Advogado da família de homem morto no metrô questiona presença de drogas: 'Os seguranças que entregaram à polícia'
O caso aconteceu no dia 6 de janeiro, nos arredores da Estação Acesso Norte, localizado na Rótula do Abacaxi, em Salvador
Advogados da família do porteiro Edmar Santos Costa Moreira, de 38 anos, morto após uma abordagem de seguranças da CCR Metrô, contestam a versão da Polícia Militar de que a vítima estaria portando cocaína.
"Foram os seguranças da CCR Metrô que entregaram essa mochila à polícia. A gente não sabe se ela foi aberta, como ela foi conduzida, se colocaram ou retiraram coisas dessa mochila... a gente não tem essa informação, então, a gente não pode acreditar que essa droga era mesmo de Edmar", detalha o advogado Dielson Monteiro, que defende a família da vítima ao lado do advogado Pedro Fernandes. A Polícia Civil, porém, não fala em mochila — segundo a corporação, o homem estaria com duas porções de cocaína nos bolsos.
Monteiro também refuta o argumento de que Edmar pode ter morrido por overdose e não por conta da abordagem dos seguranças da CCR.
"Uma overdose não se dá daquela forma. Ele ali, naquele momento, não estava utilizando nenhuma droga. O único capaz de informar se ele estava sob utilização de drogas ou não é o laudo pericial". Aratu On entrou em contato com o Departamento de Polícia Técnica (DPT), que não deu previsão de quando o documento será concluído.
Segundo Monteiro, o sentimento da família é de indignação. O caso aconteceu no dia 6 de janeiro, nos arredores da Estação Acesso Norte, localizado na Rótula do Abacaxi, em Salvador. Toda a operação foi captada por vídeo de segurança e está sob investigação da Polícia Civil.
Nas imagens, é possível o momento em que Edmar foi levado por dois agentes, que pressionaram seu corpo contra chão e o imobilizaram. Alguns passageiros questionaram a atitude dos seguranças, mas foram rechaçados por um dos funcionários da empresa. Em certo momento, Edmar ficou inerte. Mais seguranças chegaram ao local e, logo depois, o homem foi retirado da estação em uma maca.
Para o advogado Dielson Monteiro, o comportamento da equipe de segurança da CCR durante a abordagem é extremamente questionável. "É possível ver que houve um excesso da segurança da CCR Metrô na abordagem. Testemunhas conversaram com a família e alertaram que Edmar falou: 'Eu estou passando mal, eu não sou ladrão'. Ele estava sendo prensado, e a família está indignada pela abordagem. Ele era um pai de família, sustentava três filhos, trabalhava".
INVESTIGAÇÃO
Em nota, a CCR Metrô informou que lamenta o falecimento de Edmar e expressou solidariedade aos familiares e amigos da vítima. Ainda segundo o documento, a entidade instaurou um procedimento interno de apuração dos acontecimentos. A CCR também disse que os agentes da empresa, ao constatarem que a vítima "tivera mal súbito", o conduziram "para a sala de APS, que conta com todos os equipamentos de reanimação e equipe treinada". Na sequência, ele foi socorrido por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Os agentes que participaram da ocorrência, de acordo com a empresa, foram afastados de suas funções até a conclusão das investigações.
Ainda segundo os advogados que atuam no caso a favor da família da vítima, nenhum órgão entrou em contato para avisar da morte de Edmar. A confirmação veio apenas 12 horas depois, quando identificaram o corpo no Instituto Médico Legal (IML).
O caso é investigado pela 2ª Delegacia Homicídios (DH/Central). Em nota, a Polícia Civil apontou que informações preliminares dão conta de que Edmar estaria envolvido em uma briga quando foi abordado pelos seguranças da CCR, e que ele estava com duas porções de cocaína nos bolsos.
A Polícia Civil ainda informou que testemunhas estão sendo ouvidas, as imagens das câmeras de segurança estão sendo analisadas e outras diligências investigativas estão sendo feitas para esclarecer a situação.
Leia a nota da CCR Metrô na íntegra:
O Metrô Bahia lamenta o falecimento do senhor Edmar Santos Costa e expressa sua solidariedade aos seus familiares e amigos. A concessionária informa que instaurou um procedimento interno de apuração dos acontecimentos na manhã de 6 de janeiro, quando agentes de atendimento e segurança da empresa foram acionados para atuar em uma ocorrência no Terminal de Ônibus Acesso Norte.
Desde o ocorrido, a empresa colabora com as autoridades na investigação dos fatos, tendo cedido a elas a integralidade das imagens de suas câmeras internas, que comprovam os seguintes fatos:
- O passageiro ingressou no terminal cambaleando e chega a cair ao chão, sendo ajudado por outras pessoas que estavam no local.
- Instantes depois, ele se envolve em uma briga com um vendedor ambulante dentro de um ônibus, sendo também agredido por terceiros.
- Ao constatar a confusão, os agentes de atendimento e segurança se dirigem ao local e contêm o passageiro, acionando, em seguida, a Polícia Militar e o SAMU.
Os agentes que participaram do atendimento desta ocorrência foram afastados de suas funções operacionais até a conclusão das investigações. A concessionária ainda esclarece que investe em um programa contínuo de capacitação e treinamentos para os seus colaboradores, com o principal objetivo de prestar um serviço de qualidade à população.
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