Na CPI da Covid, senadores ouvem o empresário Luciano Hang nesta terça-feira: "vou ter todo o tempo do mundo"
Luciano Hang postou um vídeo com ironia em relação à convocação para comparecer ao Senado. Ele aparece algemado e desafiou os parlamentares:
A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (29/9) o empresário Luciano Hang, dono da varejista Havan, para esclarecer dúvidas referentes ao caso da Prevent Senior. Ele também será cobrado a responder questionamentos sobre disseminação de fake news e sua suposta participação no que tem sido chamado de "gabinete paralelo" - estrutura de assessoramento informal à Presidência da República durante a pandemia à revelia das orientações do Ministério da Saúde.
A Prevent é acusada de cometer uma série de irregularidades durante o ano de 2020, no auge da crise sanitária. Entre as quais: ocultar mortes por covid-19 e tentar produzir um estudo clandestino para supostamente criar argumentos em favor de medicamentos do chamado "kit covid".
Em depoimento à CPI nesta última terça (28/9), a advogada Bruna Morato, representante legal de 12 médicos que fizeram denúncias contra a Prevent Senior, disse que a Prevent Senior e pessoas que integravam o chamado gabinete paralelo fizeram um "pacto" pró-hidroxicloroquina para evitar o estabelecimento de medidas de restrição social pelo país na pandemia.
Há expectativa nos bastidores da comissão de que o depoimento de Hang será tenso e marcado por disputas e provocações. Na segunda (27/9), o empresário postou um vídeo com ironia em relação à convocação para comparecer ao Senado. Ele aparece algemado e desafiou os parlamentares:
"Trabalho 24 horas por dia, então vou ter todo o tempo do mundo e, se por acaso não aceitarem o que vou falar, já comprei uma algema para não gastarem dinheiro. Vou entregar uma chave para cada senador e que me prendam", desafiou ele, em uma série de vídeos publicados no Instagram.
"Temos que ter muita tranquilidade para o depoimento de amanhã. Para todas as armadilhas que o depoimento de amanhã terá, pela característica do depoimento", afirmou o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
"Terá armadilhas do depoente e armadilhas dos colegas governistas para tentar, me permitam o termo, melar no final [os trabalhos da CPI]. Atrapalhar no final. Temos que ter serenidade para superar esses obstáculos. Será um depoimento como tantos outros que vocês acompanharam, mas precisaremos ter um pouquinho mais de cuidado para não recair em provocações."
Randolfe disse ainda esperar que Hang se comporte "conforme reza o Código de Processo Penal sobre depoimentos" e lembrou que o empresário não tem imunidade parlamentar.
As alegações contra a Prevent fazem parte de um dossiê entregue à CPI por um grupo de 12 médicos e ex-médicos da rede de hospitais da operadora. A empresa nega o teor das acusações, as quais define como "sistemáticas e mentirosas".
O nome de Hang, empresário declaradamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defensor do governo, é citado ao longo do dossiê obtido pela comissão.
De acordo com os denunciantes, a Prevent teria fraudado o atestado de óbito da mãe do dono da Havan, Regina Hang, que morreu em decorrência de complicações de covid-19. Ela se encontrava hospitalizada em uma unidade da rede, em São Paulo.
Após a repercussão, Hang disse ter "total confiança nos procedimentos adotados pela Prevent Senior" e afirmou que nunca ocultou o motivo da morte da mãe e que o episódio está sendo usado como "artifício político" pela CPI da Covid. Regina morreu aos 82 anos em fevereiro de 2021 após ser internada com covid-19, mas o prontuário médico dizia que a morte foi em decorrência de uma pneumonia bacteriana.
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