Ao Aratu On, "Nenhum de Nós" avalia relação com Salvador e o rock em tempos de TikTok
Perguntados se os rockeiros hoje vão precisar fazer dancinhas de TikTok, os integrantes do "Nenhum de Nós" comentaram que o caminho não é bem esse
Um dos grupos mais queridos do pop/rock nacional nos anos 1980 e 1990, os gaúchos do Nenhum de Nós se apresentaram nesta quinta-feira (30/3) no programa Cidade Aratu, da TV Aratu. Com quase 37 anos de carreira, o conjunto formado por Thedy Corrêa (vocal), Veco Marques (guitarra), Carlos Stein (guitarra), Sady Homrich (bateria) e João Vicenti (teclados e acordeon) acumula sucessos como “Camila” e “O Astronauta de Mármore”.
A banda vai se apresentar nesta sexta-feira (31/3) na Concha Acústica do Teatro Castro Alves ao lado do grupo carioca Biquini Cavadão, no evento Rock Festival. Os ingressos estão à venda no Sympla.
Em entrevista exclusiva ao Aratu On, Thedy, Veco e Stein falaram um pouco sobre a carreira, a relação do grupo com Salvador e também o cenário do rock brasileiro atualmente.
ARATU ON: Vocês fizeram o primeiro show na Concha Acústica do TCA em 1989 e voltaram a tocar aqui em outras oportunidades. Como é essa relação de vocês, um grupo de rock gaúcho em um estado forte por outros ritmos, como axé e pagode?
THEDY: A gente se apresentou aqui na Concha e em outra apresentação, bem depois dessa. Foi aí que percebemos que temos um público bastante bom aqui em Salvador. Foi nessa época também que a gente estreitou os laços com alguns músicos daqui, em especial o Fábio Cascadura, que acabou se tornando parceiro nosso em algumas outras músicas. Isso é legal, por ser uma banda do sul trocando figurinhas com um músico importante daqui. É claro que a história da música baiana nos influencia até hoje. Caetano, Gil...
ARATU ON: Vocês fazem parte de uma época de ouro do rock nacional e, de lá até aqui, outros ritmos passaram a ocupar um espaço de destaque na mídia, como sertanejo e o funk, fazendo com que o rock ficasse um pouco à margem. Como vocês avaliam isso?
VECO: O rock segue com seu eterno público. Na verdade, não dá para confundir o público que segue as tendências, com o que é fiel. Essa geração de ouro segue colocando muita gente nos eventos, lotando todos os shows. Ficou o legado, de um texto legal, associado a uma baita música, coisa que hoje em dia esses fenômenos são muito rápidos, mas com uma pobreza melódica ou poética, e o rock brasileiro conseguiu juntar o melhor dos mundos. É bom até que o rock fique um pouco à margem dessas tendências que passam como uma onda, e a gente segue ali fazendo nosso serviço. O Nenhum de Nós está com 36 anos de banda, ininterruptos, eventualmente surfando uma onda mais alta, outra mais baixa, mas sempre dentro do mar.
Da esquerda para a direita: Veco, João, Carlos (meio), Sady e Thedy
ARATU ON: Em épocas de rápida viralização com hits mais dançantes, como o rock pode voltar a ganhar mais destaque? Os rockeiros vão ter que fazer dancinhas?
CARLOS: Eu acho que é justamente o contrário, o pessoal que gosta de rock dá um grande valor para autenticidade, o rock não surfa muito nessas ondas de mercado, tem um lado meio cabeça dura. Eu acredito que a tendência é o movimento continuar mais ou menos do mesmo jeito. As pessoas vão se deslocando, mas eu acredito que o estilo tende a permanecer do mesmo jeito.
VECO: Eu tenho uma filha pré-adolescente que tem migrado dessas dancinhas de TikTok para outras coisas. Esses dias, no carro, tocou uma música dos anos 80 e ela disse que adorava a canção. Eu perguntei de onde ela conhecia: ‘do TikTok’, ela respondeu. Ou seja, tem dado uma aproximada com essa geração.
ARATU ON: Para finalizar, vocês têm mais de três décadas de estrada, com canções autorais e regravações de sucesso. Tem alguma fórmula para o sucesso? Como que faz para alcançar isso?
THEDY: Eu acho que hoje mudou um pouco essa noção de sucesso. Quando a gente estourou ‘Camila’, por exemplo, tocou direto por mais de um ano, massivamente. Hoje, o sucesso, necessariamente, ocupa pouco espaço dentro da mídia, porque é a exigência do mercado, o revezamento é muito grande. Então, a obra tem que ser o sucesso, a consistência da carreira é o que sustenta. Artista que vem, que consegue só um sucesso, faz com que a grande fonte de receita, que é o show, dure pouco. Se não consegue manter isso por três meses, já tem uma queda de público.
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