Interior

Ex-prefeito é acusado de agressão por mulher que conheceu quando ela tinha 12 anos; "a polícia me colocou como errada"

O caso aconteceu no dia 4 de dezembro, e foi denunciado quatro dias após, no dia 8, na 7ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior. Birschner é pai do atual prefeito do município, Tiago de Dejair (PP)

Por Matheus Caldas

Ex-prefeito é acusado de agressão por mulher que conheceu quando ela tinha 12 anos; "a polícia me colocou como errada"arquivo pessoal

O ex-prefeito de Una, a 372 km de Salvador, Dejair Birschner, de 72 anos, é acusado de agredir a companheira, Catiana Barreto, 33. Ao Aratu On, a mulher disse que, após as agressões, fugiu, e foi perseguida pelo ex-gestor, que, segundo ela, foi auxiliado por policiais militares da 71ª Companhia Independente (CIPM/Canavieiras).


O caso aconteceu no dia 4 de dezembro, e foi denunciado quatro dias após, no dia 8, na 7ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin). Birschner é pai do atual prefeito, Tiago de Dejair (PP). 


“Fui buscar minha filha na casa dele, porque ele pegou minha filha num posto de gasolina. Cheguei lá perguntando por que ele fez isso, e eu já recebi um tapa. Eu caí. Me levantei e fui para cima dele. Ele me pegou pelo braço e me jogou numa mesa de mármore. Me bateu, me chutou, me enforcou. Gritei minha filha pra chamar a polícia”, narrou.


“Apareceu um vizinho para ajudar e colocou ela no carro. A polícia chegou. Achei que ia me proteger. Engano meu. A polícia me colocou como errada. Ele disse que estava passando. Eu já estava cheia de hematomas e ele rasgou a blusa que eu estava. Ele falou na frente dos policiais: 'bati e bato de novo'. Eu entrei em casa. Pulei a janela do quarto da minha filha e saí correndo. As pessoas me ajudaram. Ele estava no carro da polícia me perseguindo. Entende agora meu medo?”, acrescentou.


Catiana contou que as agressões começaram há cerca de 12 anos, quando a filha do casal, atualmente com 13, tinha cerca de 1 ano e meio. Ela diz que, inicialmente, os ataques eram verbais, mas, com o passar do tempo, passaram a ser físicos. “Com certeza vou me separar dele. Eu cansei. Pensei que fosse morrer”, garantiu. 


Ambos, de acordo com ela, mantinham relacionamento há 22 anos – à época, ela tinha 12 anos, e ele, 50. 


O titular da Delegacia Territorial de Una, João Mendes, confirmou que o exame pericial detectou lesões corporais na vítima. Ele, contudo, disse que não pode inferir se Birschner cometeu crime.


“Estamos providenciando a investigação. Estou tomando cautela para ouvir as pessoas. Não gostaria de ficar fazendo constelações mais inciativas, porque isso até prejudica o processo”, explicou à reportagem. “Ela efetivamente apresentou sinais de agressões. Isso eu posso garantir. Ela foi encaminhada ao DPT [Departamento de Polícia Técnica], onde constatou-se as marcas das lesões sofridas”, assegurou.


O delegado ainda assegurou que a defesa alega que o depoimento de Catiana foi enviesado para culpar o ex-prefeito. “O advogado do Dejair já entrou em contato e disse que a história está distorcida. Estou querendo trabalhar com imparcialidade e fazer um trabalho investigativo para descortinar o fato da maneira que realmente aconteceu”.


E OS ENVOLVIDOS?


Ao Aratu On, a PM negou as acusações, e disse que os agentes foram acionados por Birschner. Na versão da PM, o ex-prefeito denunciou que estava sendo ameaçado de morte por Catiana, que estava se dirigindo para sua casa. “A guarnição deslocou com o solicitante e no local a mulher não foi localizada, os policiais militares retornaram para suas atividades”, se defendeu a corporação, em nota.


“Posteriormente, os policiais recepcionaram outra solicitação via telefone funcional, de que a mulher havia invadido a casa do mesmo solicitante e o ameaçado de morte, no local os policiais militares conversaram com o solicitante, e a mulher permaneceu de longe gritando, visivelmente alterada e agressiva com o solicitante e com os policiais militares. A guarnição tentou se aproximar da mulher para dialogar, a mesma fugiu para o matagal próximo à residência”. 


A corporação sustentou que, dentro da casa do ex-gestor, “os militares observaram vários pertences e móveis quebrados”. “O homem foi orientado a registrar a ocorrência na delegacia. Os policiais militares aguardaram o solicitante pegar alguns pertences e fechar a residência, pois o mesmo informou que passaria a noite num lugar mais seguro”. 


O Aratu On não conseguiu contato com o Birschner. A reportagem procurou Prefeitura de Una, através do número disponibilizado no site oficial, mas ninguém atendeu. O atual prefeito, filho de Birschner não respondeu as mensagens. 


BIOGRAFIA


Dejair Birschner foi prefeito de Una em três mandatos – entre 1997 e 2004, e de 2009 a 2012. Em 2011, ele chegou a ser denunciado pelo promotor de Justiça Márcio Bosio, que encaminhou para a Polícia Civil do município de Una as denúncias de abuso sexual de menores em outubro de 2010. Ele foi acusado de assédio sexual, corrupção de menores e estupro. 


No dia 22 de maio de 2010, duas adolescentes, de 13 e 15 anos, filhas de funcionários de uma fazenda do político, o acusaram de conduzi-las até um motel na estrada Ilhéus-Olivença.


Em 2011, a desembargadora Nágila Brito recebeu a denúncia, mas não o afastou do cargo e nem o prendeu preventivamente. Na eleição seguinte, quando ainda era prefeito, não tentou a reeleição. 


Em 2015, três anos após o fim do mandato dele, Nágila determinou o retorno do processo para a comarca de Uma, vara de origem do processo, onde segue parado até o momento. 


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