Jovem acusado de furto em shopping de Salvador sofre racismo e tentativa de sequestro, denuncia professor; "chamaram meninos de 'pretos favelados'"
Ainda de acordo com Yuri Carlton, foi dentro de uma sala no shopping que foram proferidas as primeiras ameaças.
Três jovens sofreram racismo e uma tentativa de sequestro após serem acusados de furto dentro Salvador Shopping. A denúncia foi feita pelo líder de um projeto que ensina artes marciais à crianças e adolescentes de Salvador. Por meio de um vídeo publicado no Instagram no último domingo (30/1), Yuri Carlton expôs toda a situação.
De acordo com ele, a primeira acusação aconteceu no dia 19 de janeiro, dentro do empreendimento, localizado no Caminho das Árvores. "Habitualmente, os meninos vivem vendendo água para custear os campeonatos que eles participam. Foi o meio que eles encontraram. Esse sonho é possível", detalhou o professor.
Nesta terça-feira (1/2), Carlton garantiu, durante entrevista ao Aratu On, que o trio não furtou no empreendimento. "[Os garotos] estão no projeto há mais de 10 anos. Possuem excelente índole e não furtaram nada. Eles me veem como pai. Na arte social não existe roubar. Sabe que, se isso acontecer, 'eles [jovens] vão tomar pau".
Ainda de acordo com Yuri, foi dentro de uma sala no shopping que foram proferidas as primeiras ameaças. "Esses indivíduos, não sei por qual razão, chamaram os meninos de 'preto favelado', que preto não deve ter sonho, que tinha que pegar arma para trocar tiros com eles, que, se encontrassem na rua, iriam matá-los", denunciou, ainda no vídeo.
Nove dias após a primeira ocorrência, os supostos seguranças teriam perseguido os garotos - que também vendem água em semáforos do bairro do Imbuí, justamente para custear as despesas de campeonatos -.
"Para nossa surpresa, no dia 28, eles [seguranças] vieram no Imbuí e, no sábado, voltaram com outros dois dentro de uma viatura tentando colocar um garoto à força", ressaltou.
O garoto em questão é um adolescente de 14 anos, que foi salvo de ser colocado dentro de um Ford Ká, de cor preta, por um adulto que acompanhava a ação. Os suspeitos alegavam que levariam o menino para uma delegacia. A reportagem do Aratu On apurou que o Ká é particular, não sendo viatura oficial do Governo da Bahia.
A Polícia Militar foi acionada e, então, os homens se identificaram, ainda de acordo com o professor. Um é agente penitenciário, enquanto os outros dois são seguranças.
O Aratu On procurou a assessoria de imprensa do Salvador Shopping para comentar o ocorrido. Por nota, o empreendimento se colocou à disposição da Polícia Civil e disse que os suspeitos não trabalham para o shopping. O caso foi registrado, pelo professor e seus alunos, na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e Adolescente (DERRCA).
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA:
A administração do empreendimento está apurando o fato e já entrou em contato com os integrantes do Projeto Boa Luta para entender melhor a grave denúncia. Até este momento, todas as informações levantadas apontam para uma ocorrência que não teve participação de colaboradores do quadro do shopping. Todas as informações serão enviadas para a Polícia para apuração dos responsáveis. O empreendimento segue à disposição das autoridades para elucidação do caso e reafirma que não compactua com atos de racismo.
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