Política

Consciência Negra na Política: ativista baiano diz que ainda há pouco a comemorar

Yuri Silva é jornalista e mestrando em políticas brasileiras de promoção de igualdade racial sob a visão da gestão pública, pela Fundação Getúlio Vargas

Por Matheus Caldas

Consciência Negra na Política: ativista baiano diz que ainda há pouco a comemorarCréditos da foto: Geraldo Magela | Agência Senado

Pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), será feriado nacional. Para marcar a data, o Aratu On inicia hoje uma série especial que vai destacar personalidades negras com atuação em diferentes áreas: política, saúde, educação, esporte e cultura. Até a próxima sexta-feira (22), você vai conhecer histórias e experiências pessoais, além da importância do trabalho que elas desenvolvem para a sociedade. 


Nesta segunda-feira (18), o tema será 'A Consciência Negra na Política'. Do ponto de vista das políticas públicas, o ativista do movimento negro Yuri Silva, ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial do governo Lula (PT), valoriza a data, mas considera que 'há muito pouco para se comemorar'.


Silva crê que, por isto, 'é um dia de luta'. “É dia de reafirmar pautas, de colocar novas sínteses, novas análises políticas e de conjuntura na rua para dizer: nós conquistamos bastante, mas o bastante que conquistamos foi a partir de muita luta, de muito sangue”, avalia.


Baiano de Salvador, Yuri Silva é jornalista e mestrando em políticas brasileiras de promoção de igualdade racial sob a visão da gestão pública, pela Fundação Getúlio Vargas. 


Após um ano e oito meses trabalhando na autarquia vinculada ao Ministério da Igualdade Racial, ele está em período sabático, focado, apenas, no término do mestrado, marcado para o fim deste ano. A partir do ano que vem, contudo, o intuito do ativista é seguir em Brasília para discutir mais políticas públicas voltadas para o combate às desigualdades às quais as pessoas negras no Brasil são vulneráveis. 


“Sou um quadro de articulação política e, ao mesmo tempo, um quadro técnico da política pública de direitos humanos de igualdade racial”, pontua.


Apesar de priorizar a permanência na capital federal, ele diz que pretende contribuir com a Bahia, principalmente pelo fato de o estado ter o maior percentual em relação à população preta, de 22,4%. “Vai ser sempre uma possibilidade para mim, como consultor, especialista contratado para opinar em elaboração de políticas públicas e, eventualmente, em algum convite para entrar para o governo”, acrescentou.


Combate ao racismo


Apesar de considerar que há pouco a ser comemorado, Silva opina que as políticas de reparação no país estão 'em consolidação'. Para ele, diante deste cenário, os projetos de valorização da população negra precisam ser, cada vez mais, tratados de maneira transversal – aliada a pastas de cultura, educação, saúde, segurança pública ou de assistência social. 


Apesar da descentralização das políticas para inserção das pessoas negras nos diversos âmbitos da sociedade, ele reforça que são necessários sistemas eficientes de reparação. “É garantir para a população negra a reparação das violações sofridas ao longo do processo de escravização e depois da abolição, do processo de subjugação da população negra por meio do fenômeno do racismo”, ressalta.


Na visão de Silva, ao analisar este cenário, as políticas de combate ao racismo estão, ainda, 'no campo simbólico'. “Essas políticas reparatórias são tão importantes que não é à toa que a política mais efetiva e consistente de igualdade racial já executada no Brasil é a de reserva de vagas para a população negra, pelas cotas”, opina.


“É devolver para a população negra um direito negado ao longo dos séculos, que foi o direito à educação, a ocupar o espaço do ensino superior, da universidade, espaço que, durante esses séculos, foi branco, masculino”, emenda.


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