Fome atinge 19 milhões de brasileiros durante a pandemia após diminuição do auxílio em 2020
No ano de 2004, o país tinha 64,8% da população em segurança alimentar - enquanto hoje tem 44,8%
Cerca de 19 milhões de brasileiros não tiveram o que comer na pandemia em 2020. Eles estão entre as 116,8 milhões de pessoas que, segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, conduzido pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), conviveram com algum grau de insegurança alimentar no Brasil nos últimos meses do ano, o que corresponde a 55,2% dos domicílios.
"Insegurança alimentar" é o nome dado quando a pessoa faz uma refeição sem ter certeza de que fará, corretamente, a próxima. A pesquisa foi feita durante os dias 5 e 24 de dezembro, em 2.180 domicílios, questionando os moradores sobre os três meses anteriores ao momento coleta, e divulgada pela Folha de S. Paulo.
As perguntas foram realizadas no momento em que o auxílio emergencial foi diminuído de R$ 600 para R$ 300, afetando a renda de milhões de beneficiários. Entre os domicílios que receberam o auxílio emergencial, 28% viveram insegurança alimentar grave, ou seja, passaram fome, ou moderada. Outros 37,6% viveram de forma leve. Já entre os que não receberam, 10,2% passaram por insegurança grave ou moderada, e a maior parte deles, 60,3% tiveram acesso tranquilo a alimentos.
A pesquisa mostra o aumento da fome no Brasil aos níveis anteriores a 2004, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), quando a insegurança alimentar moderada estava em 12% e a grave em 9,5%. Na pesquisa atual, os dados mostram o primeiro quesito em 11,5%, e o segundo em 9%.
Depois disso, no ano de 2004, o país tinha 64,8% da população em segurança alimentar - enquanto hoje tem 44,8%. Até 2013, pesquisas mostravam regressão da fome no país. A Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 do IBGE, no entanto, começou a registrar o aumento da insegurança alimentar.
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