CPI da Covid-19 tem deputado invadindo sessão, celular confiscado e denúncia de "cavalo de Tróia"
Miranda disse que ficou "louco" com o depoimento de Dominguetti e, por isso, tentou invadir a CPI para provar que ele está mentindo.
A sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito desta quinta-feira (1/7) foi bastante tumultada. Os senadores ouvem o representante da empresa Davati, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que denunciou o esquema de propina de US$ 1 para cada dose de AstraZeneca à Folha de S. Paulo. Em seu depoimento, entretanto, ele acusou o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou outro suposto esquema de propina, em relação a Covaxin, de ter negociado a vacina com a Davati.
Dominguetti apresentou um áudio onde o deputado estaria negociando vacinas. No arquivo, Miranda diz ter um cliente e fala em negociações para a aquisição de algum produto, mas não fica claro que se trata de vacinas. O áudio teria sido encaminhado a Cristiano Carvalho, executivo da Davati, empresa que ofereceu 400 milhões de doses de vacina ao governo. "Ele fazia a intermediação de vacinas", afirmou Dominguetti.
À imprensa, o deputado afirmou que o áudio é verdadeiro, mas se refere a compra de luvas. Ele chegou a enviar um print da conversa, onde fala com alguem identificado como "Rafael Alves Luvas" em outubro de 2020, quando, de acordo com o político, "nem existiam vacinas". Miranda disse a Folha de S. Paulo que ficou "louco" com o depoimento de Dominguetti e, por isso, tentou invadir a CPI para provar que ele está mentindo.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apreenderam o celular de Dominguetti para averiguar de onde teria partido o áudio e se ele realmente teria ligação com a compra de vacinas. A polícia do Senado foi chamada para fazer a inspeção do aparelho.
"CAVALO DE TRÓIA"
Os senadores da oposição ao governo Bolsonaro estranharam o fato de vendedor, na contramão do que se esperava do seu depoimento, decidiu revelar o fato de que Miranda teria supostamente atuado na intermediação para compra de imunizantes. "O depoente traz um áudio com mazelas que poderiam envolver Luis Miranda, Em nome do quê? A CPI não vai aceitar este tipo de coisa", reclamou Renan Calheiros.
Surgiu a hipótese, então, de que Dominguetti teria sido "plantado", como um "cavalo de Tróia", para desviar o foco e desacreditar a denúncia em relação a Covaxin. "Com todo respeito, essa testemunha foi plantada. Olha aí qual a conversa, esse áudio se refere a quê?", disse o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
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