Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) achou um caminho que pode levar ao desenvolvimento de um anticoncepcional masculino. O estudo, publicado na revista Molecular Human Reproduction e divulgado pela Ag&ecirc;ncia Brasil nesta sexta (11/2), mostra que a partir da prote&iacute;na Eppin, que regula a capacidade de movimenta&ccedil;&atilde;o do espermatozoide &eacute; poss&iacute;vel desenvolver medicamentos que controlem a fertilidade dos homens.

Segundo o professor do departamento de Biof&iacute;sica e Farmacologia da Unesp, Erick Jos&eacute; Ramo da Silva, a partir de experimentos feitos em camundongos foi poss&iacute;vel identificar dois pontos da prote&iacute;na que regulam a movimenta&ccedil;&atilde;o dos espermatozoides. &ldquo;Ela tem um papel muito importante no controle da motilidade tem&aacute;tica por interagir com outras prote&iacute;nas que agora est&atilde;o no s&ecirc;men. E essas prote&iacute;nas, ao interagirem com a Eppin, promovem o ajuste fino da motilidade, o controle da motilidade&rdquo;, explica o pesquisador que faz estudos na &aacute;rea h&aacute; 20 anos.

Segundo Silva, foram usados anticorpos para descobrir quais s&atilde;o os pontos da Eppin, que tem fun&ccedil;&atilde;o semelhante nos camundongos e nos seres humanos, respons&aacute;veis por regular a movimenta&ccedil;&atilde;o c&eacute;lula reprodutiva masculina. Ap&oacute;s a ejacula&ccedil;&atilde;o, o espermatozoide precisa nadar para chegar ao &oacute;vulo e fazer a fecunda&ccedil;&atilde;o.

Por&eacute;m, antes da ejacula&ccedil;&atilde;o, os espermatozoides n&atilde;o se movimentam. O estudo trabalhou em identificar justamente qual &eacute; a intera&ccedil;&atilde;o que faz com que as c&eacute;lulas fiquem paradas antes do momento certo. &ldquo;Quem impulsiona o espermatozoide para dentro &eacute; o pr&oacute;prio processo de ejacula&ccedil;&atilde;o. Somente depois de alguns minutos da ejacula&ccedil;&atilde;o &eacute; que o espermatozoide vai adquirir a motilidade progressiva para seguir a jornada dele&rdquo;, detalha o professor.

Ao entender detalhadamente como as prote&iacute;nas mant&eacute;m os espermatozoides parados e depois ativam a movimenta&ccedil;&atilde;o dessas c&eacute;lulas, os pesquisadores abrem a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos que atuem dessa forma. &ldquo;A gente estuda como essas prote&iacute;nas interagem para entender como elas interrompem a motilidade para que a gente possa pensar estrat&eacute;gias farmacol&oacute;gicas, usando um composto, um princ&iacute;pio ativo, que pudesse incisar essa rela&ccedil;&atilde;o que naturalmente acontece&rdquo;, acrescenta.

Um medicamento que fosse capaz de interromper a movimenta&ccedil;&atilde;o dos espermatozoides seria um anticoncepcional com efeito quase imediato, afirma Silva.&nbsp;

QU&Iacute;MICA

Silva diz que, agora, as pesquisas devem continuar no sentido de buscar compostos ou mol&eacute;culas que possam atuar nos pontos identificados pelo estudo. Essa nova etapa ter&aacute; colabora&ccedil;&atilde;o com cientistas da Inglaterra, de Portugal e da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP). O pesquisador conta, no entanto, que ao longo das &uacute;ltimas d&eacute;cadas, o desenvolvimento de um anticoncepcional masculino tem enfrentado dificuldades devido a falta de financiamento pelas ind&uacute;strias farmac&ecirc;uticas.&nbsp;

O estudo, inciado em 2016, foi financiado pela Funda&ccedil;&atilde;o de Amparo &agrave; Pesquisa do Estado de S&atilde;o Paulo (Fapesp) e teve parceria com os departamentos de Farmacologia e de Ci&ecirc;ncias Biol&oacute;gicas da Universidade Federal de S&atilde;o Paulo (Unifesp), al&eacute;m do Instituto de Biologia e Medicina Experimental do Conselho Nacional de Pesquisas Cient&iacute;ficas e T&eacute;cnicas, da Argentina.

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Uma inventora alem&atilde; criou um equipamento que serve como anticoncepcional masculino. O objeto usa ultrassom para paralisar os espermatozoides, que n&atilde;o consegue chegar at&eacute; o &uacute;tero para fecundar o &oacute;vulo.

Rebecca Weiss chegou a ganhar o pr&ecirc;mio principal do James Dyson Awards pelo aparelho que &quot;banha os test&iacute;culos&quot;. Segundo o Uol, com poucos minutos de a&ccedil;&atilde;o e a sensa&ccedil;&atilde;o apenas de um &quot;banho&quot; morno, o m&eacute;todo &eacute; completamente indolor.&nbsp;

Ainda n&atilde;o h&aacute; informa&ccedil;&otilde;es sobre poss&iacute;veis efeitos colaterais adversos - algo que incomoda as mulheres, j&aacute; que os os anticoncepcionais femininos possuem diversos efeitos colaterais, como enxaqueca, dores no corpo, altera&ccedil;&otilde;es de humor, espinha e ganho de peso. Para garantir a n&atilde;o fecunda&ccedil;&atilde;o, o homem precisa apenas usar o a artefato com o intervalo de alguns meses, ainda n&atilde;o especificado pela pesquisadora, para manter a interrup&ccedil;&atilde;o na movimenta&ccedil;&atilde;o dos espermatozoides e, por consequ&ecirc;ncia, evitar que eles possam fertilizar &oacute;vulos ap&oacute;s o sexo.

O James Dyson Awards &eacute; conhecido por &quot;celebrar, encorajar e inspirar designers a terem ideias que solucionem problemas&quot; e &eacute; tradicional na Alemanha. Com o reconhecimento da premia&ccedil;&atilde;o, Weiss ganhou US$ 45 mil (o equivalente a cerca de R$ 250 mil) e, mais importante, tem o reconhecimento da entidade para buscar verbas para passar para fase de testes e tentar viabilizar o artefato comercialmente.

INSPIRA&Ccedil;&Atilde;O

Weiss disse que sua inspira&ccedil;&atilde;o veio de um problema em sua vida pessoal. Ela teve um c&acirc;ncer cervical que os m&eacute;dicos suspeitam que tenha sido causado por ela ter feito uso frequente de p&iacute;lulas anticoncepcionais.&quot;Quando meu companheiro e eu procuramos m&eacute;todos alternativos, percebemos a falta de m&eacute;todos para os homens&quot;, disse Weiss, em seu projeto apresentado ao Dyson Awards.

&quot;Esse problema n&atilde;o &eacute; s&oacute; meu. Ele afeta muitas outras mulheres e torna evidente que se discuta publicamente alternativas&quot;, concluiu.

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Uma mulher conseguiu na justi&ccedil;a o direito de alterar o nome de sua filha, que foi registrada pelo pai com o nome de um anticoncepcional (Diane) utilizado antes da gravidez. Decis&atilde;o foi tomada pela 3&ordf; Turma do Superior Tribunal de Justi&ccedil;a (STJ) em resposta a um recurso com o qual a Defensoria P&uacute;blica havia entrado.

A mulher alega que o pai da garota rompeu o acordo firmado durante a gesta&ccedil;&atilde;o e registrou um nome diferente do combinado. Ela tentou realizar a altera&ccedil;&atilde;o em cart&oacute;rio e, ap&oacute;s a negativa, ingressou com uma a&ccedil;&atilde;o judicial &quot;a fim de evitar que a crian&ccedil;a possa saber os motivos pelo qual seu pai deu a ela o nome do rem&eacute;dio, e passe por situa&ccedil;&otilde;es vexat&oacute;rias&quot;.

De acordo com a Defensoria P&uacute;blica, o homem n&atilde;o participou do per&iacute;odo de gesta&ccedil;&atilde;o por achar que a gravidez havia sido planejada propositalmente.&nbsp;Na primeira e na segunda inst&acirc;ncia, o pedido tamb&eacute;m foi negado e por conta disso o defensor p&uacute;blico Rafael Cruz entrou com o recurso no STJ.

No documento, ele buscou apontar que o processo de escolha do nome desrespeitou o pactuado entre os pais da crian&ccedil;a e que o homem violou a boa-f&eacute; objetiva. No entendimento dos ministros, houve rompimento unilateral do acordo firmado entre os pais da crian&ccedil;a, que est&aacute; prestes a completar quatro anos.

&quot;&Eacute; certo que o pai tamb&eacute;m tem o direito de participar da escolha do nome da filha. Contudo, (...) jamais poderia afirmar concordar com o nome, comprometer-se a ir ao cart&oacute;rio realizar o registro nos termos combinados e, diversamente, indicar outro nome. (...) O vexame n&atilde;o se at&eacute;m &agrave; m&atilde;e, tamb&eacute;m se transfere &agrave; crian&ccedil;a, que carregou em sua identifica&ccedil;&atilde;o, em sua personalidade, o nome do anticoncepcional e a marca de que sua concep&ccedil;&atilde;o n&atilde;o era desejada pelo pai, tendo sido utilizada como objeto de viola&ccedil;&atilde;o pelo pai &agrave; pr&oacute;pria m&atilde;e&quot;, cita o documento.

&quot;Trata-se de ato que violou o dever de lealdade familiar e o dever de boa-f&eacute; objetiva e que, por isso mesmo, n&atilde;o deve merecer guarida pelo ordenamento jur&iacute;dico, na medida em que a conduta do pai configurou exerc&iacute;cio abusivo do direito de nomear a crian&ccedil;a.&quot;, conclui.

O defensor p&uacute;blico Rafael Cruz ressaltou ainda a import&acirc;ncia desta decis&atilde;o: &quot;A decis&atilde;o permite que casos semelhantes sejam revisados, uma vez que &eacute; comum o pai registrar o filho com nome diferente do combinado com a m&atilde;e da crian&ccedil;a, como uma homenagem a um &iacute;dolo de futebol, por exemplo. Nesse sentido, essa decis&atilde;o traz uma inova&ccedil;&atilde;o muito importante.&quot;, alegou.

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