Morre cantora Angela Ro Ro aos 75 anos, após três meses internada
Angela Ro Ro estava internada desde junho, devido a uma infecção pulmonar
Por Da redação.
Angela Maria Diniz Gonçalvez, conhecida como Angela Ro Ro, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. A cantora sofreu uma parada cardíaca após um procedimento cirúrgico no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, onde estava internada há quase três meses. A informação foi confirmada por Laninha Braga, ex-namorada que cuidava da cantora, e pelo amigo e produtor Paulinho Lima, ao jornal O Globo.
A cantora deu entrada no hospital no dia 17 de junho, em decorrência de uma infecção pulmonar. Angela chegou a passar 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após complicações que levaram à intubação e à realização de uma traqueostomia. Ela iniciou um tratamento com fisioterapia vocal, pois apresentava dificuldades de comunicação.
Angela Maria Diniz Gonçalves nasceu em 5 de dezembro de 1949, no Rio de Janeiro (RJ). Ainda na infância, ela ganhou o apelido de Ro Ro, por possuir uma voz rouca e grave. Sua carreira teve início na década de 1970, após conhecer Glauber Rocha em uma viagem para a Itália. Em 1971, por indicação do cineasta, ela tocou gaita na gravação da música "Nostalgia (That's what rock'n roll is all about)", do álbum "Transa", de Caetano Veloso.
O trabalho foi feito em Londres, no período em que o cantor estava exilado. Enquanto morou na cidade, Angela Ro Ro trabalhou como faxineira em hospital, garçonete e lavadora de pratos, mas também fazia apresentações em pubs.
Discografia de Angela Ro Ro
Quando retornou ao Rio, começou a se apresentar em casas noturnas e foi contratada pela gravadora Polygram/Polydor (atual Universal Music). Angela lançou seu primeiro álbum, que recebeu o nome da cantora, em 1979, com apenas composições autorais. Assim , surgiram grandes sucessos de sua carreira, como "Gota de sangue", "Agito e uso", "Tola foi você" e "Amor, meu grande amor", também conhecida pela interpretação da banda Barão Vermelho.
Na década de 1980, lançou os discos "Só nos resta viver" (1980) e "Escândalo!" (1981), "A vida é mesmo assim" (1984) e "Eu desatino" (1985). Os dois primeiros tiveram faixa-título composta por Caetano Veloso. O período também foi marcado pelo relacionamento com a cantora Zizi Possi, que terminou de forma conturbada. Nos anos 1990, lançou apenas um disco, batizado de "Ao vivo - Nosso amor ao Armagedon" (1993).
O disco "Acertei no milênio", lançado em 2000, brindou um período de transformação na vida da artista. Antes do lançamento, ela deixou a bebida, o cigarro e o uso de outras drogas, além de ter perdido 25 quilos com a prática de exercícios físicos.
Entre 2004 e 2005, a cantora apresentou o talk-show "Escândalo", no Canal Brasil. Em 2006, gravou "Compasso" (2006) pela independente Indie Records, além de um disco ao vivo no Circo Voador. Em 2013, lançou "Feliz da vida!" ( 2013), pela Biscoito Fino.
No mesmo ano, foi homenageada no álbum "Coitadinha Bem Feito", gravado pelos cantores Lucas Santtana, Lirinha, Thiago Petit, Leo Cavalcanti, Tatá Aeroplano, Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Gui Amabis, Adriano Cintra, Rodrigo Campos, Helio Flanders, Otto, Pélico, Juliano Gauche, Rael, Gustavo Galo e Daniel Black, sob curadoria do jornalista Marcus Preto e direção geral de DJ Zé Preto.
A artista foi uma das pioneiras no movimento LGBTQUIA+ e foi uma das porta-vozes da luta contra a lesbofobia.
Angela Ro Ro enfrentava dificuldades financeiras
Antes da internação, a cantora foi às redes sociais para pedir ajuda financeira, afirmando que vivia sozinha e passava por problemas de saúde. "Fui diagnosticada com infecção no sangue e suspeita de câncer”, disse. "Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês".
Em agosto, o advogado Carlos Eduardo Campista de Lyrio, representante da artista, afirmou que ela não tinha aposentadoria e estava vivendo "uma situação difícil", com apenas R$ 800 reais por mês, referentes aos direitos autorais oriundos da reprodução de suas músicas em plataformas de áudio. “Angela vivia da voz dela, literalmente. É uma pessoa que recebia pelos shows e, com isso, pagava as contas”, declarou Lyrio, ao jornal O Globo.
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