TUDO DE BOM: Existe uma banda de Israel que canta funk em português. E nós entrevistamos!
TUDO DE BOM: Existe uma banda de Israel que canta funk em português. E nós entrevistamos!
Hayom chagogim kmo be’emetza ha’favela,
Atzanlu omrim sh’beseder v’etzlam omrim
she’Tudo Tudo Bom!
Se você só entendeu uma ou duas palavras deste trecho da música “Tudo Bom”, da dupla de Israel Static e Ben-El Tavori, a gente explica. Trata-se de uma letra que mistura palavras em português numa canção em hebraico sobre um rapaz israelense encantado por uma moça brasileira.
A música ganhou o mundo desde que foi lançada, no dia 4 de junho.
Para se ter uma noção, enquanto a população de Israel conta com cerca de 8 milhões de pessoas, o vídeo do clipe já passa de 25 milhões de visualizações no YouTube. São mais de três vezes a população do país.
As referências à cultura brasileira na música vão além das palavras em português (como favela, São Paulo e caipirinha).
No clipe, que ostenta uma estética de luxo exótico à la Jogos Vorazes, há a presença de berimbaus, batucadas e até de um “me dá um samba!” mais para o final.
O sucesso do ‘funk israelense’ fez com que a dupla, que desde o final de 2015 é amada pelos jovens do país, visitasse a embaixada brasileira em Tel-Aviv. O convite partiu do embaixador Paulo César Meira de Vasconcelos, que não entendia porque toda vez que descobriam sua nacionalidade lhe cantavam o refrão da música.
“Conectar pessoas de diferentes culturas através da música é uma das coisas mais bonitas que se pode fazer”, disse Static, na ocasião. Ele já namorou uma brasileira por um período e especula-se que tenha sido filho de brasileiros (o artista foi adotado no final dos anos 1980 por uma família de Israel, época em que um bom número de casais israelenses assumiam a guarda de órfãos ilegalmente no Brasil).
VEJA VÍDEO:
Além disso, durante a Copa do Mundo de 2002, Static e Ben-El Tavori torciam pela seleção brasileira, à época comandada por Felipão. Static, inclusive, pretendeu fazer a famoso corte de cabelo “Cascão” de Ronaldo Fenômeno, mas foi proibido pelos seus pais.
LEIA MAIS: PERFIL: Aos 80, Tom Zé inaugura exposição e contraria lógica cartesiana. O tempo não existe
No Brasil, a existência da banda veio por meio do youtuber Felipe Neto, que achou o vídeo da música por acaso entre os mais vistos ao redor do mundo e o apresentou ao público brasileiro. A partir daí, criou-se um laço forte entre a dupla e os fãs no Brasil, fazendo com que legendas em português surgissem em todos os seus vídeos e que houvesse a necessidade de acionar profissionais de comunicação para atuar diretamente por aqui.
A música ganhou até uma coreografia do grupo baiano FitDance.
PING-PONG:
O Aratu Online entrevistou a dupla por e-mail. Na conversa, em inglês, Static e Ben-El Tavori falaram mais sobre sua relação com o Brasil e sobre os planos para o futuro.
Confira!
Sua música, “Tudo Bom”, foi vista mais de 25 milhões de vezes no YouTube e é um grande hit em Israel. A cultura brasileira é popular por aí?
Sim, a cultura do Brasil é muito popular e a gente a considera muito parecida com a de Israel. A energia de Tel-Aviv é como a do Rio de Janeiro. No coração da cidade, tem praia, sol e gente bonita dançando e bebendo cerveja. Os israelenses são também calorosos e alegres como os brasileiros, temos um grande litoral e as meninas daqui são bonitas como as brasileiras. Por aqui também tem muitos estúdios que ensinam samba, capoeira e forró.
Static, você revelou à mídia que talvez seja brasileiro. A sua origem pode ter sido a razão pela qual você fez a música desse jeito?
Sou adotado e nunca escondi isso, então as pessoas costumam dizer que eu pareço ser brasileiro. Daí sempre sonhei em ser brasileiro. Como nunca fui atrás dos meus arquivos de adoção, jamais soube de onde sou, mas o Brasil sempre esteve próximo de mim e a produção de “Tudo Bom” foi como o fim de um ciclo para mim.
“Tudo bom” é “hacol beseder” em hebraico e tem basicamente o mesmo significado. Tudo está bom, não importa o que aconteça, e não importa o que aconteça tudo vai estar bom. Essa foi nossa inspiração.
Na sessão de comentários no YouTube, muitos fãs brasileiros declararam que “o Brasil ama Israel”. Vocês esperavam pela atenção do público brasileiro durante este processo?
No início de tudo, nossa ideia era fazer essa música para a audiência local. Porém, conforme íamos ao estúdio e todos os músicos brasileiros iam gravar suas partes, recebemos muitos elogios pela música e entendemos que o ritmo dela era algo universal e poderia funcionar bem no Brasil.
Além da possível origem familiar do Static, com quais elementos da cultura brasileira vocês estão mais envolvidos? Há algum artista do Brasil que vocês gostem?
Gostamos muito de Ivete Sangalo! A energia que ela exala é algo fenomenal! Também adoramos Anitta, Ludmila, MC Kevinho e vários outros.
Vocês planejam fazer algo a mais relacionado à música brasileira?
Não temos certeza ainda de qual nossa próxima música vai ser, mas certamente nosso romance com a música brasileira está muito longe de acabar.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo e conteúdos exclusivos no www.aratuonline.com.br/aovivo, na página facebook.com/aratuonline.