Liga da Madruga: após viralizar em vídeo sobre 'mito da preguiça baiana', atriz fala sobre machismo e preconceito
Liga da Madruga: após viralizar em vídeo sobre 'mito da preguiça baiana', atriz fala sobre machismo e preconceito
A Bahia é sempre lembrada pelo Carnaval, pelas praias, pelo Axé Music e milhares de outros atrativos da nossa terra. Os baianos, por outro lado, frequentemente são associados a uma espécie de "defeito" comum a todos os moradores do estado: a preguiça. A atriz soteropolitana Raíssa Xavier viralizou após explicar, em vídeo, as origens do 'mito da preguiça baiana' e os motivos, históricos e sociais, que motivaram e mantém esse estigma preconceituoso.
Em menos de uma semana o material, publicado no Instagram, já soma mais de 220 mil visualizações e quase 700 comentários. Apesar do tom humorístico, ela explicou, em entrevista ao Liga da Madruga, que se baseou em estudos da pesquisadora Elisete Zanlorenzi para construir o trabalho. "Todo video que eu faço eu preciso estudar bastante, pra passar a informação correta", conta.
"Eu venho publicando vídeos desse tipo, com bastante informação, porque eu não quero só postar algo engraçado, eu quero passar algo com informação para as pessoas. Como eu moro no Rio de Janeiro desde 2017, eu já passei por vários casos de preconceito, de preconceito sutil. São coisas que estão no inconsciente coletivo e as pessoas nem sabem de onde vem. Elas (apenas) reproduzem que o baiano é preguiçoso", completa.
Uma das preocupações de Raíssa foi ter encontrado em dicionários o verbete "baiano" descrito como "preguiçoso" e "mulato". "É muito importante dizer aqui, que muitas expressões preconceituosas já foram escritas como verdade absoluta em algum lugar, principalmente nos dicionários", reclama.
Ela acrescenta que, em sua opinião, os baianos são tão inteligentes que transformaram o 'mito da preguiça' em renda: usa-se nas músicas de Caymmi, Bethânia e Gil, além do turismo que mostra a Bahia como um paraíso para descansar e consagra o estado como terceiro maior recebedor de turistas. "Eu continuo trabalhando na Bahia, pela Bahia e com a Bahia", salienta.
MACHISMO
Além do preconceito pelo seu local de nascimento, Raíssa revela que sofre com outro tipo de violência: o machismo. "Na Bíblia, a gente encontra algumas frases dizendo que a mulher não é digna de viver, e a gente não pode reproduzir isso, respeitando todas as religiões", explica ela, que em um dos vídeos publicados na rede social aponta que o machismo é algo constituído desde os tempos de Adão e Eva.
A atriz, que participou da novela Segundo Sol, da Rede Globo, comentou o caso de assédio sexual vivido por Dani Calabresa, que acusa o diretor Marcius Melhem. "Independente de onde acontece, eu acho que agente precisa mudar a consciência do homem machista. E o poder é algo que mexe muito. Um diretor, como Marcius Melhen, abusa do poder que ele tem, achando que tem o direito de coagir as suas atrizes dessa forma. Isso acontece e já aconteceu comigo, não na Rede Globo, mas na minha trajetória", revela.
O poder dos homens, em sua opinião, é o que os faz crer em uma superioridade. "Você pega aquele sonho, pega o poder que você tem, e tenta manipular isso. Eu vejo muito isso. A gente é mulher, a gente é atriz, e a gente quer trabalhar com dignidade", pede. "Eu acho que a gente tem que ecoar a nossa voz, a nossa ideia. Na verdade, eu acho que esse ano que vem aí é mais ainda das mulheres, esse século é das mulheres. O feminismo está chegando com muita força, a gente já conquistou muita coisa".
Ela lembra, ainda, que há atitude machistas vindas também das mulheres. "A gente também tem que trabalhar o machismo, não só na cabeça dos homens, mas também na cabeça das mulheres. Quando eu entrei na novela, eu ouvi muito 'ah, foi muito rápido, como ela conseguiu?'. Eu fiz um teste e fui chamada pra novela. Eu não deveria ter que explicar isso. Entrei pelo meu talento", defende.
FUTURO
Além da novela Segundo Sol, Raíssa participou recentemente do seriado "Bom Dia Verônica", da Netflix, que também aborda o machismo. Ela ainda é autora do livro de poesias "1/4 de mim" e diz que pretende escrever um novo livro, dessa vez com crônicas, abordando o feminismo.
A baiana também estará em breve com o filme "Um Casal Inseparável", previsto para estrear em 2021. No momento, ela atua em uma série que tem como tema central o processo de independência da Bahia, mas não deu detalhes do projeto.
Mesmo sendo do audiovisual, um dos setores que mais sofreu com a pandemia, ela aproveitou a entrevista para fazer um alerta para que as pessoas evitem aglomeraçõs e sair às ruas, por conta da pandemia do coronavírus. "Gente, atentem-se! Fiquem em casa se vocês puderem. Os números multiplicaram... a gente está com essa falta de ideia de que está tudo bem, só que não tá".
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