Uma an&aacute;lise preliminar das mensagens do celular do cabo da Pol&iacute;cia Militar, Luiz Paulo Dominguetti, que ainda est&aacute; sob per&iacute;cia, j&aacute; identificou cerca de 900 mensagens. Algumas conversas d&atilde;o&nbsp;a entender que Dominguetti negociava por dose de vacina uma comiss&atilde;o de vinte e cinco centavos de d&oacute;lar.

O aparelho havia sido apreendido pela Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito (CPI) da Covid durante o depoimento de Dominguetti, na &uacute;ltima quinta-feira (1/7). Investigadores descobriram que, no dia 10 de fevereiro, Dominguetti enviou mensagens a um contato salvo como Guilherme Filho Odilon, onde o cabo afirma que:

&quot;Vacina Astrazeneza. Valor 3 d&oacute;lares e 97 a dose&quot;. E diz: &quot;Capacidade entrega imediata. 100 milh&otilde;es de doses. Venda direto Astrazeneca.&quot;

Guilherme responde: &quot;Boa tarde, meu amigo. Ainda aguardando documenta&ccedil;&atilde;o do grupo.&quot;

E Dominguetti avisa: &quot;Ok. S&oacute; pra te posicionar, Amap&aacute; e Mato Grosso est&atilde;o comprando.&quot;

Nas conversas com Guilherme, Dominguetti tamb&eacute;m menciona o Piau&iacute;: &quot;conseguimos seis meses em contrato garantir qualquer venda no Piau&iacute; ou outro parceiro.&quot;

Al&eacute;m de &ldquo;Guilherme Odilon&rdquo;, Dominguetti trocou mensagens suspeitas com contatos nomeados como &ldquo;Haroldo&rdquo;, &ldquo;Coronel Guerra&rdquo; e &ldquo;Serafim&rdquo;. At&eacute; o momento, eles ainda n&atilde;o foram identificados. A partir do laudo da Pol&iacute;cia Civil, que ser&aacute; conclu&iacute;do esta semana, a CPI poder&aacute;&nbsp;&nbsp;desvendar se houve realmente proposta de pagamento de propina na venda de vacinas contra a Covid-19.

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A sess&atilde;o da Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito desta quinta-feira (1/7) foi bastante tumultada. Os senadores<a href="https://aratuon.com.br/linha-de-frente/noticia/politica/representante-que-denunciou-esquema-de-corrupcao-em-compra-de-vacina-contra-a-covid-19-depoe-nesta-quinta-na-cpi" target="_blank"> ouvem o representante da empresa Davati, Luiz Paulo Dominguetti Pereira,</a> que denunciou o esquema de <a href="https://aratuon.com.br/coronavirus/noticia/politica/folha-governo-bolsonaro-pediu-propina-em-cima-de-cada-dose-de-vacina-contra-covid-diz-representante-de-vendedora" target="_blank">propina de US$ 1 para cada dose de AstraZeneca</a> &agrave; Folha de S. Paulo. Em seu depoimento, entretanto, ele acusou o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou <a href="https://aratuon.com.br/coronavirus/noticia/coronavirus/covaxin-entenda-a-polemica-sobre-a-vacina-indiana-comprada-pelo-brasil-10x-mais-cara" target="_blank">outro suposto esquema de propina, em rela&ccedil;&atilde;o a Covaxin</a>, de ter negociado a vacina com a Davati.

Dominguetti apresentou um &aacute;udio onde o deputado estaria negociando vacinas. No arquivo, Miranda diz ter um cliente e fala em negocia&ccedil;&otilde;es para a aquisi&ccedil;&atilde;o de algum produto, mas n&atilde;o fica claro que se trata de vacinas. O &aacute;udio teria sido encaminhado a Cristiano Carvalho, executivo da Davati, empresa que ofereceu 400 milh&otilde;es de doses de vacina ao governo. &quot;Ele fazia a intermedia&ccedil;&atilde;o de vacinas&quot;, afirmou Dominguetti.

&Agrave; imprensa, o deputado afirmou que o &aacute;udio &eacute; verdadeiro, mas se refere a compra de luvas. Ele chegou a enviar um print da conversa, onde fala com alguem identificado como &quot;Rafael Alves Luvas&quot; em outubro de 2020, quando, de acordo com o pol&iacute;tico, &quot;nem existiam vacinas&quot;. Miranda disse a Folha de S. Paulo que ficou &quot;louco&quot; com o depoimento de Dominguetti e, por isso, tentou invadir a CPI para provar que ele est&aacute; mentindo.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apreenderam o celular de Dominguetti para averiguar de onde teria partido o &aacute;udio e se ele realmente teria liga&ccedil;&atilde;o com a compra de vacinas. A pol&iacute;cia do Senado foi chamada para fazer a inspe&ccedil;&atilde;o do aparelho.

&quot;CAVALO DE TR&Oacute;IA&quot;

Os senadores da oposi&ccedil;&atilde;o ao governo Bolsonaro estranharam o fato de vendedor, na contram&atilde;o do que se esperava do seu depoimento, decidiu revelar o fato de que Miranda teria supostamente atuado na intermedia&ccedil;&atilde;o para compra de imunizantes. &quot;O depoente traz um &aacute;udio com mazelas que poderiam envolver Luis Miranda, Em nome do qu&ecirc;? A CPI n&atilde;o vai aceitar este tipo de coisa&quot;, reclamou Renan Calheiros.

Surgiu a hip&oacute;tese, ent&atilde;o, de que Dominguetti teria sido &quot;plantado&quot;, como um &quot;cavalo de Tr&oacute;ia&quot;, para desviar o foco e desacreditar a den&uacute;ncia em rela&ccedil;&atilde;o a Covaxin. &quot;Com todo respeito, essa testemunha foi plantada. Olha a&iacute; qual a conversa, esse &aacute;udio se refere a qu&ecirc;?&quot;, disse o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).

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O representante de uma vendedora de vacinas afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 (um d&oacute;lar, cerca de cinco reais, hoje) em cima de cada dose, em troca de fechar contrato com o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. A afirma&ccedil;&atilde;o foi feita em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S. Paulo, divulgada nesta ter&ccedil;a-feira (29/6).

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa &#39;Davati Medical Supply&#39;, disse que o diretor de Log&iacute;stica do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Bras&iacute;lia Shopping, no dia 25 de fevereiro.

Dias foi&nbsp;indicado ao cargo pelo l&iacute;der do governo de Jair Bolsonaro na C&acirc;mara, Ricardo Barros (PP-PR). Ele foi nomeado no dia 8 de janeiro de 2019, ainda na gest&atilde;o do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).&nbsp;

Segundo Dominguetti, a&nbsp;empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milh&otilde;es de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada. Depois disso passou a US$ 15,5. &quot;O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa&quot;, falou o representante.

A Folha informou que chegou a Dominguetti por meio de Cristiano Alberto Hossri Carvalho, que se apresenta como procurador da empresa no Brasil e tamb&eacute;m aparece nas negocia&ccedil;&otilde;es com o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Segundo Cristiano, Dominguetti representa a empresa desde janeiro.

&quot;Eu falei que n&oacute;s t&iacute;nhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E a&iacute; ele falou: &#39;Olha, para trabalhar dentro do minist&eacute;rio, tem que compor com o grupo&#39;. E eu falei: &#39;Mas como compor com o grupo? Que composi&ccedil;&atilde;o que seria essa?&#39;&quot;, contou Dominguetti.

&quot;A&iacute; ele me disse que n&atilde;o avan&ccedil;ava dentro do minist&eacute;rio se a gente n&atilde;o compusesse com o grupo, que existe um grupo que s&oacute; trabalhava dentro do minist&eacute;rio, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo&quot;, acrescentou.

Luiz Paulo Dominguetti continou:&nbsp;​&quot;A&iacute; eu falei que n&atilde;o tinha como, n&atilde;o fazia, mesmo porque a vacina vinha l&aacute; de fora e que eles n&atilde;o faziam, n&atilde;o operavam daquela forma. Ele me disse: &#39;Pensa direitinho, se voc&ecirc; quiser vender vacina no minist&eacute;rio tem que ser dessa forma&#39;&quot;.

Questionado sobre qual seria essa &quot;forma&quot;, Dominguetti respondeu: &quot;Acrescentar 1 d&oacute;lar&quot;. Um d&oacute;lar por dose, segundo ele, que resultaria em &quot;200 milh&otilde;es de doses de propina que eles queriam, com um [contrato total de] R$ 1 bilh&atilde;o.&quot;

&quot;E, olha, foi uma coisa estranha porque n&atilde;o estava s&oacute; eu, estavam ele [Dias] e mais dois. Era um militar do Ex&eacute;rcito e um empres&aacute;rio l&aacute; de Bras&iacute;lia&quot;, ressaltou Dominguetti.

Quando perguntado se teria certeza que o encontro foi com o diretor de Log&iacute;stica do minist&eacute;rio, Dominguetti respondeu: &quot;Claro, tenho certeza. Se pegar a telemetria do meu celular, as c&acirc;meras do shopping, do restaurante, qualquer coisa, vai ver que eu estava l&aacute; com ele e era ele mesmo&quot;.

&quot;Ele [Dias] ainda pegou uma ta&ccedil;a de chope e falou: &#39;Vamos aos neg&oacute;cios&#39;. Desse jeito. A&iacute; eu olhei aquilo, era surreal, n&eacute;, o que estava acontecendo.&quot;

&quot;Eu estive no minist&eacute;rio, com Elcio [Franco, ex-secret&aacute;rio-executivo do minist&eacute;rio], com o Roberto, ofertando uma oferta leg&iacute;tima de vacinas, n&atilde;o comprou porque n&atilde;o quis. Eles validaram que a vacina estava dispon&iacute;vel.&quot;

O encontro teria ocorrido na noite do dia 25 de fevereiro, na v&eacute;spera de uma agenda oficial com Roberto Dias no Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de e um dia ap&oacute;s o pa&iacute;s ter atingido a marca de 250 mil mortos por Covid-19.

&quot;Fui levado com a proposta para o minist&eacute;rio e chegando l&aacute;, faltando um dia antes de eu vir embora, recebi o contato de que o Roberto Dias tinha interesse em conversar comigo sobre aquisi&ccedil;&atilde;o de vacinas&quot;, disse.&nbsp;&quot;Quando foi umas 17h, 18h [do dia 25], meu telefone tocou. Me surpreendi que a gente ia jantar. Fui surpreendido com a liga&ccedil;&atilde;o de que ir&iacute;amos encontrar no Vasto, no shopping. Cheguei l&aacute;, foi onde conheci pessoalmente o Roberto Dias&quot;, afirmou.

EM TEMPO

Ap&oacute;s a veicula&ccedil;&atilde;o da not&iacute;cia da Folha, na noite desta ter&ccedil;a, o presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz, disse que Dominguetti seria convidado para prestar depoimento &agrave; Comiss&atilde;o na pr&oacute;xima quarta-feira (2/7).

<blockquote class="twitter-tweet">
Den&uacute;ncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na <a href="https://twitter.com/hashtag/CPIdaPandemia?src=hash&amp;ref_src=twsrc%5Etfw">#CPIdaPandemia</a> na pr&oacute;xima sexta-feira, dia 02/07. <a href="https://t.co/iGPGDV2aD6">https://t.co/iGPGDV2aD6</a>
</blockquote>

<blockquote class="twitter-tweet" style="text-align: justify;">&mdash; Omar Aziz (@OmarAzizSenador) <a href="https://twitter.com/OmarAzizSenador/status/1410029369020530688?ref_src=twsrc%5Etfw">June 30, 2021</a></blockquote>

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