Ex-presidente do Comcar critica proposta de criação de circuito na Boca do Rio: "Já foi rejeitada no passado"

Ex-presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), o advogado Otto Pipolo criticou, na última segunda-feira (18/7)n a proposta do colegiado para criar um novo circuito na Boca do Rio, o que tiraria da Barra-Ondina os trios elétricos, blocos e camarotes.

Para Pipolo, "a grande maioria dos conselheiros da ABS [Associação dos Blocos de Salvador] acha que há algum interesse escuso nessa escolha urgente". "Um circuito, para ser escolhido, precisa de um grande elemento que todos esqueceram: o povo de Salvador e da Bahia", disse, durante evento em Salvador.

Na visão do carnavalesco, que é o atual presidente da ABS, a Prefeitura da capital baiana deveria realizar um plebiscito para avaliar se a população deseja a mudança. "Esse assunto é grave. Tem áreas desapropriadas em Salvador já para este Carnaval. Isso é um absurdo", opinou.

Ele ainda diz que, caso houvesse a votação, se posicionaria contra. "[O local] não tem sistema de transportes, não tem sombreamento, é salitre, é uma área de afogamento e muita marginalização, sem querer nominar os lugares, e onde a Polícia Militar sequer tem um plano de ação", atacou.

Ainda de acordo com o dirigente, um plebiscito foi realizado em 1991, e a população rejeitou a possibilidade de criar um circuito na região. "O povo da Bahia não aceitou fazer no Aeroclube. O Farol Folia, que tinha ali, só teve um ano. Para que haja sucesso, qualquer área do Carnaval da Bahia tem que ter vocação. Por que a Barra foi consagrada? Porque tinha vocação", concluiu.

Pipolo presidiu o Comcar entre 1991 e 1992 e foi coordenador do Carnaval na Bahia em 1994. É fundador e foi presidente do Bloco Papa-Léguas, além de ser autor do livro "Sistema jurídico aplicado ao Carnaval e às demais manifestações culturais".