O que Taylor Swift e Gilberto Gil têm em comum? Resposta chama atenção
Taylor Swift e Gilberto Gil, por meio de ação da esposa, Flora, recuperaram direitos autorais de suas músicas
Por Juana Castro.
O nome de Taylor Swift voltou a dominar as redes nesta sexta-feira (30) após a cantora anunciar a recuperação dos direitos sobre seus seis primeiros álbuns. Em comunicado, ela afirmou: “Toda a música que já fiz… agora pertence… a mim”. A conquista representa o encerramento de uma longa disputa iniciada em 2019 e marca um ponto de virada na indústria fonográfica global.
Embora a vitória de Swift tenha impacto internacional, a história encontra paralelo direto no Brasil. No final dos anos 1990, o cantor Gilberto Gil foi um dos primeiros artistas nacionais a retomar o controle total de sua obra - um feito viabilizado pela atuação da esposa e empresária, Flora Gil.
Durante sua participação no Power Trip Summit 2025, evento da revista Marie Claire realizado no Fera Palace Hotel, em Salvador, de 25 a 27 de maio, Flora compartilhou os bastidores do processo que garantiu ao baiano 100% dos direitos autorais de suas composições.
“Logo depois que eu me casei com o Gil, eu quis entender como é que funcionava a questão de direito autoral”, contou. “Eu fui vasculhando, vasculhando... [...] Falavam que eu não ia conseguir resolver isso, mas eu falava ‘acho que eu vou’.”
Flora detalhou que procurou a advogada Eny Moreira, quem lhe explicou o direito de resilição - ou seja, a possibilidade de romper contratos de edição autoral. O caminho durou sete anos, mas resultou em vitória: "A gente ganhou em todas as editoras que ele tinha espalhado”.
Segundo Flora, artistas como Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque não tinham tempo ou disposição para lidar com disputas legais. “Eles estavam querendo criar, fazer a arte. Eles não estavam querendo ir atrás de advogado para fazer isso. E eu fui fazer esse papel e esse papel deu certo.”
Hoje, toda a obra de Gil — mais de 800 músicas — está sob controle da GeGe Produções, editora fundada pelo casal. “Gil foi o primeiro artista a ter 100% da obra dele na GeGe”, afirmou Flora.
Gilberto Gil e Taylor Swift: estratégias diferentes, mas conquistas semelhantes
A história de Taylor Swift é diferente na forma, mas semelhante no objetivo. Após ter os direitos de suas gravações vendidos sem seu consentimento, ela iniciou um processo de regravação dos álbuns - as “Taylor’s Versions” - esvaziando o valor comercial dos originais e reafirmando sua autonomia.
Além das novas versões lançadas entre 2021 e 2023, Swift agora também adquiriu os direitos sobre os clipes e filmes de turnês relacionados ao período. “Sinto que isso é um passo à frente e uma mensagem para todo artista: vocês devem ser donos de si mesmos”, escreveu.
Exceções que mudam a regra
A conquista da artista norte-americana reacende o debate sobre contratos abusivos, firmados ainda no início da carreira, quando músicos muitas vezes abrem mão do controle sobre suas obras. No entanto, casos como o de Taylor Swift e Gilberto Gil apontam novos caminhos para a indústria.
Leia também: Tempo Rei: Gilberto Gil escolhe Salvador para começar 'a última turnê'
Enquanto Swift usou o peso de sua fama global para regravar e comprar o próprio catálogo, Gil se beneficiou da atuação estratégica de Flora Gil, que abriu precedentes jurídicos no país ainda pouco explorados por artistas brasileiros.
O cantor e compositor Flávio Venturini, por exemplo, comentou na publicação com a fala de Flora no Instagram da Marie Claire: "Como compositor te agradeço muito. Você foi mesmo pioneira e continua sendo um exemplo".
Leia também: Preta Gil recebe visita de Gilberto Gil em hospital em São Paulo
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).