Meta: Ex-funcionário abre processo por falhas de segurança no WhatsApp
Um ex-executivo da Meta revelou que o WhatsApp sofria com a invasão de mais de 100 mil contas por dia e que os alertas para corrigir essas falhas foram negligenciados
Por Rosana Bomfim.
A Meta, proprietária do WhatsApp, enfrenta uma nova crise legal e reputacional. Attaullah Baig, ex-chefe de segurança cibernética do WhatsApp, entrou com uma ação judicial nesta segunda-feira (8), em um tribunal federal dos Estados Unidos, alegando que a empresa ignorou deliberadamente falhas críticas de segurança digital que colocaram em risco os dados de bilhões de usuários.
De acordo com o processo, a Meta violou diretrizes de segurança cibernética impostas por órgãos reguladores e retaliou Baig após ele denunciar as vulnerabilidades internamente.
O executivo atuou entre 2021 e 2025 à frente da área de segurança do aplicativo de mensagens e sustenta que foi demitido em fevereiro deste ano após sofrer represálias por seus alertas recorrentes.
Meta/Whatsapp: acesso irrestrito e falhas não corrigidas
O centro das acusações gira em torno do acesso irrestrito de aproximadamente 1.500 engenheiros aos dados dos usuários, sem supervisão adequada ou trilhas de auditoria.
Segundo Baig, esse cenário viola diretamente uma ordem de consentimento firmada entre a Meta e o governo dos EUA em 2020, após o escândalo da Cambridge Analytica, acordo que custou à empresa uma multa de US$ 5 bilhões e vigora até 2040.
Ele afirma que os testes de segurança conduzidos por sua equipe mostraram que engenheiros da companhia podiam movimentar ou copiar dados como endereços IP, fotos de perfil e contatos pessoais sem qualquer detecção técnica ou barreira operacional.
Além disso, o ex-executivo revelou que o WhatsApp sofria com a invasão de mais de 100 mil contas por dia e que os alertas para corrigir essas falhas foram negligenciados. Segundo ele, a empresa optou por priorizar métricas de crescimento de usuários em detrimento da proteção de dados.
Denúncias ignoradas e alegações de retaliação
O processo afirma que Baig alertou repetidamente a alta liderança da Meta, incluindo o CEO Mark Zuckerberg e o chefe do WhatsApp, Will Cathcart, mas não obteve resposta efetiva. Pelo contrário, a denúncia relata uma escalada de retaliações: avaliações negativas de desempenho, advertências verbais e, por fim, demissão por “mau desempenho”.
A defesa da Meta sustenta que Baig foi desligado por razões legítimas relacionadas à sua performance, argumento validado, segundo a empresa, por engenheiros do alto escalão e pela própria Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA), que teria rejeitado uma reclamação trabalhista apresentada anteriormente por ele.
Em declaração oficial, o vice-presidente de comunicações do WhatsApp, Carl Woog, afirmou: “Infelizmente, este é um manual conhecido: um ex-funcionário é demitido por mau desempenho e depois torna públicas alegações distorcidas que deturpam o trabalho árduo contínuo da nossa equipe.”
Na ação, Baig pede a reintegração ao cargo; pagamento de salários atrasados; danos compensatórios; investigações regulatórias contra a Meta. Ele também apresentou queixas formais a entidades americanas responsáveis pela fiscalização das redes, reforçando a seriedade de suas alegações e o possível impacto sobre a integridade da ordem de consentimento em vigor.
Este caso se soma a uma série de controvérsias envolvendo a Meta nos últimos anos. A empresa já enfrentou múltiplas investigações sobre violação de privacidade em suas plataformas, como Facebook e Instagram, e segue sob vigilância constante de autoridades reguladoras nos Estados Unidos e na União Europeia.
Com mais de três bilhões de usuários ativos no WhatsApp, a denúncia levanta questões sérias sobre a real capacidade da empresa em garantir a proteção dos dados pessoais em larga escala.
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