Exclusivo: jovem de 25 anos implora em áudio antes de ser executado em Salvador; família acusa PMs
Exclusivo: jovem de 25 anos implora em áudio antes de ser executado em Salvador; família acusa PMs
"Por favor, moço, eu faço o que você quiser, eu tenho mulher. Sou filho de evangélico! Não faça isso comigo". Essas foram as últimas palavras da vida de Ícaro Taiuã Lima dos Santos, 25 anos. Morador do bairro da Santa Mônica, em Salvador, ele foi executado, de acordo com familiares que pedem anonimato, por policiais militares lotados na 37ª Companhia Independente (CIPM/Liberdade) na madrugada desta segunda-feira (8/6).
A denúncia é comprovada por duas gravações feitas por testemunhas e obtidas com exclusividade pelo Aratu On. A fala do jovem está no primeiro arquivo, de 47 segundos, que abriu essa reportagem. "Não faça isso, 'Marrom'. Ô, 'Juca', por favor, 'Juca'! Faço o que você quiser. Por favor, 'Marrom'", continua. Os policiais militares da Bahia são chamados, entre eles, de "Juca" ou "Marrom", sendo esse último apelido uma referência à farda por eles usada.
O que aconteceu antes da gravação ainda é um mistério para a família do rapaz, que tinha feito aniversário no último dia 31 de maio. "Dizem que ele estava a bordo de uma motocicleta e correu quando viu os PMs. Depois, foi colocado no beco e morto", conta o familiar ouvido pela reportagem. Ícaro já tinha passagem na Polícia Civil, ainda de acordo com o parente, por roubo, mas não tinha arma em casa, o que poderia sustentar uma troca de tiros na versão oficial.
O segundo áudio possui nove segundos apenas. Nele, são ouvidos quatro disparos e gritos ao fundo, já baixos. O familiar do rapaz sustenta, ainda, que depois da execução os policiais o levaram para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde já chegou sem vida.
Ícaro Taiuã tinha uma filha de um ano e seu corpo foi levado para o Instituto Médico Legal de Salvador, onde passou por perícia. É o laudo do IML que vai apontar a distância dos disparos feitos contra ele. Não tem prazo para a conclusão dessa investigação.
OUTRO LADO
Este tipo de caso é chamado de morte por intervenção policial. De praxe, deve ser registrado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil - que investiga se houve ou não troca de tiros - e na corregedoria da Polícia Militar.
A reportagem do Aratu On encaminhou os áudios e pediu respostas à corporação sobre o que teria acontecido naquela rua durante a madrugada, mas a PM se limitou a informar que a família deve prestar queixa.
A respeito do fato, orientamos que seja registrado na Corregedoria da Polícia Militar que fica situada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba, ou, se preferir, formalize o registro através da Ouvidoria utilizando-se do 0800 284 0011 ou mesmo o portal da PMBA na internet - www.pm.ba.gov.br para que seja realizada a devida apuração.
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