Política

Ex-coordenadora do PNI diz que deixou cargo por “politização das vacinas” e que falta de apoio de Bolsonaro prejudicou vacinação

Francieli Fantinato alegou que, enquanto esteve no cargo, não teve nem vacinas nem campanha publicitária

Por Da Redação

Ex-coordenadora do PNI diz que deixou cargo por “politização das vacinas” e que falta de apoio de Bolsonaro prejudicou vacinaçãoCréditos da foto: Agência Senado

A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, afirmou, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta quinta-feira (8/7), que deixou o cargo por causa da “politização da vacina”. Fantinato é uma das investigadas da CPI.


“Por que o maior programa de vacinação do mundo teve dificuldade de executar seu papel? O programa sabia o que fazer e sempre soube”, questionou ela; “Faltaram, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente de doses suficiente para uma campanha e uma campanha publicitaria [...] Para um programa ter sucesso é preciso ter vacina e uma campanha publicitária efetiva. Infelizmente, não tive nenhum dos dois”, apontou.


A ex-coordenadora do PNI também reclamou da politização envolvendo a vacinação, tanto de declarações de autoridades contrárias às vacinas, citando indiretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e também reclamou de estar sendo investigada pela CPI. "Quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos", afirmou, sobre as constantes declarações de Bolsonaro contra a vacinação.


"Essa politização do assunto fez com que eu decidisse caminhar com as minhas questões pessoais", afirmou, ao explicar o que a levou a decidir deixar o cargo. "Essa politização trouxe até para mim a condição de investigada sem eu ter sequer sido ouvida."


A defesa de Fantinato obteve um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) que permite à servidora, na condição de investigada, ficar em silêncio diante de perguntas que possam levá-la a eventualmente se autoincriminar. Seus sigilos fiscal, bancário, telefônico e de mensagens foram quebrados pela CPI.


Francieli foi exonerada no último dia 30 de junho e, de acordo com o ministro Marcelo Queiroga, foi ela que pediu para deixar o cargo. A convocação para a CPI foi aprovada em requerimento de autoria do senador Otto Alencar (PSD-BA) para uma acareação com a infectologista Luana Araújo, que quase assumiu a Secretaria Extraordinária ao Enfrentamento à Covid-19, mas os parlamentares optaram por ouvi-la individualmente. 


A oitiva desta quinta-feira é para prestar esclarecimentos sobre uma nota técnica que Fantinato teria emitido aos estados, recomendando que a vacinação de grávidas que haviam recebido a 1ª dose da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 fosse completada com uma nova dose de qualquer outro imunizante.


LEIA MAIS: Pagou fiança e foi liberado! Esse foi o desfecho da prisão do ex-diretor do Ministério da Saúde ordenada nesta quarta na CPI da Covid-19


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