O ex-prefeito de Una, a 372 km de Salvador, Dejair Birschner, de 72 anos, &eacute; acusado de agredir a companheira, Catiana Barreto, 33. Ao Aratu On, a mulher disse que, ap&oacute;s as agress&otilde;es, fugiu, e foi perseguida pelo ex-gestor, que, segundo ela, foi auxiliado por policiais militares da 71&ordf; Companhia Independente (CIPM/Canavieiras).

O caso aconteceu no dia 4 de dezembro, e foi denunciado quatro dias ap&oacute;s, no dia 8, na 7&ordf; Coordenadoria Regional de Pol&iacute;cia do Interior (Coorpin). Birschner &eacute; pai do atual prefeito, Tiago de Dejair (PP).&nbsp;

&ldquo;Fui buscar minha filha na casa dele, porque ele pegou minha filha num posto de gasolina. Cheguei l&aacute; perguntando por que ele fez isso, e eu j&aacute; recebi um tapa. Eu ca&iacute;. Me levantei e fui para cima dele. Ele me pegou pelo bra&ccedil;o e me jogou numa mesa de m&aacute;rmore. Me bateu, me chutou, me enforcou. Gritei minha filha pra chamar a pol&iacute;cia&rdquo;, narrou.

&ldquo;Apareceu um vizinho para ajudar e colocou ela no carro. A pol&iacute;cia chegou. Achei que ia me proteger. Engano meu. A pol&iacute;cia me colocou como errada. Ele disse que estava passando. Eu j&aacute; estava cheia de hematomas e ele rasgou a blusa que eu estava. Ele falou na frente dos policiais: &#39;bati e bato de novo&#39;. Eu entrei em casa. Pulei a janela do quarto da minha filha e sa&iacute; correndo. As pessoas me ajudaram. Ele estava no carro da pol&iacute;cia me perseguindo. Entende agora meu medo?&rdquo;, acrescentou.

Catiana contou&nbsp;que as agress&otilde;es come&ccedil;aram h&aacute; cerca de 12 anos, quando a filha do casal, atualmente com 13, tinha cerca de 1 ano e meio. Ela diz que, inicialmente, os ataques eram verbais, mas, com o passar do tempo, passaram a ser f&iacute;sicos. &ldquo;Com certeza vou me separar dele. Eu cansei. Pensei que fosse morrer&rdquo;, garantiu.&nbsp;

Ambos, de acordo com ela, mantinham relacionamento h&aacute; 22 anos &ndash; &agrave; &eacute;poca, ela tinha 12 anos, e ele, 50.&nbsp;

O titular da Delegacia Territorial de Una,&nbsp;Jo&atilde;o Mendes, confirmou que o exame pericial detectou les&otilde;es corporais na v&iacute;tima. Ele, contudo, disse que n&atilde;o pode inferir se Birschner cometeu crime.

&ldquo;Estamos providenciando a investiga&ccedil;&atilde;o. Estou tomando cautela para ouvir as pessoas. N&atilde;o gostaria de ficar fazendo constela&ccedil;&otilde;es mais inciativas, porque isso at&eacute; prejudica o processo&rdquo;, explicou &agrave; reportagem. &ldquo;Ela efetivamente apresentou sinais de agress&otilde;es. Isso eu posso garantir. Ela foi encaminhada ao DPT [Departamento de Pol&iacute;cia T&eacute;cnica], onde constatou-se as marcas das les&otilde;es sofridas&rdquo;, assegurou.

O delegado ainda assegurou&nbsp;que a defesa alega que o depoimento de Catiana foi enviesado para culpar o ex-prefeito. &ldquo;O advogado do Dejair j&aacute; entrou em contato e disse que a hist&oacute;ria est&aacute; distorcida. Estou querendo trabalhar com imparcialidade e fazer um trabalho investigativo para descortinar o fato da maneira que realmente aconteceu&rdquo;.

E OS ENVOLVIDOS?

Ao Aratu On, a PM negou as acusa&ccedil;&otilde;es, e disse que os agentes foram acionados por Birschner. Na vers&atilde;o da PM, o ex-prefeito denunciou que estava sendo amea&ccedil;ado de morte por Catiana, que estava se dirigindo para sua casa. &ldquo;A guarni&ccedil;&atilde;o deslocou com o solicitante e no local a mulher n&atilde;o foi localizada, os policiais militares retornaram para suas atividades&rdquo;, se defendeu a corpora&ccedil;&atilde;o, em nota.

&ldquo;Posteriormente, os policiais recepcionaram outra solicita&ccedil;&atilde;o via telefone funcional, de que a mulher havia invadido a casa do mesmo solicitante e o amea&ccedil;ado de morte, no local os policiais militares conversaram com o solicitante, e a mulher permaneceu de longe gritando, visivelmente alterada e agressiva com o solicitante e com os policiais militares. A guarni&ccedil;&atilde;o tentou se aproximar da mulher para dialogar, a mesma fugiu para o matagal pr&oacute;ximo &agrave; resid&ecirc;ncia&rdquo;.&nbsp;

A corpora&ccedil;&atilde;o sustentou que, dentro da casa do ex-gestor, &ldquo;os militares observaram v&aacute;rios pertences e m&oacute;veis quebrados&rdquo;. &ldquo;O homem foi orientado a registrar a ocorr&ecirc;ncia na delegacia. Os policiais militares aguardaram o solicitante pegar alguns pertences e fechar a resid&ecirc;ncia, pois o mesmo informou que passaria a noite num lugar mais seguro&rdquo;.&nbsp;

O Aratu On n&atilde;o conseguiu contato com o Birschner. A reportagem procurou&nbsp;Prefeitura de Una, atrav&eacute;s do n&uacute;mero disponibilizado no site oficial, mas ningu&eacute;m atendeu. O&nbsp;atual prefeito, filho de Birschner&nbsp;n&atilde;o respondeu as&nbsp;mensagens.&nbsp;

BIOGRAFIA

Dejair Birschner foi prefeito de Una em tr&ecirc;s mandatos &ndash; entre 1997 e 2004, e de 2009 a 2012.&nbsp;Em 2011, ele chegou a ser denunciado pelo promotor de Justi&ccedil;a M&aacute;rcio Bosio, que encaminhou para a Pol&iacute;cia Civil do munic&iacute;pio de Una as den&uacute;ncias de abuso sexual de menores em outubro de 2010. Ele foi acusado de ass&eacute;dio sexual, corrup&ccedil;&atilde;o de menores e estupro.&nbsp;

No dia 22 de maio de 2010, duas adolescentes, de 13 e 15 anos, filhas de funcion&aacute;rios de uma fazenda do pol&iacute;tico, o acusaram de conduzi-las at&eacute; um motel na estrada Ilh&eacute;us-Oliven&ccedil;a.

Em 2011, a desembargadora N&aacute;gila Brito recebeu a den&uacute;ncia, mas n&atilde;o o afastou do cargo e nem o prendeu preventivamente. Na elei&ccedil;&atilde;o seguinte, quando ainda era prefeito, n&atilde;o tentou a reelei&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

Em 2015, tr&ecirc;s anos ap&oacute;s o fim do mandato dele, N&aacute;gila determinou o retorno do processo para a comarca de Uma, vara de origem do processo, onde segue parado at&eacute; o momento.&nbsp;

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