Cidadania

A pandemia de Covid-19 e a desigualdade social no Brasil

Professor Bira
Colunista On: Professor BiraProfessor, geógrafo e palestrante sobre a realidade social brasileira
A pandemia de Covid-19 e a desigualdade social no Brasil

Crédito da foto: arquivo/Wilson Dias/Agência Brasil

 



A nossa coluna de hoje é sobre pandemia de Covid-19 e a desigualdade social no Brasil. É preciso compreender e fazer algumas perguntas:


- Quem são os sujeitos que mais sofrem?

- Quem são os sujeitos que mais morrem?


Se a Covid foi "democrática" ao chegar, no final... não. A letalidade demarca quem são esses sujeitos.


Então, precisamos compreender um pouco da história do Brasil... Que os indígenas foram escravizados e sofrem o genocídio até os dias de hoje. É preciso compreender que os oriundos de África, os negros, não foram incluídos, também, na pauta do estado brasileiro. Os processos de escravização e dizimação indígena, e de escravização dos negros coloca esses sujeitos na pauta preferencial da letalidade dessa doença.


Isso ocorre porque, quando acontece o processo de abolição da escravatura no Brasil, o Estado brasileiro não inclui o negro nas pauta da educação, saúde e habitação, principalmente. Os indígenas também não são incluídos. Então eles ficam à margem do processo social e econômico. Não têm casa, não têm saúde e nem educação. Aí vão se amontoando nos grandes centros urbanos após o processo de industrialização do país, morando nas favelas, nos mocambos, nas palafitas. Aí vem um grande detalhe: qual a medida mais eficaz. além da utilização de máscara, para combater a pandemia? O distanciamento social. Mas como distanciar se muitas dessas pessoas moram em casas de até um cômodo? 


A democracia, do ponto de vista da Covid-19, ao chegar, não é a mesma do ponto de vista do cotidiano. Uma doença que torna necessário ter água para lavar as mãos, e essas pessoas, em sua grande maioria, não têm acesso a esse recurso. Então, observem que, a mortandade¹ - e isso é dito pelos dados estatísticos - é muito maior com negros e indígenas.


É preciso criarmos políticas públicas para enfrentar, de forma consistente, a desigualdade social e econômica no nosso país. A pandemia só fez escancarar esse processo. E a educação, como eu sempre digo, é um grande meio de você fazer com que os sujeitos se emancipem, com que participem da "fatia do bolo". Não é só crescer economicamente. É preciso desenvolver. E desenvolvimento vem com educação de qualidade, vem para incluir esses sujeitos nas suas pautas democráticas, na participação política. Isso é cidadania pura. Cidadania não é só ter RG, CPF e título de eleitor. Ela é necessária para uma boa prática e para uma boa educação.


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Mortandade¹: número expressivo de mortes


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Professor Bira

Professor Bira

Figura conhecida em Salvador, Ubiraci Carlucio, o Professor Bira, é geógrafo, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Mestre em Educação pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), além de professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Bahia.

Com mais de 20 anos em experiência em salas de aula, já lecionou em pelo menos 40 instituições, incluindo as redes pública e privada de ensino de Salvador e de interiores da Bahia. Professor Bira também realiza palestras para levar conhecimento da realidade social brasileira para os alunos de escolas públicas, ONGs, associações e sindicatos.

Em suas redes sociais, ele conta, através de imagens, a história de alguns bairros de Salvador.

Instagram: @professorbira

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