'Era para estar rico': apesar de sucesso, Gerônimo comenta situação financeira

Aos 72 anos, Gerônimo Santana carrega no repertório canções que ajudaram a definir a baianidade musical, mas não o mesmo retorno financeiro que muitos imaginam. Em entrevista ao programa Linha de Frente, da TV Aratu, o cantor e compositor refletiu sobre sua trajetória, os desafios da profissão e a vida simples que leva, mesmo após décadas de sucesso.

“Era para eu estar rico, gostaria muito de ter uma lancha de 18 pés. Morar em uma casa muito grande para ter meus cachorros, meus bichos. Mas a vida me leva como eu vou. Não tenho receio de nada, porque quando eu invoco de querer uma coisa, eu vendo até jornal, picolé… já vendi até jornal para comprar trompete”, contou o artista.

'Era para estar rico': apesar de sucesso, Gerônimo comenta situação financeira

Gerônimo também falou sobre a facilidade em compor, talento que diz ter desenvolvido com Armandinho. Segundo ele, consegue “sentar e compor de uma vez só” — e brinca que a inspiração vem ainda mais rápido “quando dizem você vai ganhar tanto”, em referência a contratos fechados.

Questionado se consegue manter sua qualidade de vida apenas com direitos autorais, o cantor respondeu que vive de forma estável, mas gostaria de ter conquistado mais conforto.

“Eu estou sempre na cabeceira da pista aguardando decolar. Graças a Deus algumas músicas minhas fizeram sucesso no passado e fazem até hoje. O que me dá para sobreviver”, disse.

Fiel às matrizes africanas que sempre nortearam suas composições, Gerônimo mantém viva a essência que o consagrou em obras como “É d’Oxum”, “Eu Sou Negão” e “Lambada da Delícia”. Apesar de não ter enriquecido com sua arte, o artista segue como um dos pilares da música baiana — e prova que, para ele, o verdadeiro valor está na permanência de sua obra.

Sua última obra, em parceria com a TV Aratu, celebra os festejos populares. O jingle foi assinado junto com os produtores Raonir Braz e Pedro Cafezeiro, conhecido como Kafé. A música, "Tradição que se Renova", antes interpretado por Lazzo Matumbi, agora ganha nova voz de Gerônimo.

O cantor e compositor Gerônimo lançou um novo formato das suas canções, com o musicbook que reúne os clássicos da sua carreira. 

Com produção de Rowney Scott e prefácio de Gil Vicente Tavares, o musicbook é uma realização da Escola de Música da Ufba e está disponível para download gratuito neste link. O e-book contém as partituras de todas as músicas de Gerônimo, abrangendo todos os instrumentos presentes nas suas composições, o que o torna uma valiosa ferramenta de estudo e preservação da Música Popular Brasileira.

Ao Aratu On, Gerônimo já criticou ao fenômeno da “supersexualização”: “Hoje, a música baiana tem bons artistas, mas também tem compositores que precisavam pelo menos ter o primeiro grau para discernir a linguagem poética. A cultura da bunda é predominante. O que me preocupa é: depois da bunda, vamos pra onde?”