Suspeito de chefiar milícia, deputado baiano tinha mais de 120 contatos de policiais em agenda, aponta MP
A organização é suspeita de uma série de crimes, incluindo receptação, contravenção do jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de capitais e outros delitos
O deputado estadual Binho Galinha (PRD), apontado como líder de uma suposta milícia na região de Feira de Santana possuía um “núcleo armado”. Segundo denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), e obtidas pelo portal Bahia Notícias, o esquema criminoso contava com uma segurança pessoal para a cúpula da organização, além da cobrança de dívidas ilegais e extorsões.
A denúncia aponta que Binho Galinha mantinha em sua agenda de contatos mais de 120 policiais civis e militares para realizar estes serviços. A organização é suspeita de uma série de crimes, incluindo receptação, contravenção do jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de capitais e outros delitos.
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), do MP-BA, ressalta que o dinheiro gerado pelo jogo do bicho é frequentemente utilizado para financiar crimes, incluindo a formação de milícias.
Uma análise telemática revelou uma planilha de controle de pagamentos, possivelmente semanais, incluindo valores destinados à Polícia Civil e à Polícia Militar de Feira de Santana. O Gaeco indica que PMs próximos a Binho Galinha atuavam como sua segurança pessoal e de seus familiares, praticando cobranças violentas relacionadas a agiotagem, jogo do bicho e outros crimes.
Além disto, a denúncia menciona o crime de agiotagem, com integrantes da organização oferecendo empréstimos com juros abusivos e adquirindo dívidas de terceiros para cobrança própria. Empresas como O+ Cobranças Amigáveis Eireli, K2 Cobranças Amigáveis e Correspondente Financeira, K Cobranças Amigáveis e Correspondente Financeira e RPlus Cobranças Amigáveis LTDA foram citadas por movimentarem grandes quantias com membros do grupo.
Registros de notas promissórias com valores expressivos foram encontrados em nuvens, segundo o Ministério Público. Uma dessas notas, no valor de R$ 2,5 milhões, está georreferenciada em uma coordenada correspondente à localização da Loja Tend Tudo, mencionada na denúncia por supostos crimes de receptação de peças automotivas.
O MP-BA destaca que a estrutura da loja servia para encobrir ações ilícitas ao receber peças de automóveis provenientes de crimes contra o patrimônio. Laudo da Polícia Federal indica que a loja recebeu créditos superiores a R$ 40 milhões, sem a devida comprovação fiscal.
Outros denunciados no esquema são acusados de oferecer empréstimos a terceiros com juros excessivos, ameaçando as vítimas para efetuarem o pagamento. Conversas de aplicativos de mensagens detalham a atuação do núcleo armado da organização criminosa, incluindo Roque de Jesus Carvalho, conhecido como "Roque Xinha", policial militar ativo da PM-BA.
Imagens encontradas na nuvem de Roque mostram um arsenal, incluindo armamentos de grosso calibre. Uma suposta captura de tela de uma conversa pelo aplicativo "WhatsApp" revela ameaças de morte a um indivíduo chamado "Jefferson" por parte de "Binho Galinha", afirmando ser dono do grupo de extermínio de Feira de Santana.
A organização criminosa é apontada pelo Ministério Público como atuante na prática de receptação, contravenção do jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de capitais e outros delitos. Tudo teria se dado ainda na década de 1990, quando a organização criminosa foi constituída. O deputado teria assumido a liderança do grupo em 2013, a partir do homicídio do bicheiro Oldair José da Silva Mascarenhas, conhecido como Dainho, e ex-sócio de Kléber Cristian.
O monopólio de Galinha no comando das atividades se estabeleceria até os dias atuais, de acordo com o MP. A investigação apontou que a prática da contravenção seria uma das "exclusividades" de Binho Galinha, com o domínio da prática do jogo do bicho, por meio da entidade "ParaTodos", ampliando a execução de outras atividades, segundo a investigação.
Com atuação em Feira de Santana e em cidades circunvizinhas, o grupo de Binho Galinha teria uma larga extensão. De acordo com o MP foram identificadas pelo menos 13 pessoas, de codinomes "Macaco", "Vini", "Charuto", "Vaguinho", "Galego" e "Ninito", entre outros que não teriam sido identificados ainda pelo MP. Recentemente, o assessor parlamentar do deputado, identificado como Bruno Borges França, foi preso.
O Aratu On procurou a assessoria de Binho Galinha, para um posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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