Ação da Rondesp que resultou nas mortes de jovens negros na Gamboa é denunciada à Organização dos Estados Americanos, nos EUA
Segundo o CEN, foi pedido que a OEA notifique o governador da Bahia, Rui Costa (PT), além de ter sido solicitada uma Audiência Pública - na OEA - sobre as violências contra a população negra no Brasil.
A situação que resultou nas mortes de três jovens negros na Gamboa, em Salvador, no dia 1º de março, em operação da Polícia Militar, foi denunciada à Organização dos Estados Americanos (OEA), sediada em Washington, nos Estados Unidos. A denúncia foi feita e entregue por uma comitiva do Coletivo de Entidades Negras do Brasil (CEN), nessa segunda-feira (14/3).
O porta-voz do ato foi o presidente do CEN, o jornalista baiano Yuri Silva. A entrega do documento ocorreu durante reunião com a Relatora para Igualdade Racial, Laura Marcela Morelo Castro, especialista em Direitos Humanos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e a Conselheira de Relações Internacionais do Capitólio (Congresso Nacional), Zakiya Carr Johnson.
Segundo o CEN, foi pedido que a OEA notifique o governador da Bahia, Rui Costa (PT), além de ter sido solicitada uma Audiência Pública - na OEA - sobre as violências contra a população negra no Brasil.
"O genocídio da população negra, sobretudo da nossa juventude, não passará sem que o mundo tome conhecimento! Pedimos que a OEA notifique diretamente o Estado da Bahia e seu governador, e não apenas o Estado brasileiro, considerando que a segurança pública é responsabilidade estadual. E estamos articulando desde já uma audiência pública internacional sobre o tema", escreveu Silva no Instagram.
Na oportunidade, a comitiva também abordou a "falta de políticas públicas" e "má gestão" do governo Bolsonaro, e definiu como "urgente" a necessidade de defender a democracia "diante desse cenário". "Evidentes e recorrentes riscos ao Estado Democrático de Direito estão acontecendo e precisamos agir imediatamente", escreveu o membro-fundador e diretor nacional do CEN, o baiano Marcos Rezende, nas redes sociais.
Rezende chamou a situação de "Chacina da Gamboa", criticando a "política de segurança pública genocida do Estado da Bahia, presente também em outros estados do Brasil, contra a população negra".
VEJA ABAIXO:
AÇÃO
A comunidade da Gamboa diz que Patrick Sapucaia, Alexandre Santos e Cleberson Guimarães foram sumariamente executados, na madrugada de terça-feira (1/3), por agentes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp BTS). Populares, inclusive, resolveram fechar, no mesmo dia, parte da Avenida Lafayete Coutinho (Contorno) para protestar.
Segundo os manifestantes, os militares teriam chegado disparando tiros de arma de fogo contra membros da comunidade. A PM contesta, argumentando que foi acionada com informações sobre a presença de homens armados no local e recebida a tiros por um grupo quando fazia incursões. Os três foram socorridos, mas não resistiram.
Além da troca de tiros, durante a prestação de socorro, a PM argumentou manifestantes jogaram entulhos, obstruíram a pista em ambos sentidos e hostilizaram as guarnições.
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Na ação, os agentes contaram que foram apreendidos revólver calibre 38; duas pistolas, sendo uma de calibre .40 e outra de calibre 380; 177 papelotes de maconha; 233 pinos e dez embalagens de cocaína; 130 pedras de crack; três aparelhos celulares; uma balança eletrônica, R$ 172 e um relógio de pulso.
Patrick Sapucaia era filho de um policial militar aposentado e irmão de Pierre Hamilton Souza Sapucaia, que já foi preso pelo menos duas vezes por tráfico de drogas e homicídio. Em 2016, foi acusado de matar Gleisson de Souza Gregório, então com 18 anos, no Centro de Salvador.
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