Política

Ala governista quer impeachment de Geraldo Jr. da presidência da CMS após fala sobre "traição" a Muniz

Caso Geraldo realmente saiba quem não votou em Muniz, dizem os parlamentares, ele terá descumprido trecho do artigo 6º do regimento interno da Câmara, que determina o voto secreto

Por Da Redação

Ala governista quer impeachment de Geraldo Jr. da presidência da CMS após fala sobre "traição" a MunizCréditos da foto: Reginaldo Ipê / CMS

As afirmações do presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Jr. (MDB), não repercutiram de maneira positiva entre alguns vereadores da Casa.


O Aratu On apurou que uma ala de parlamentares governistas pretende apresentar um pedido de impeachment do mandato presidencial do emedebista após ele dizer que o vice-presidente Carlos Muniz (PTB) foi traído na eleição da Mesa Diretora - aqui, cabe ressaltar que, à priori, não há articulação para cassação do mandato de vereador.


A informação foi confirmada à reportagem por quatro vereadores, que falaram em condição de anomimato. A avaliação interna é que Geraldo teria violado o regimento interno da CMS, que garante a segurança do voto secreto aos vereadores na eleição da Mesa. Os nomes dos edis que defendem o impeachment são guardados a sete chaves e, desta forma, não é possível mensurar se a possibilidade tem musculatura para prosperar.


Caso Geraldo realmente saiba quem não votou em Muniz, dizem os parlamentares, ele terá descumprido trecho do artigo 6º do regimento interno, que determina o voto secreto.


Parlamentares correlacionaram a situação com um episódio envolvendo o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007). Em 2001, ele renunciou ao cargo após denúncias sobre violação do painel de votações do plenário do Senado.


À época, a revista IstoÉ obteve acesso a gravações em que ACM admitia saber o voto da então senadora Heloísa Helena na votação secreta que culminou na cassação de Luiz Estevão. 


Um laudo da Universidade de Campinas (Unicamp) comprovou que houve violação do painel na ocasião. ACM foi acusado de quebra de decoro parlamentar, mas renunciou ao mandato antes da possível pena de cassação.


A eleição que culminou na reeleição de Geraldo foi possível após uma manobra que modificou trechos do regimento e da Lei Orgânica do Município (LOM). De acordo com a legislação anterior, ele não podia se reeleger na mesma legislatura. O parlamentar se elegeu na 18ª legislatura e foi reeleito no ano passado, portanto, na 19ª legislatura. A reeleição, segundo o antigo entendimento, só poderia acontecer em legislaturas diferentes.


Com a mudança promovida nos textos, ele abriu margem para reeleições indefinidas. Neste último pleito, Muniz foi escolhido como vice-presidente. Em entrevista à Rádio Metrópole, Geraldo indicou ue o colega foi "traído" e que, "em breve", divulgaria quem foi o suposto parlamentar que descumpriu o acordo prévio de votar no petebista.


Geraldo é pré-candidato a vice de Jerônimo Rodrigus (PT), nome petista para suceder Rui Costa (PT) no Governo da Bahia. Caso ele vença o pleito, terá que renunciar ao cargo, abrindo espaço para Muniz assumir a principal cadeira da Camara soteropolitana.


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