'Falta de transparência': Justiça dá prazo para Comcar apresentar documentos
Justiça determinou prazo para apresentação de documentos do Comcar, que pode pagar multa de R$ 5 mil por dia
Por Juana Castro.
O Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar) tem até terça-feira (22) para apresentar a lista de conselheiros aptos a votar na eleição marcada o mesmo dia. A decisão da 8ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, emitida nesta sexta-feira (18), prevê multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento. A medida atende a uma ação movida pela Associação dos Blocos de Salvador (ABS), que contesta a legalidade do processo eleitoral e denuncia irregularidades na composição do conselho.
Três diretores do Comcar foram surpreendidos com a entrega do mandado por um oficial de Justiça nesta sexta-feira (18). A decisão, assinada pelo juiz Pedro Rogério Castro Godinho, baseia-se no artigo 77 do Código de Processo Civil, que trata de atos atentatórios à dignidade da Justiça. O magistrado já havia determinado anteriormente a apresentação da documentação, sem que a ordem fosse cumprida.
A Justiça também exige que os documentos apresentados sejam assinados pelos órgãos municipais, estaduais e demais segmentos que integram o conselho, com o objetivo de assegurar a legitimidade da lista de votantes.
ABS diz que Comcar ignora 'exigência legal de transparência'
Segundo o advogado Fernando Aras, representante da ABS, o processo eleitoral está “contaminado pelo vício da nulidade”. Ele afirma que há conselheiros ligados a entidades ilegais e outros que não foram oficialmente indicados pelos seus respectivos órgãos. “A diretoria do Comcar insiste em ignorar a exigência legal de transparência. Esse comportamento não apenas compromete a eleição, como reforça práticas que se repetem há mais de uma década no órgão”, declarou.
A entidade pede a anulação do pleito e defende a realização de eleições limpas, com a participação legítima dos conselheiros.
Ausência de proposta do Comcar também é alvo de críticas
A ABS também criticou a postura do Comcar durante audiência pública realizada em 17 de junho pelo Ministério Público da Bahia (MPBA). O conselho não apresentou proposta de novas regras para os desfiles do Carnaval 2026, apesar de ter sido expressamente convocado para isso. O encontro, que reuniu mais de 100 representantes de entidades carnavalescas, teve seu objetivo frustrado, segundo os organizadores.
“A ausência da proposta foi deliberada. O Comcar tinha conhecimento do conteúdo da convocação e sabia que era esperado que apresentasse as regras. Essa conduta desrespeita todas as entidades que compareceram com expectativa de contribuir com o processo de revisão. A gestão atual atua de forma opaca, afastando qualquer controle social e impedindo o diálogo aberto. Isso configura, sim, imoralidade administrativa”, afirmou Fernando Aras.
A crítica da ABS recai ainda sobre o modelo de gestão do conselho, que, segundo a entidade, é mantido há mais de 15 anos por um grupo restrito. “É a repetição de um modelo fechado, concentrado nas mãos de um pequeno grupo que se reveza no comando do conselho. Um sistema hermético, que evita escuta, que rejeita o contraditório e que tenta manter privilégios à margem do debate público. Isso compromete a legitimidade e o futuro do Carnaval de Salvador”, declarou Aras.
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