Vulcão nas Ilhas Canárias entrou em erupção, mas risco de tsunami continua, segundo especialista
"Aquela probabilidade pequena do tsunami não estava atrelada a erupção vulcânica, e sim a um colapso da estrutura vulcânica em si", explica
Com a explosão do Vulcão Cumbre Viejas, nas Ilhas Canárias, alguns baianos ficaram com a impressão de que o pior já tinha passado - apesar da possibilidade de tsunami, nenhuma onda maior que o normal havia chegado ao litoral brasileiro. O oceanógrafo Ricardio Piazza Meireles, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), alerta que ainda há riscos.
Segundo o especialista, a possibilidade do tsunami ocorrer não dependia apenas do vulcão entrar em erupção, mas de que essa atividade passe a ser mais intensa. Caso a força da lava expedida fosse muito grande, o próprio vulcão poderia entrar em colapso e parte das Ilhas Canárias seria dividida na explosão. Esse monte de rochas e terras que, ao cair na água, provocaria a onda.
"Nós já previamos a possibilidade da explosão do vulcão e isso infelizmente está ocorrendo. [...] Aquela probabilidade pequena do tsunami não estava atrelada a erupção vulcânica, e sim a um colapso da estrutura vulcânica em si, ou seja, a ilha partir e de uma vez só a avalanche de rochas cair no oceano. E aí, sim, propagar uma onda de choque que iria pelo oceano atlântico em uma velocidade muito alta", explica.
Mas se o vulcão já expulsou a lava e ainda não explodiu, não há mais chances de tsunami, certo? Errado. Meireles ensina que muita coisa ainda pode acontecer: "As autoridades responsáveis, serviços oceanógrafos e vulcanológicos ainda estão monitorando. Essa fase da explosão vulcânica é o primeiro alerta definitivo de que essas massas podem vir a colapsar sim", avisa.
O professor alerta que a ilha deverá ser monitorada pelo tempo que durar a atividade do vulcão. "Todo o sistema vulcânico esta acoplado a câmara magmatica, que está embaixo do solo. Eu n tenho como previsar o tamanho dessa câmara. Essa atividade [do vulcão] pode durar horas, dias ou semanas, depende da quantidade de magma armazenada e se haverá energia suficiente pra sair. Então eu sugiro que as autoridades continuem esse monitoramento", relata.
TSUNAMI
Mesmo assim, os baianos podem ficar tranquilos. Se a possibilidade da ilha colapsar já é pequena, a chance de que essa ruptura provoque ondas gigantescas é ainda mais remota.
Há diversas variantes nessa opção, como a quantidade de rochas que cairia no mar, o tamanho delas e o tempo. "Essa onda de tsunami ela pode se propagar no oceano atlantio em direção as Américas, tanto America do Sul quanto do Norte, e chegar ao nosso litoral apenas com uma altúra centimétrica, e não necessariamente de cinco ou oito metros. O que vai caracterizar isso é o período e a velocidade de propagação, mas pode chegar uma onda muito pequena", suaviza.
Meireles alerta que o problema maior não é o tsunami, mas a falta de organização do Brasil caso aconteça um evento natural catastrófico de grandes proporções. "A questão é como nós somos vulneráveis. Onde está a nossa preparação para isso? Os tremores já aconteceram nas Ilhas Canárias e poderiam aconter em outros lugares mais perto, como Fernando de Noronha. A questão é como nós iriamos prever ou se iriamos apenas esperar o pior acontecer", ensina.
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