Para o torcedor brasileiro, os tr&ecirc;s jogos da sele&ccedil;&atilde;o canarinho, &eacute; claro, s&atilde;o as principais atra&ccedil;&otilde;es da primeira fase da Copa do Mundo, que come&ccedil;a neste domingo (20/11).

Em meio &agrave;s 48 partidas da etapa de grupos do Mundial do Catar, por&eacute;m, outros encontros tamb&eacute;m merecem destaque, seja pelos personagens envolvidos ou pela rivalidade dentro e fora de campo.&nbsp; A Ag&ecirc;ncia Brasil listou sete duelos que merecem uma aten&ccedil;&atilde;o especial.

Catar x Equador 
20/11 - 13h (de Bras&iacute;lia)

Grupo A - 1&ordf; rodada

A partida no nov&iacute;ssimo Est&aacute;dio Al Bayt pode n&atilde;o reunir duas das sele&ccedil;&otilde;es das mais populares do planeta, mas ser&aacute; marcante, por abrir o 22&ordm; Mundial da hist&oacute;ria. A princ&iacute;pio, o duelo inaugural seria entre Holanda e Senegal, demais integrantes do Grupo A. Em agosto, por&eacute;m, o Conselho da Federa&ccedil;&atilde;o Internacional de Futebol (Fifa) decidiu manter a tradi&ccedil;&atilde;o, iniciada em 1950, de come&ccedil;ar a competi&ccedil;&atilde;o com o atual campe&atilde;o ou com o dono da casa em campo.

Os pa&iacute;ses anfitri&otilde;es abriram a Copa do Mundo nove vezes (1950, entre 1958 e 1970 e desde 2006) e nunca sa&iacute;ram do gramado derrotados, com seis vit&oacute;rias e tr&ecirc;s empates. Estreante, o Catar ter&aacute; a miss&atilde;o de manter a escrita. Para quebrar o tabu, o Equador ter&aacute; de repetir o que fez em 2006, &uacute;nica das tr&ecirc;s participa&ccedil;&otilde;es em Mundiais em que os sul-americanos iniciaram a campanha com vit&oacute;ria, quando bateram a Pol&ocirc;nia por 2 a 0.

Tradicionalmente, jogos de abertura n&atilde;o reservam muitos gols. A m&eacute;dia &eacute; pouco superior a dois por partida (2,16). Desde 2006, quando os donos da casa voltaram a estar nos duelos, por&eacute;m, a hist&oacute;ria tem sido diferente, com m&eacute;dia superior a quatro bolas na rede (4,25).

Argentina x Ar&aacute;bia Saudita

22/11 - 7h (de Bras&iacute;lia)

Grupo C - 1&ordf; rodada

O Est&aacute;dio Lusail ser&aacute; palco do primeiro ato da &ldquo;&uacute;ltima dan&ccedil;a&rdquo; de Lionel Messi em uma Copa do Mundo. O duelo contra a Ar&aacute;bia Saudita marca a estreia do craque argentino de 35 anos no Mundial do Catar. Ao entrar em campo, o atacante se tornar&aacute; o jogador do pa&iacute;s com mais Mundiais no curr&iacute;culo (cinco), superando o ex-volante Javier Mascherano e o &iacute;dolo Diego Armando Maradona, com quem est&aacute; empatado, todos com quatro participa&ccedil;&otilde;es.

A Copa em solo catari ser&aacute; a &uacute;ltima de Messi, segundo o pr&oacute;prio. Se participar, ao menos, dos tr&ecirc;s jogos da primeira fase, o craque se isolar&aacute; como atleta argentino com mais jogos em Mundiais. Desde a estreia, na goleada por 6 a 0 sobre S&eacute;rvia e Montenegro, na edi&ccedil;&atilde;o da Alemanha, em 2006, ele esteve em campo 18 vezes. O l&iacute;der da estat&iacute;stica &eacute; Maradona, com 20 atua&ccedil;&otilde;es.

E uma boa not&iacute;cia para os f&atilde;s do atacante: o advers&aacute;rio de estreia na &uacute;ltima Copa n&atilde;o costuma oferecer muita resist&ecirc;ncia na primeira rodada. Os sauditas nunca largaram com vit&oacute;ria em Mundiais. Em cinco participa&ccedil;&otilde;es, foram quatro derrotas e um empate. Entre os trope&ccedil;os, duas goleadas: 8 a 0 para a Alemanha, em 2002, e 5 a 0 para a R&uacute;ssia, h&aacute; quatro anos.

Fran&ccedil;a x Austr&aacute;lia 
22/11 - 16h (de Bras&iacute;lia)

Grupo D - 1&ordf; rodada

Na Copa da R&uacute;ssia, a Fran&ccedil;a iniciou a jornada que culminou no bicampeonato mundial contra a Austr&aacute;lia. Quatro anos depois, a caminhada em busca do tri come&ccedil;ar&aacute; diante do mesmo advers&aacute;rio, no Est&aacute;dio Al Janoub. Presentes na vit&oacute;ria por 2 a 1 sobre os australianos em 2018, nomes como goleiro Hugo Lloris e os atacantes Kylian Mbapp&eacute; e Antoine Griezmann estar&atilde;o novamente &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o do t&eacute;cnico Didier Deschamps.

Historicamente, as sele&ccedil;&otilde;es campe&otilde;es mundiais costumam se dar bem ao estrearem na Copa seguinte &agrave; conquista. Em 19 ocasi&otilde;es, o ent&atilde;o detentor do t&iacute;tulo venceu nove vezes. A mar&eacute;, por&eacute;m, tem mudado. No s&eacute;culo XXI, isso ocorreu somente em 2006, quando o Brasil superou a Cro&aacute;cia por 1 a 0. Em 2002, a pr&oacute;pria Fran&ccedil;a largou com derrota para Senegal, por 1 a 0. Em 2010, a It&aacute;lia empatou por 1 a 1 com o Paraguai. Em 2014, a Espanha foi atropelada pela Holanda: 5 a 1. Por fim, em 2018, a Alemanha perdeu do M&eacute;xico por 1 a 0.

Portugal x Gana 
24/11 - 13h (de Bras&iacute;lia)

Grupo H - 1&ordf; rodada

Pela quinta vez presente em uma Copa do Mundo, Cristiano Ronaldo busca se tornar o primeiro jogador a balan&ccedil;ar as redes em cinco edi&ccedil;&otilde;es seguidas, superando ningu&eacute;m menos que Pel&eacute;. O atacante portugu&ecirc;s de 37 anos inicia a persegui&ccedil;&atilde;o ao feito no Est&aacute;dio 974, diante de Gana, naquele que pode ser o &uacute;ltimo Mundial da carreira. Pode, porque ele pr&oacute;prio, ao menos, afirma que estaria apto a competir em 2026, aos 41 anos.

Nas tr&ecirc;s primeiras Copas que disputou, Ronaldo passou em branco na primeira rodada. Na &uacute;ltima, por&eacute;m, o astro brilhou, ao balan&ccedil;ar as redes tr&ecirc;s vezes no empate por 3 a 3 com a Espanha. Advers&aacute;ria da estreia em solo catari, Gana foi uma das v&iacute;timas do camisa 7 em 2014, na vit&oacute;ria portuguesa por 2 a 1 pela fase de grupos do Mundial do Brasil. Com sete gols, ele est&aacute; a dois de igualar Eus&eacute;bio, como atleta que mais marcou por Portugal na hist&oacute;ria do torneio.

Espanha x Alemanha 
27/11 - 16h (de Bras&iacute;lia)

Grupo E - 2&ordf; rodada

Com exce&ccedil;&atilde;o dos jogos envolvendo o Brasil (que, sozinho, traz consigo cinco t&iacute;tulos mundiais), nenhuma outra partida da primeira fase ter&aacute; tantas Copas em campo quanto Espanha e Alemanha. S&atilde;o cinco, sendo uma dos espanh&oacute;is (2010) e quatro dos alem&atilde;es (1954, 1974, 1990 e 2014). O duelo no Est&aacute;dio Al Bayt op&otilde;e, tamb&eacute;m, as sele&ccedil;&otilde;es com mais t&iacute;tulos europeus: tr&ecirc;s de cada lado.

N&atilde;o &eacute; a primeira vez que os rivais do Velho Continente se enfrentar&atilde;o em uma Copa do Mundo. Em 1966, na Inglaterra, as equipes duelaram pela fase de grupos, com vit&oacute;ria alem&atilde; (&agrave; &eacute;poca, Alemanha Ocidental) por 2 a 1. O placar se repetiu em 1982, pela segunda fase, mesmo com o torneio em solo espanhol.

Outro encontro se deu pela segunda rodada da edi&ccedil;&atilde;o de 1994, nos Estados Unidos, desta vez com empate por 1 a 1. O embate mais recente em um Mundial foi na semifinal de 2010, na &Aacute;frica do Sul, com triunfo da Espanha por 1 a 0.

O hist&oacute;rico de confrontos &eacute; equilibrado, com leve vantagem espanhola: s&atilde;o nove vit&oacute;rias, contra oito dos alem&atilde;es e oito empates. O &uacute;ltimo jogo, em 2020, n&atilde;o traz boas recorda&ccedil;&otilde;es aos germ&acirc;nicos, que sofreram uma goleada por 6 a 0, fora de casa, pela Liga das Na&ccedil;&otilde;es.

Ir&atilde; x Estados Unidos 
29/11 - 16h (de Bras&iacute;lia)

Grupo B - 3&ordf; rodada

O contexto geopol&iacute;tico explica o porqu&ecirc; de este ser um dos jogos mais relevantes da primeira fase. Os pa&iacute;ses vivem sob tens&atilde;o h&aacute; mais de 40 anos, desde a Revolu&ccedil;&atilde;o Isl&acirc;mica, com o rompimento das rela&ccedil;&otilde;es diplom&aacute;ticas e os Estados Unidos apoiando o Iraque na guerra contra o Ir&atilde;. Em 2015, foi firmado um acordo com pot&ecirc;ncias mundiais por meio do qual, para se livrarem das san&ccedil;&otilde;es econ&ocirc;micas, os iranianos se comprometeram a interromper seu programa nuclear. As san&ccedil;&otilde;es foram reestabelecidas pelos estadunidenses na gest&atilde;o do ex-presidente Donald Trump, em 2018. Um novo acordo &eacute; buscado desde ent&atilde;o.

Foi em meio a outro momento tenso entre as na&ccedil;&otilde;es que asi&aacute;ticos e norte-americanos estiveram frente a frente em uma Copa do Mundo. Em 1998, Ir&atilde; e EUA jogaram pela segunda rodada do Mundial da Fran&ccedil;a, em Lyon. Com gols de Hamid Estili e Mehdi Mahdavikia, os iranianos venceram por 2 a 1 (Brian McBride descontou). O temor de um jogo violento foi desfeito pelos pr&oacute;prios jogadores, que se abra&ccedil;aram e tiraram foto reunidos. Al&eacute;m disso, os atletas do Oriente M&eacute;dio distribu&iacute;ram buqu&ecirc;s de flores aos advers&aacute;rios.

Em 2022, para al&eacute;m do car&aacute;ter geopol&iacute;tico, h&aacute; a possibilidade de o jogo no Est&aacute;dio Al Thumama ser um confronto direto por vaga nas oitavas de final, por acontecer na &uacute;ltima rodada da primeira fase. Quando questionados, os t&eacute;cnicos Gregg Berhalter (dos EUA) e Dragan Skocic (do Ir&atilde;) deixam o extracampo de lado e focam o futebol.

S&eacute;rvia x Su&iacute;&ccedil;a 
02/12 - 16h (de Bras&iacute;lia)

Grupo G - 3&ordf; rodada

Rivais do Brasil na primeira fase, S&eacute;rvia e Su&iacute;&ccedil;a podem decidir, entre si, um dos classificados da chave &agrave;s oitavas de final. O embate entre eles, por&eacute;m, &eacute; outro marcado pela geopol&iacute;tica. N&atilde;o exatamente entre os pa&iacute;ses, mas envolvendo jogadores e o confronto de quatro anos atr&aacute;s, pelo Mundial da R&uacute;ssia, quando ambas as sele&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m figuraram no grupo brasileiro.

Em 2018, o atacante Xherdan Shaqiri e o volante Granit Xhaka fizeram os gols da vit&oacute;ria da Su&iacute;&ccedil;a por 2 a 1, de virada. Nas celebra&ccedil;&otilde;es, ambos cruzaram os punhos e entrela&ccedil;aram os polegares, simbolizando uma &aacute;guia. Trata-se do s&iacute;mbolo da Alb&acirc;nia, pa&iacute;s cujo grupo &eacute;tnico &eacute; maioria no Kosovo, na&ccedil;&atilde;o que declarou independ&ecirc;ncia unilateral da S&eacute;rvia em 2008. Shaqiri nasceu em territ&oacute;rio kosovar e tem pais albaneses. Xhaka &eacute; su&iacute;&ccedil;o de fam&iacute;lia kosovar-albanesa, que fugiu da regi&atilde;o em meio &agrave; guerra da antiga Iugosl&aacute;via. As comemora&ccedil;&otilde;es revoltaram os s&eacute;rvios, que alegaram provoca&ccedil;&atilde;o.

Antes das manifesta&ccedil;&otilde;es, os atletas j&aacute; vinham sendo vaiados pela torcida advers&aacute;ria (Shaqiri, que utiliza a bandeira kosovar em uma das chuteiras, principalmente). Outros jogadores su&iacute;&ccedil;os com origem ou descend&ecirc;ncia de pa&iacute;ses vinculados &agrave; Iugosl&aacute;via tamb&eacute;m foram alvo das vais, como o meia Valon Behrami (outro nascido no Kosovo), j&aacute; aposentado da sele&ccedil;&atilde;o.

As celebra&ccedil;&otilde;es repercutiram mais do que o pr&oacute;prio resultado e renderam multas financeiras aos jogadores, aplicadas pela Fifa por desrespeito ao artigo 57 do C&oacute;digo Disciplinar da entidade, que versa sobre &ldquo;comportamento contr&aacute;rio aos princ&iacute;pios do fair play em comemora&ccedil;&otilde;es de gols&rdquo;. No Catar, Xhaka e Shaqiri devem estar, novamente, frente a frente com os s&eacute;rvios, no duelo marcado para o Est&aacute;dio 974.

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