Bolsonaro revoga decreto de luto pelas mortes de ACM, Luís Eduardo Magalhães e outras 23 personalidades
A informação foi divulgada na última quinta-feira (27/1) pelo jornal Folha de S. Paulo, que aponta que as revogações fazem parte do chamado “revogaço"
Dos 25 decretos de luto revogados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), dois são de nomes históricos do carlismo na Bahia: o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007) e do seu filho, o ex-presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (1955-1998).
A informação foi divulgada na última quinta-feira (27/1) pelo jornal Folha de S. Paulo, que aponta que as revogações fazem parte do chamado “revogaço”. O governo justifica a campanha como em ação de anular normas "cuja eficácia ou validade encontra-se completamente prejudicada", segundo a gestão Bolsonaro.
Em novembro de 2020, Bolsonaro editou um decreto que anulou mais de 300 medidas, entre elas 25 decretos de luto oficial assinados por ex-presidentes da República. "Trata-se de decretos já exauridos, que tiveram efeitos por determinado período [de luto]", disse à Folha a Secretaria-Geral da Presidência.
De acordo com a gestão Bolsonaro, a cada 100 dias o Governo Federal promove um "revogaço", com a finalidade de "racionalização, desburocratização e simplificação do ordenamento jurídico".
O governo ainda explica que as normas perdem efeito automaticamente tão logo o período de luto oficial é concluído. A decretação de luto oficial é um ato simbólico. A determinação principal é que a bandeira nacional fique a meio mastro em todo o país durante o período de pesar.
O revogaço promovido pelo governo Bolsonaro não é igualitário para todas as autoridades que receberam a homenagem nos últimos anos. Vale lembrar que todas as honrarias foram concedidas pelos governos Itamar Franco (1992-1994), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
SAIBA QUAIS FORAM OS DECRETOS DE LUTO REVOGADOS POR BOLSONARO:
• 14 de outubro de 1992, morte do conselheiro da República Severo Fagundes Gomes (decreto fora editado por Itamar Franco);
• 13 de novembro de 1992, morte do doutor João Leitão de Abreu (decreto fora editado por Itamar Franco);
• 5 de agosto de 1993, morte do rei Balduíno I, do reino da Bélgica (decreto fora editado por Itamar Franco);
• 18 de setembro de 1995, morte de Antônio Marques da Silva Mariz (decreto fora editado por Marco Maciel, ex-vice-presidente);
• 6 de novembro de 1995, pela morte do ex-primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin (decreto fora editado por Luís Eduardo, da área do Itamaraty);
• 18 de fevereiro de 1997, morte do ex-senador Darcy Ribeiro (decreto fora editado por FHC);
• 4 de junho de 1997, morte de Pio Gianotti (decreto fora editado por FHC);
• 20 de abril de 1998, morte do ex-ministro das Comunicações Sergio Roberto Vieira da Motta (decreto fora editado por FHC);
• 22 de abril de 1998, morte do ex-líder do governo na Câmara e ex-presidente da Câmara Luis Eduardo Maron de Magalhães (decreto fora editado por Marco Maciel);
• 16 de julho de 1999, morte do ex-ministro do Trabalho e Previdência Social André Franco Montoro (decreto fora editado por FHC);
• 30 de agosto de 1999, morte do ex-arcebispo de Olinda e Recife dom Helder Pessoa Câmara (decreto fora editado por FHC);
• 16 de julho de 2000, morte do ex-governador de Pernambuco Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho (decreto fora editado por FHC);
• 10 de outubro de 2001, morte de ex-ministro do Planeamento Roberto de Oliveira Campos (decreto fora editado por FHC);
• 6 de agosto de 2003, morte do ex-jornalista Roberto Marinho (decreto fora editado por Lula);
• 19 de agosto de 2003, pela morte do ex-secretário-geral das Nações Unidas para o Iraque Sérgio Vieira de Mello (decreto fora editado por Lula);
• 20 de novembro de 2004, morte do ex-economista Celso Monteiro Furtado (decreto fora editado por Lula);
• 13 de agosto de 2005, morte do ex-deputado federal e ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes de Alencar (decreto fora editado por Lula);
• 2 de outubro de 2006: morte das vítimas do acidente aéreo da Gol rota Manaus-Brasília (decreto fora editado por Lula);
• 30 de abril de 2007, morte do ex-jornalista Octavio Frias de Oliveira (decreto fora editado por Lula);
• 17 de julho de 2007, morte das vítimas do acidente aéreo da TAM, rota Porto Alegre-São Paulo (decreto fora editado por Lula);
• 20 de julho de 2007, morte do ex-senador e ex-deputado federal Antônio Carlos Magalhães e dos ex-deputados Júlio Cesar Redecker e Nélio Silveira Dias (decreto fora editado por Lula);
• 11 de setembro de 2007, morte do ex-governador de Roraima Ottomar de Souza Pinto (decreto fora editado por Lula);
• 1º de setembro de 2009, morte do ex-ministro do STF Carlos Alberto Menezes (decreto fora editado por Lula).
A discussão ganhou repercussão após o luto decretado por Bolsonaro pela morte do filósofo Olavo de Carvalho, na última terça-feira (25/1). Além dele, em todo o governo, o presidente só havia declarado luto oficial pelo falecimento do ex-vice-presidente Marco Maciel.
Mesmo durante a pandemia da Covid-19, que até o momento deixou mais de 620 mil mortos no país, Bolsonaro não decretou luto em homenagem aos mortos pelo vírus.
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