Mães na Pandemia: à espera do terceiro filho, dona de casa revela dificuldades da gravidez em tempos de Covid-19
Mães na Pandemia: à espera do terceiro filho, dona de casa revela dificuldades da gravidez em tempos de Covid-19
Planos alterados, incertezas e novas perspectivas. Desde que decretada a pandemia do novo coronavírus, pessoas no mundo todo precisaram lidar com uma série de desafios, e o “novo normal” afetou a vida de milhões delas, independentemente de terem sido, ou não, contaminadas.
Pensando nisso, decidimos contar, nesta semana, três histórias de mulheres que, de alguma forma, tiveram suas rotinas - e até angústias - modificadas pelo atual cenário, e como elas têm feito para seguir em meio às mudanças.
Nesta quinta-feira (22/10), você vai conhecer a história de Mailana, que engravidou do terceiro filho durante a pandemia.
Boa leitura!
A vontade de aumentar a família era tanta que nem mesmo a pandemia tirou a ideia da cabeça da dona de casa Mailana Sales, de 24 anos. Mãe de dois filhos, um menino de 6 anos e uma menina de 4, ela tentava engravidar novamente desde o ano passado, mas só conseguiu em maio deste ano.
“Complicou um pouco e a gente precisa se cuidar mais. Não vou fazer chá de fraldas, por exemplo”, conta. “Porém, graças a Deus, em relação a médico está tranquilo. Tem atendimento normal para gestante. Aí, eu vou todo mês, certinho, e faço os exames”, explica.
Mailana se refere à Unidade de Saúde da Família (USF) do Alto da Terezinha, Subúrbio de Salvador, onde mora com o marido, o pedreiro Vanderlin, 44, e os filhos, Marcelo Augusto e Maria Dandara. Por lá, segundo ela, a dificuldade maior é para marcar uma ultrassonografia. “Tem que ficar insistindo”, diz a jovem, que assim fez e descobriu que espera mais um garotinho. Brayan Lorenzo está previsto para chegar ao mundo em fevereiro de 2021.
Por mais que a gravidez tenha sido desejada, e que a mamãe já tenha tido um “susto” durante a gestação da filha, que ocorreu em pleno surto de zika vírus no Brasil, o “boom” da Covid-19 trouxe mais preocupações para Mailana. A apreensão em relação à hora do nascimento – também presente nas outras duas gestações – cresceu.
“Tenho medo de o hospital não ter vaga, de chegar na maternidade e não ter como me atender, além de pegar a doença, também, porque vi casos de grávidas que morreram. Esse é meu maior medo: deixar meus filhos sozinhos”, confessa, revelando, ainda, receio por possíveis sequelas futuras, em caso de contaminação.
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Imagem: arte/Vivian Alecy/Aratu On
MUDANÇA NA ROTINA
Apesar da pouca idade, ela sempre quis ter filhos com o companheiro, com quem está há oito anos, mas vai “parar por aí”. “Agora já chega! Vinte e quatro anos, três filhos... está bom até demais”, fala, aos risos. Até porque, como dona de casa e mãe em tempo integral, sabe os desafios e exigências de – por enquanto – duas crianças, que aumentaram nesse período de distanciamento social.
“Antes, eu conseguia fazer tudo ‘tranquilo’. Agora, tem que fazer aos pouquinhos e dar mais atenção a eles”, avalia. Para Mailana, os pequenos sentem ainda mais o impacto das medidas restritivas para evitar o contágio pelo novo coronavírus, e por mais que ela brinque com os filhos, “não é a mesma coisa de estarem na escola, com os amiguinhos”.
“Eles perguntam: ‘minha mãe, quando a gente vai na praia?’, ‘posso brincar de bicicleta na rua?’, e aí eu digo que não pode. Toda vez que a gente vai comprar pão, Maria pergunta se pode brincar no parquinho que tem aqui perto, e eu falo: “não, porque tem ‘Covid’”, relata Mailana.
QUESTÃO FINANCEIRA
As crianças estão sem aulas desde o dia 17 de março, quando o prefeito de Salvador, ACM Neto, decretou o fechamento das escolas municipais devido à pandemia. Mesmo assim, é das unidades de ensino que vêm algo importante para o sustento da família: cestas básicas.
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“A menina estuda em uma creche conveniada com a prefeitura e o menino em uma escola municipal, então estou recebendo duas cestas básicas. Só temos que comprar a carne; não estamos sofrendo tanto em questão de alimento”, afirma a jovem.
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Ela e o marido recebem, também, cada um, R$ 600 do auxílio emergencial do Governo Federal. “A gente está mantendo a renda justamente com o auxílio”, comenta. “Mas aí tem água, luz e internet para pagar. Não pagamos aluguel, porque onde a gente mora foi cedido”, completa.
O valor foi muito bem-vindo, já que, desde o início da pandemia, Vanderlin só conseguiu um “trabalho maior” no começo de setembro. “Só estava fazendo ‘coisa pequena’, de R$ 10 a R$ 30”, conta.
Futuramente, quando Brayan for maiorzinho e já puder ir para uma creche, Mailana pretende voltar a trabalhar. “Estou nova, ainda. Emprego a gente consegue. Está difícil, mas consegue”, fala, otimista.
Para o próximo ano, com a chegada do bebê, a dona de casa espera que a pandemia já tenha acabado ou, pelo menos, amenizado, “para que a rotina tenha um pouco mais de normalidade”. E para os três filhos, deseja “um futuro perfeito”:
“Que eles cresçam saudáveis, tenham direito ao estudo, saúde, alimentação... é tudo o que eu peço a Deus”.
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