Baiano que dá aulas gratuitas de inglês é selecionado para conferência nos EUA: "representar a favela"

Com apenas 21 anos, o soteropolitano Vinícius Batista Santos já tem uma trajetória impressionante. O jovem morador do Calabar é criador de dois projetos socias: um ajuda estudantes de escolas públicas a entrarem na universidade; o outro, o "WeSpeak", oferece aulas de inglês gratuitas ao moradores da periferia. 

Por conta do segundo, inclusive, foi o único baiano escolhido para representar o Brasil no "Brazil Conference", nos Estados Unidos (EUA), em 2020. Trata-se de uma conferência organizada pela comunidade brasileira de estudantes, em Boston, para promover o encontro com líderes, reunindo pesquisadores de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT). 

"Foi um processo longo e árduo de seleção, com diversas fases e entrevistas. Espero que eu consiga conhecer pessoas dispostas a nos ajudar nos projetos", contou o ganhador, que irá sair do Brasil pela primeira vez. 

Para representar o país lá fora, foram escolhidos dez jovens, sendo dois da região Nordeste. Em seu perfil no Instagram, Vinicius comemorou o resultado. "Estou realizando um sonho! Fui selecionado para representar a Bahia, o Nordeste e a Favela", escreveu.

Confira abaixo:

 

 

 

 

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ESTOU REALIZANDO UM SONHO!! Fui selecionado para representar a Bahia, o Nordeste e a Favela na Brazil Conference 2020 em Harvard e MITnos EUA devido a minha trajetória e ao meu trabalho com o WeSpeak. É uma honra pra mim estar entre outros 9 jovens com trabalhos extremamente relevantes e de impacto. Foi um processo seletivo árduo e é incrivelmente motivador pra mim estar fazendo parte disso. Aproveito para ratificar meu compromisso com luta pela viabilização do acesso a educação de qualidade e a cultura em todas as favelas do Brasil. Pra chegar até aqui, nessa oportunidade que mudará minha vida radicalmente, passei por diversos obstáculos e por pessoas que me motivaram enormemente e SEMPRE acreditaram em mim até mesmo quando eu não acreditava. Gratidão a: @carloscazzanelli @jrsmendes1963 @deidinhapassos @imperialleila @karin.colantonio @glauciasousacoach @marciodoprojeto @melavegax @ilana.pedreira.5 @smith.solange @ilma.garcia.754 @moni_ribeiros @laryssavieiras @jadsonsoj @mateusaguiars @crisnandes @rafaellmanga @ana__claudiasousa @eulucasfernando @alineluanda25 @luizecsilva @brazilcultural @brunalola @adrianarupp1 @maria.helena.meyer @paulorogerio_ba @shirley_schneider @ricardonicollisoares @r.ludolf @eleinepassos.coach @barbaridade0 E a trocentas outras pessoas que contribuíram para minha trajetória! #brazilconference2020

Uma publicação compartilhada por Vinícius Batista (@v3niz) em 21 de Dez, 2019 às 1:52 PST

INGLÊS DE GRAÇA

Vinicius explica que criou o WeSpeak em 2016, após ganhar uma bolsa para aprender inglês em uma escola de idiomas de Salvador. "Eu me senti privilegiado e, como ganhei essa oportunidade, entendi que precisava passar isso adiante, replicar essa oportunidade para outras pessoas", relata ao Aratu On. 

Hoje, o projeto oferece aula gratuitas de inglês na Escola Aberta do Calabar, no Colégio Estadual Manuel Serravale, na Pituba, e na cidade de Itajaí, em Santa Catarina. "Conheci um 'cara' de Santa Catarina que gostou do projeto e levou para o estado. Também estamos estudando com parceiros para levar para as cidades de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro", explica.

Para que o WeSpeak aconteça, o jovem conta com doações e venda de bottons, pequenos assessórios com frases que podem ser colocados em camisetas. Vinícius explica que o projeto funciona com o "mínimo produto viável": as escolas cedem o espaço; alguns livros didáticos foram recebidos de editoras e, para fechar as contas, os bottons são vendidos pelo instagram. Ele diz, ainda, que há a intenção de começar a vender camisas e canecas para implementar a renda.

Com o final do semestre, cerca de 60 alunos foram beneficiados pelo projeto. A ação irá continuar em 2020, com inscrições feitas pelo site do WeSpeak e a expectativa é de que, com novos apoios, esse número aumente.

UNIVERSIDADE

Além das aulas, Vinicíus tem outro projeto social, ainda sem nome, que consiste em levar alunos de universidades à escola pública. "A intenção é contar como eles fizeram para chegar no nível superior e explicar qual(is) caminho(s) fizeram para entrar", diz.

Os universitários falam sobre programas de financiamento, como o Fies; bolsas de estudo, como o ProUni e o Educa Mais, além de explicar como funcionam o Enem e o Sisu e comentarem sobre seus cursos. "Um aluno de direito explica o que é o direito, outro explica sobre jornalismo, medicina... e assim por diante", conclui.

*Com supervisão do editor-chefe Jean Mendes



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