A moda reforça sua identidade própria ou te ajuda a se camuflar?
Foto: ilustrativa/Pexels
Eu lembro que, quando criança, odiava quando me vestiam igual às minhas primas. Principalmente quando a roupa não tinha a ver com a minha personalidade. Inconscientemente, eu rejeitava essa movimentação da família, comandada por quatro mulheres irmãs, que se viam nas filhas e projetavam nelas esse pertencimento.
Eu queria ser eu! Mas criança nos anos 80 não tinha muito suas vontades respeitadas, não é mesmo? Cresci dizendo que odiava me vestir como “par de jarro”, mas não entendia o porquê.
Hoje, adulta, trabalhando como consultora e estudiosa da moda eu entendo que peças de roupas podem te destacar em um grupo ou te camuflar. Se você se veste da mesma maneira que a sua bolha isso pode significar que você está em sintonia com este grupo ou que você espera ser aceito por ele, sem confrontá-lo.
Não é difícil vermos por aí exemplos de identificação. Quando, por exemplo, uma pessoa pública começa a se vestir de acordo com o que seu público espera, para ser melhor aceito e consumido, ela se torna mais relevante entre os seus fã, com isso tem vantagens. Não é só o artista que influencia os seus seguidores, também tem características de quem admira que são adotadas de forma pensada e proposital.
Não podemos esquecer também que em uma sociedade capitalista e classicista as pessoas que se vestem com o objetivo de demonstrar seu sucesso financeiro tem maior admiração. Seja esse sucesso real ou não. Aprofundando mais um pouco, buscando as ciências sociais e a psicologia, vamos entender que a importância enxergar em quem admira essa imagem de sucesso é de como ter a esperança da possibilidade de acensão para si. Algo vendido pelo sistema como possível é natural.
Precisamos ter cuidado para não cair na armadilha de não se vestir de si para agradar ao outro. Isso pode até ser possível a curto prazo, mas a longo prazo se torna insustentável. É como colocar uma máscara e não conseguir mais retirá-la. Perde-se a identidade genuína.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.