Morre Jards Macalé, 'anjo torto da MPB' e autor de 'Vapor Barato'
Compositor da música "Vapor Barato", Jards Macalé morreu aos 82 anos
Por Juana Castro.
O cantor e compositor Jards Macalé morreu aos 82 anos, nesta segunda-feira (17). Conhecido como "anjo torto da MPB", ele era autor da música "Vapor Barato", imortalizada na voz de Gal Gosta, que morreu em 2022.

A informação foi confirmada por amigos e divulgada nas redes sociais do artista. Macalé estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, tratando um enfisema pulmonar. Nesta segunda, ele sofreu uma parada cardíaca.
A nota divulgada no perfil oficial do artista prestou homenagem à sua energia e bom humor:
"Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando 'Meu Nome é Gal', com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral. 🖤“Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte. Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno.” — Jards Macalé".
Jards Macalé era conhecido como 'anjo torto da MPB'
Nascido no Rio de Janeiro em 1943, Jards Anet da Silva iniciou sua trajetória na música nos anos 1960. Sua primeira composição foi gravada por Elizeth Cardoso em 1964. Macalé rapidamente se estabeleceu como uma figura vanguardista, avessa a padrões comerciais, o que lhe rendeu a alcunha de "anjo torto da MPB".
O artista causou grande impacto em 1969, com a performance de "Gotham City" no IV Festival Internacional da Canção. Em 1972, lançou seu influente álbum de estreia, Jards Macalé, que consolidou sua estética híbrida, misturando rock, samba, jazz, blues, baião e choro. Desse período, são clássicos como "Hotel das Estrelas" e "Mal Secreto", além de "Vapor Barato", imortalizado também nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia, que está em turnê pelos 60 anos de carreira.

Parceiro de poetas como Waly Salomão e Torquato Neto, Macalé construiu uma obra marcada pela experimentação e pela defesa intransigente da liberdade criativa. Essa postura o aproximou de outros artistas desprendidos de gravadoras, como Luiz Melodia, já homenageado por baianos como Lazzo Matumbi.
Mesmo após décadas de carreira, Macalé manteve seu vigor artístico, explorando diversos gêneros com sua voz singular e violão moldado pela formação erudita. Um dos destaques recentes de sua discografia é o álbum Besta Fera, lançado em 2019.
MinC lamenta morte de Jards Macalé
Por meio de comunicado oficial, o Ministério da Cultura (MinC) manifestou "profundo pesar pelo falecimento de Jards Macalé, artista fundamental para a música brasileira e figura incontornável da vanguarda cultural do país".
No texto, a pasta exalta que a obra de Macalé foi "marcada pela liberdade, pela experimentação e pela recusa às convenções — qualidades que o tornaram referência para diversas gerações".
"Ao longo de mais de cinco décadas de trajetória, transitou por gêneros, linguagens e movimentos, colaborou com alguns dos maiores nomes da cultura nacional e deu ao público canções que atravessaram o tempo, sempre preservando sua integridade estética e sua postura crítica. Sua contribuição para a arte brasileira segue como patrimônio imaterial, vivo e inspirador.
Neste momento de tristeza, o Ministério da Cultura se solidariza com familiares, amigos, parceiros de criação e admiradores de Jards Macalé, reafirmando o reconhecimento e a importância de sua obra para a história cultural do Brasil."
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).