Uma adolescente de 13 anos, identificada como Julia Almeida Lima, foi impedida de entrar na escola onde estuda em Salvador por estar usando roupas brancas e colares de orix&aacute;s, caracter&iacute;sticos de quem est&aacute; se iniciando na religi&atilde;o candombl&eacute;. O fato ocorreu na Escola Municipal Arx Tourinho, situada no bairro Nova Esperan&ccedil;a, na quarta-feira (21/7).

A m&atilde;e de santo de Julia, a Ialorix&aacute; Ya Ivone Maria, respons&aacute;vel pelo Terreiro Il&ecirc; Igbal&eacute; Afulel&eacute; Mej&ecirc; Oromim, localizado no bairro S&atilde;o Crist&oacute;v&atilde;o, esteve no local para explicar a diretora da unidade escolar que a garota est&aacute; passando pelo per&iacute;odo de inicia&ccedil;&atilde;o e converter a situa&ccedil;&atilde;o, mas tamb&eacute;m n&atilde;o conseguiu entrar na escola. A l&iacute;der religiosa ent&atilde;o abriu um boletim de ocorr&ecirc;ncia por&nbsp;intoler&acirc;ncia religiosa e constrangimento contra a escola.

Ya Ivone conta que J&uacute;lia est&aacute; passando por um regime religioso de 3 meses, iniciado em 5 de junho. Nesse per&iacute;odo, ela ter&aacute; que usar as vestimentas religiosas, sempre estar com o &quot;quel&ecirc;&quot; (um colar curto de mi&ccedil;angas usado por quem se inicia no candombl&eacute;) e seguir algumas regras, como n&atilde;o sentar em cadeira tradicional ou erguer demais a cabe&ccedil;a, como rever&ecirc;ncia ao orix&aacute;. Inclusive, a menina levou um banco, o apoti, para n&atilde;o ter que ficar em p&eacute;.

Segundo a mae de santo, os funcion&aacute;rios alegaram que estavam tentando proteger a garota de bullying. &quot;A m&atilde;e dela tentou falar com a diretoria, mas, com tudo isso, eles n&atilde;o deixaram nem ela, nem a m&atilde;e dela entrarem no col&eacute;gio. (...) Eles alegaram que ela n&atilde;o ia entrar porque estava com aquela vestimenta, que era para ela voltar pra casa, para os coleguinhas n&atilde;o fazerem bullying. Mas, para mim, o bullying j&aacute; come&ccedil;ou a&iacute;, da parte deles&quot;, afirma Ya Ivone em entrevista ao site UOL.

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Em nota, a Pol&iacute;cia Civil informou que o e caso foi denunciado por meio da Delegacia Digital. E que por conta disso, ser&aacute; necess&aacute;rio aguardar o encaminhamento &agrave; uma unidade territorial, para que seja iniciada a apura&ccedil;&atilde;o.

A Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Preserva&ccedil;&atilde;o da Cultura Afro Amer&iacute;ndia (AFA), denunciou o caso ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico da Bahia. Segundo o documento, a postura da escola fere a dignidade humana e &eacute; antipedag&oacute;gica.

&quot;Solicitamos apoio desta MPEGEDHERS, junto a Secretaria Municipal da Educa&ccedil;&atilde;o ( SMED), para que providencias urgentes sejam adotadas para permitir o acesso imediato da aluna a sala de aula. Evitando preju&iacute;zos no seu aprendizado, e que as suas vestimentas, intr&iacute;nsecas a sua religi&atilde;o, e que todos os novi&ccedil;os devem vestir dentro do per&iacute;odo de resguardo da inicia&ccedil;&atilde;o, seja garantindo &agrave; menor Julia Almeida, o m&iacute;nimo de dignidade humana&quot;, diz o texto.

At&eacute; o momento a Secretaria Municipal da Educa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o se pronunciou sobre o ocorrido.

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VÍDEO: Adolescente é impedida de entrar em escola por estar usando roupas de candomblé em Salvador