Haddad atrela má avaliação da economia à desinformação: 'desafio de comunicação'
Segundo o ministro da Fazenda, oposição "protofascista" atua nas redes sociais para "minar" as instituições e o estado brasileiro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (12/7) que a má avaliação do desempenho da economia está atrelado à "desinformação" nas redes sociais e atestou que, hoje, o governo federal tem um "desafio comunicacional".
"O que eu vejo em rede social é muito sério, muito sério, porque não bate com a realidade. Então tem aí um desafio de comunicação que não é fácil de superar, um desafio importante", disse. "Temos uma oposição que realmente atua para minar as instituições, os dados oficiais, do estado brasileiro, e eles atuam diuturnamente nas redes sociais. Eu nunca vi um negócio desse, é uma prática protofascista mesmo, não tem outra palavra", continuou.
A avaliação foi feita durante sabatina no 19° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que acontece essa semana em São Paulo. O ministro respondia à jornalista Miriam Leitão sobre o descolamento entre os índices econômicos e avaliação da economia pelos brasileiros segundo as últimas pesquisas.
Na última pesquisa da Quaest, divulgada na quarta-feira (10), 36% dos entrevistados avaliaram que a situação econômica do Brasil piorou nos últimos 12 meses, ante 28% que acreditam que melhorou.
"Eu penso que nós temos um desafio comunicacional hoje, porque quando você pergunta se a pessoa está melhor do que o ano passado ou retrasado, ela diz que está. Quando você pergunta se a economia está melhor, ela diz que não necessariamente — metade diz que tá e metade diz que não tá", completou o ministro da Fazenda.
RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DOS ESTADOS
Questionado pela jornalista do SBT, Nathalia Fruet, sobre a proposta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para renegociar dívidas dos estados com a União, Haddad afirmou que o projeto apresentado precisa passar por uma revisão.
O projeto a ser apresentado prevê a possibilidade de os estados entregarem ativos que possuam, para pagarem a dívida. Além disso, o texto promove uma mudança em relação aos juros das dívidas. Atualmente, elas são corrigidas pelo IPCA mais 4% de juros ao ano. O projeto prevê que, dos 4%, 1% poderá ser perdoado se o estado entregar como pagamento e amortização os seus ativos num percentual de 10% a 20% do valor da dívida. Se entregar mais de 20%, haverá um abatimento de 2% dos juros. "Ou seja, um abatimento e um perdão mesmo de 50% do valor dos juros", pontuou Pacheco ao apresentar o projeto.
Na avaliação de Haddad, a mudança em relação aos juros é "insustentável".
"O que eu penso, é que 4% de juro real em cima do IPCA é realmente insustentável, porque a arrecadação não cresce 4% ao ano e, hoje, o indexidador da dívida dos estados é IPCA+4", afirmou e continuou: "Eu entendo o pleito dos governadores, mas você não pode cobrir a cabeça e descobrir o pé. Você tem que fazer um jogo que acomode as contas estaduais sem prejudicar as contas nacionais"
Ainda segundo o ministro, o presidente do Senado concordou em abrir a possibilidade de uma revisão do texto. "Nós combinamos de tentar sentar junto ao relator para ajustar o texto, inclusive porque o texto apresentado tem um impacto primário imediato nas contas primárias do govenro federal, fora a questão da trajetória da divida", disse.
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