Brasil registra maior queda no número de nascimentos em 20 anos: -5,8%

Queda no número de nascimentos reflete mudanças culturais e envelhecimento da população, diz especialista

Por Júlia Naomi.

O Brasil registrou a maior de queda no número de nascimentos dos últimos anos. A marca, de -5,8%, supera o recorde anterior, de -5,1% entre 2015 e 2016. Os dados são da pesquisa Estatística e Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (10).

Brasil teve pouco mais de 2,38 milhões de nascimentos em 2024. Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

A redução reflete a tendência de queda na taxa de fecundidade total do Brasil. O  número médio de filhos por mulher em idade fértil, que era de 6,28 filhos em 1960, caiu para 1,55 em 2022, de acordo com o Censo 2022 do IBGE.

Queda no número de nascimentos reflete mudanças culturais e envelhecimento da população

A pesquisa mostra que as mulheres brasileiras estão tendo filhos cada vez mais velhas. Em 2004, 51,7% dos nascimentos eram gerados por mães com até 24 anos. Passados 20 anos (2024), o percentual caiu para pouco mais de um terço (34,6%).

Além de fatores culturais como este, a queda no número de nascimentos acompanha o envelhecimento da população brasileira. Com menos mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos), o esperado é que haja menos nascimentos, segundo explicou Cintia Simões Agostinho, demógrafa e analista da pesquisa, à Agência Brasil.

Queda no número de nascimentos tem relação com envelhecimento da população, diz analista da pesquisa. Foto: Arquivo MDS

Em 2022, o índice de envelhecimento no Brasil chegou a 80, representando uma alta significativa em relação a 2010, quando o número correspondia a 44,8. A medida considera que, no ano do último Censo do IBGE, havia 80 pessoas acima de 60 anos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos, frente a 44,8 na pesquisa anterior.

Veja meses com mais nascimentos 

Em 2024, nasceram mais meninos que meninas. Para cada 100 nascidos do sexo feminino, houve 105 do masculino. Em todo o Brasil, em 2024, o mês de março teve o maior número de nascimentos (215,5 mil), seguido de maio (214,5 mil), abril (214,1) e janeiro (201,7).

Já os meses com menores nascimentos são novembro (180,2 mil) e dezembro (183,4 mil).

Na Bahia, o maior número de nascimentos ocorreu no mês de maio, seguido de março, abril, julho e junho. Assim como no cenário nacional, novembro e dezembro também são os meses com menos nascimentos.

1° Maio (14.863)

2° Março (14.827)

3° Abril (14.425)

4° Julho (13.769)

5° Junho (15.562)
...

11º Novembro (11.792)
12° Dezembro (11.909)

Registro civil

A pesquisa Estatísticas do Registro Civil também indica, 65,8 mil nascimentos de anos anteriores só foram registrados no ano passado. Dentre os 2,38 milhões de nascimentos em 2024, 88,5% foram feitos dentro do período de 15 dias e 98,9% em até 90 dias.

Foto: Marcello Casal Jr /Agência Brasil

A Lei 6.015/1973 determina que todo nascimento deve ser registrado dentro do prazo de 15 dias. Em lugares distantes mais de 30 quilômetros da sede do cartório, o prazo é de três meses. A Lei 9.534, de 1997, garante a gratuidade do registro.

Os percentuais referentes à pesquisa Estatística e Registro Civil do IBGE, que divulgou os dados brutos, foram calculados pela reportagem da Agência Brasil. Já os referentes ao Censo 2022 foram publicados no site do IBGE.

Bahia tem o 5º menor crescimento populacional do país, diz IBGE

A Bahia registrou um dos crescimentos populacionais mais baixos do Brasil entre 2024 e 2025. Com um aumento de apenas 0,1% no período, o estado teve a quinta menor taxa do país, chegando a 14,9 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O fenômeno é impulsionado pela queda populacional em 44,1% dos municípios baianos (184 cidades), um dos maiores percentuais nacionalmente. A capital, Salvador, é o exemplo mais emblemático do fenômeno. A cidade perdeu 4.724 habitantes em um ano, uma redução de 0,2%.

Foto: Bruno Concha / Secom PMS

Esse foi o maior número absoluto de perda de população entre todos os municípios do país e a taxa mais negativa entre as capitais. Apesar da queda, Salvador se mantém como a 5ª cidade mais populosa do Brasil, com 2.564.204 habitantes.

IBGE diz que população da Bahia começará a diminuir em 2035; estado terá a 4ª maior queda do país

De acordo com dados das Projeções das Populações do Brasil e Unidades da Federação 2000-2070, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) no dia 22 de agosto de 2024, a população da Bahia deve começar a diminuir a partir de 2035, devido ao baixo crescimento vegetativo, ou seja, a ocorrência de mais mortes do que nascimentos, no estado.

Estimada em 14.850.513 pessoas no dia 1° de julho de 2024, a população baiana deve chegar a seu número máximo em 2034, com 14.977.573 e reduzir discretamente no ano seguinte, para 14.977.058 pessoas em 2035. Deste ano em diante, a previsão é de queda ano a ano, até chegar a 12.823.350 pessoas em 2070, representando uma diminuição de 13,7% ao longo do período.

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