra. A intolerância religiosa foi uma ferramenta criada pela igreja católica, afim de desarticular a identidade do negro. Recentemente, os neo-pentecostais se apoderaram para descaracterizar o real sentido da religião&#8221;, aponta.
Para o professor, o afro-brasileiro não conhece os elementos que compõe suas culturas e valores. Segundo ele, este é o principal problema. &#8220;Desprovidos desses conhecimentos ele se torna uma vítima frágil e fácil de ataques dos evangélicos que reproduzem o discurso de ódio&#8221;, explica.
<img class="aligncenter size-full wp-image-81908" src="http://www.aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/dsc00280.jpg" alt="dsc00280" width="631" height="338" srcset="http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/dsc00280.jpg 631w, http://aratuonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/dsc00280-300x161.jpg 300w" sizes="(max-width: 631px) 100vw, 631px" />
DEMONIZAÇÃO DOS ORIXÁS
Taiane Lima, adepta do Yle Omin Dólar, conta que enfrenta dificuldades para se relacionar com vizinhos e familiares. &#8220;Antes, eu era obrigada a esconder que sou do candomblé, porque na minha casa todos são evangélicos e não aceitaram a minha escolha&#8221;, diz.
Ela relatou ainda que, para participar das festas no terreiro, era necessário mentir porque na época era menor de idade e dependia da autorização dos pais para sair.
Segundo Taiane, certa vez em sua casa, enquanto dormia, a mãe dela jogou uma água &#8216;ungida&#8217; dizendo que ia libertá-la dos demônios que a oprimia.
&#8220;Sempre fui hostilizada e, sofro por ver as pessoas demonizando a minha religião&#8221;, disse. 
Hoje, ela é mãe de um menino de três anos, que é considerado um &#8216;Abicun&#8217; &#8211; quando todo o processo de catulação é realizado ainda ventre da mãe &#8211; e a principal preocupação dela são com os ataques dos intolerantes.
Pastor evangélico fala sobre a Intolerância religiosa, assista ao vídeo:
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OUTRO LADO
Para o pastor Hilario dos Reis, o cristianismo não persegue o candomblecista.
&#8220;Amamos todos, abominamos a práticas deles. Porque a Bíblia nos orienta no segundo mandamento escrito por Moisés, nós devemos amar uns aos outros&#8221;. De acordo com o evangélico, os cultos aos deuses e os sacrifícios com os animais são condenados por Deus. E que os adeptos das religiões de matrizes africanas não aceitam isto e desrespeitam os mandamentos bíblicos.
Com o sincretismo religioso estabelecidos pelos cristãos católicos,  foi possível cultuar as divindades do candomblé, mas não contribuiu para a liberdade ao culto.
&#8220;A intolerância foi criada para preparar a mente do negro para aceitar a escravidão, uma prévia análise sobre os sermões do padre Antonio Vieira, conclui-se que é o sofrimento aqui (na Terra) é para se beneficiar posteriormente. Ou seja,  ser escravo aqui para ser salvo e ir para o céu&#8221;, diz o sacerdote Mavó da Casa de Azansu.
OS ORIXÁS SÃO DEUSES OU DEMÔNIOS?
A demonização do candomblé trouxe consequências graves para sociedade. O caso &#8220;Mãe Gilda&#8221; conhecido internacionalmente aponta uma ação de intolerância religiosa praticada pela Igreja Universal do Reino de Deus contra a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos &#8211; a Mãe Gilda &#8211; fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé localizado na região da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã, em Salvador.
De acordo com sua filha biológica, a também ialorixá Jaciara Ribeiro ou simplesmente &#8220;mãe Jaciara&#8221;, o terreiro da &#8220;Mãe Gilda&#8221;, foi invadido duas vezes por evangélicos da igreja Assembleia de Deus. 
&#8220;Certa vez minha mãe estava aqui no terreiro atendendo os moradores da comunidade e adeptos de outros estados, quando assembleianos invadiram a casa e, um deles arremessou uma Bíblia três vezes na cabeça da &#8220;Mãe Gilda&#8221;.
No vídeo abaixo Mãe Jaciara relembra o caso, assista ao vídeo:
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Em outubro de 1999, o jornal &#8216;Folha Universal&#8217;, da Igreja Universal, publicou uma fotografia associada a uma reportagem sobre charlatanismo, cujo o título: ?Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes?.
Na imagem, Mãe Gilda aparece com uma tarja preta nos olhos. No ano seguinte, Mãe Gilda sofreu um infarto. Ela morreu no dia 21 de janeiro de 2000.
A data foi deferida pela Presidência da República, em 2007, como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Instituída pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007,  evocando o dia do falecimento da Iyalorixá.
LEIA MAIS: <a href="http://www.aratuonline.com.br/noticias/intolerancia-religiosa-motorista-diz-a-adepta-do-candomble-que-nao-carrega-macumbeira/">INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: Motorista diz a adepta do Candomblé que não carrega ?macumbeira?</a>
De acordo com Mãe Jaciara, não existe delegacia especifica para os casos de intolerância religiosa. A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), orienta as vitimas a denunciarem através do Disque 100 ou à Ouvidoria da SEPPIR, pelo e-mail ouvidoria@seppir.gov.br, além do telefone (61) 2025-7000.
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