O motivo real por trás do sumiço do Padre Júlio das redes sociais

Igreja manda padre Júlio Lancellotti deixar de transmitir missas na internet

Por Juana Castro.

O padre Júlio Lancellotti anunciou que não irá mais transmitir missas ao vivo pela internet e que fará um afastamento temporário das redes sociais, atendendo a uma orientação da Arquidiocese de São Paulo. As celebrações religiosas seguem acontecendo normalmente de forma presencial.

Em comunicado, o sacerdote reafirmou sua vinculação à Igreja. “Reafirmo minha pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo”, escreveu. Procurada, a Arquidiocese informou que não irá comentar a orientação.

A decisão foi comunicada no domingo (14), durante a missa celebrada na Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro do Belenzinho, zona leste da capital paulista. “Agradeço a todos que ajudaram na transmissão dessa missa desde a pandemia. Hoje é a última vez que a missa está sendo transmitida. Até que haja ordem em contrário, a partir do domingo que vem, a missa será só presencial. Não terá mais transmissão”, afirmou o padre.

“Assim como teve a primeira vez em que ela foi transmitida, hoje, no terceiro domingo do Advento, está sendo a última vez”, acrescentou.

As celebrações vinham sendo transmitidas ao vivo pela Rede TVT (TV dos Trabalhadores), pelo portal ICL e pelo YouTube.

Em nota enviada à imprensa, Lancellotti informou ainda que as “redes sociais não estão movimentadas por um período de recolhimento temporário”.

Padre nega transferência de paróquia

Coordenador da Pastoral do Povo da Rua, padre Júlio negou que será transferido da Paróquia São Miguel Arcanjo, onde atua há quase 40 anos. “Não procede a informação sobre a transferência da Paróquia São Miguel Arcanjo”, afirmou.

Em contato com a Agência Brasil, o sacerdote declarou que recebeu a decisão “com resiliência e obediência”. A Arquidiocese de São Paulo foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta matéria.

Atuação social e trajetória

Júlio Lancellotti é conhecido nacionalmente pelo trabalho desenvolvido há mais de quatro décadas junto à população em situação de rua na cidade de São Paulo. Nascido no bairro do Brás, é pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo desde 1986, onde iniciou ações pastorais voltadas a pessoas em situação de vulnerabilidade, adolescentes em conflito com a lei e crianças com HIV.

Com forte atuação junto a movimentos sociais, o padre já acionou judicialmente a Prefeitura de São Paulo em 2023 contra a remoção de barracas de pessoas em situação de rua. Ele também tem sido alvo frequente de críticas de políticos de direita e já enfrentou tentativas de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar a atuação de organizações sociais na região da Cracolândia.

Após uma série de ataques nas redes sociais, Lancellotti chegou a receber uma ligação de apoio do papa Francisco, que morreu em abril deste ano. À época, o pontífice recomendou que o sacerdote não desistisse de seu trabalho junto aos pobres, apesar das dificuldades.

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