Dois homens condenados em 1966 pelo assassinato do ativista Malcolm X, um dos maiores expoentes da luta contra o racismo nos Estados Unidos, foram absolvidos na tarde desta quinta-feira (18/11) por um juiz do estado de Nova York. Muhammad A. Aziz e Khalil Islam, agora inocentes, teriam sofridos por graves erros cometidos durante a investiga&ccedil;&atilde;o do caso.

Uma investiga&ccedil;&atilde;o de 22 meses, conduzida em conjunto pelo gabinete do procurador do distrito de Manhattan, o Projeto Inoc&ecirc;ncia e o escrit&oacute;rio de David Shanies, um advogado de direitos civis, descobriu que promotores do FBI e do Departamento de Pol&iacute;cia de Nova York ocultaram as principais evid&ecirc;ncias que provavelmente teriam levado &agrave; absolvi&ccedil;&atilde;o dos homens. Segundo o jornal O Globo, os dois foram condenados com base em depoimentos conflitantes e sem nenhuma evid&ecirc;ncia f&iacute;sica.

Conhecidos na &eacute;poca como Norman 3X Butler e Thomas 15X Johnson, eles passaram d&eacute;cadas na pris&atilde;o pelo assassinato, ocorrido em 21 de fevereiro de 1965, quando tr&ecirc;s homens abriram fogo dentro de um sal&atilde;o lotado em Manhattan quando Malcolm X come&ccedil;ava a discursar. Islam foi solto em 1987 e morreu em 2009, aos 74 anos. Aziz, de 83 anos, saiu da pris&atilde;o em 1985 e permanece com vida. Um terceiro condenado, que confessou o crime, Mujahid Abdul Halim, ter&aacute; a senten&ccedil;a mantida, mas no julgamento em 1966 ele inocentou Aziz e Islam.

O promotor do caso, Cyrus Vance, pediu perd&atilde;o pelo erro. &quot;N&atilde;o podemos recuperar o que foi tirado desses homens e de suas fam&iacute;lias, mas ao corrigirmos o passado, podemos come&ccedil;ar a recuperar aquela f&eacute;&quot;, disse.

NOVOS FATOS

Os documentos sonegados &agrave; Justi&ccedil;a na &eacute;poca incluem informa&ccedil;&otilde;es que envolviam outros suspeitos e n&atilde;o apontavam para Islam e Aziz. As notas dos promotores ainda indicam que eles n&atilde;o divulgaram a presen&ccedil;a de policiais disfar&ccedil;ados no sal&atilde;o no momento do ataque. E os arquivos do Departamento de Pol&iacute;cia revelaram que um rep&oacute;rter do New York Daily News recebeu uma liga&ccedil;&atilde;o na manh&atilde; do crime indicando que Malcolm X seria assassinado.

Os investigadores tamb&eacute;m entrevistaram uma testemunha viva, conhecida apenas como J.M., que confirmou o &aacute;libi de Aziz sugerindo que ele n&atilde;o participou do crime, mas estava, como disse &agrave; &eacute;poca do julgamento, em casa cuidando de um ferimento nas pernas.

REVIS&Atilde;O

Desde o crime, diversos historiadores levantaram d&uacute;vidas sobre a vers&atilde;o oficial. Uma revis&atilde;o do caso, que foi realizada ap&oacute;s um document&aacute;rio explosivo sobre o assassinato e uma nova biografia, trouxe a investiga&ccedil;&atilde;o de novo &agrave; tona, mas n&atilde;o identificou quem os promotores agora acreditam que realmente matou Malcolm X.

Tamb&eacute;m n&atilde;o foi descoberta uma conspira&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;cia ou do governo para assassin&aacute;-lo. Outras perguntas, sobre como e por que a pol&iacute;cia e o governo federal n&atilde;o conseguiram evitar o assassinato, tamb&eacute;m ficaram sem resposta.

A investiga&ccedil;&atilde;o enfrentou s&eacute;rios obst&aacute;culos. Muitos dos envolvidos no caso, incluindo testemunhas, investigadores e advogados, bem como outros poss&iacute;veis suspeitos, morreram h&aacute; muito tempo. Documentos importantes foram perdidos e as evid&ecirc;ncias f&iacute;sicas, como armas do crime, n&atilde;o estavam mais dispon&iacute;veis.

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