Errei. E agora? Por que as pessoas têm dificuldade de admitir erros?
As pessoas têm dificuldade de admitir que erraram porque confundem erro com falta de valor. Quando o erro vira ameaça à identidade, a gente escolhe se defender, não se responsabilizar. Ninguém ensinou a gente a reparar, só a sentir culpa ou a fingir que nada aconteceu. É por isso que tanta gente ainda se comunica por indireta, cobrança e drama silencioso. Não falta amor, falta recurso interno para assumir o erro com maturidade emocional, falar do que sente de forma consciente e lidar com o próprio erro.
A primeira coisa que eu quero te dizer é que: você não estraga uma relação quando erra, você estraga quando finge que não errou.
A gente aprendeu umas coisas bem equivocadas sobre erro, por exemplo:
“Se a pessoa te ama, ela tem que saber que errou.”
“Se eu admitir que errei, vou perder a razão.”
“Melhor sumir um tempo, aí a poeira baixa.”
“Vou postar uma indireta, se servir pra alguém, que sirva.”
E aí: em vez de conversar, a pessoa começa a testar o outro, fazer joguinho, silêncio e tortura emocional. Tudo isso é vendido como maturidade. Mas não é. É gente adulta lidando com erro de forma infantil: ou se esconde, ou ataca, ou faz cena.
Por que as pessoas têm dificuldade em admitir que erraram? Admitir um erro mexe em tudo que o ego usa para se sentir seguro. Vamos por partes? O quarto motivo eu considero a cereja do bolo.
1. Primeiro, vergonha. A maioria não diferencia: “Errei” (fiz algo ruim) de “Sou um erro” (eu sou ruim). Quando a pessoa associa o erro à sua identidade, admitir que errou é quase dizer: “Eu não presto. Eu sou o problema.”
Dói demais. Então o que essa pessoa faz? Se justifica sem parar, minimiza, rebate, muda de assunto ou ataca de volta. Isso é defesa, não maturidade.
2. Segundo, medo de perder. Por trás de “não fiz nada demais”, geralmente tem medo de: perder admiração (“vão me achar fraca”); perder controle da situação (“se eu admitir, vou virar a vilã da história”); perder o vínculo (“se eu erro, as pessoas vão embora”).
A mente faz a conta assim: admitir erro = perder valor. Então ela tenta provar que estava certa a qualquer custo. Segura até o fim, mesmo muitas vezes sabendo que está errada.
E a raiz disso pode estar em ter tido uma:
3. Educação que pune erro, não que ensina com o erro. A pessoa cresceu convivendo com: errou? Castigo; questionou adulto? Falta de respeito; pediu desculpa? Humilhação.
Resultado: um adulto que associa pedir perdão a se rebaixar; acha que reconhecer erro é “se colocar por baixo”; prefere sumir, virar estátua ou fazer piada para desviar o foco.
Se ninguém ensinou essa pessoa a reparar, o cérebro só conhece duas saídas: ou eu nego, ou eu desmorono. E muitas vezes a pessoa só percebe depois que já passou do limite.
E agora, a cereja do bolo.
4. Falta de vocabulário emocional.
Muita gente simplesmente não sabe dizer: “Eu errei”, “Eu exagerei”, “Eu fui duro demais com você”, “Eu estava com medo / com ciúmes / me sentindo pequeno”. Como isso não foi treinado, o que aparece é: ironia, indireta, silêncio, drama, cara fechada.
Então se pergunte: feriu um limite ou um acordo que vocês já tinham? Passou por cima, falou de um jeito que desrespeita? Você se pega pensando: “Não precisava ter falado assim”? Você precisou justificar demais por dentro? Quanto mais você pensa “eu tô certo, eu tô certo”, mais o seu corpo sabe que você passou do ponto.
Tudo isso pode indicar que houve erro. Não é “sincericídio”, não é “isso é meu jeito”. É só um jeito que você aprendeu pra se defender.
Agora, fiquem atentos: não é erro dizer “não” com respeito; ter opinião diferente; precisar de espaço e falar isso; colocar limite
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On
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