NOVO DESCASO: Um ano após tragédia, lona da prefeitura no Marotinho vira foco de mosquito aedes aegypti
NOVO DESCASO: Um ano após tragédia, lona da prefeitura no Marotinho vira foco de mosquito aedes aegypti
As vésperas de completar um ano da tragédia, a localidade do Marotinho, no bairro de Bom Juá, em Salvador, convive com novo descaso do poder público.
Em 27 de abril de 2015, por conta das chuvas, parte da encosta desabou na região destruindo casas e deixando cinco mortos — todos da mesma família. Após a tragédia, a prefeitura não iniciou obras de contenção. A justificativa foi a falta de verbas da União para tocar o projeto, estimado em R$ 2,2 milhões.
A alternativa foi a colocação de uma lona preta na encosta para impedir novos deslizamentos de terra. A equipe de reportagem Aratu Online esteve no Marotinho na última semana e flagrou o acúmulo de água parada em vários pontos na manta de proteção.
A situação propicia a proliferação do mosquito aedes aegypti, causador de doenças como dengue, chikungunha e zyka vírus. Este último responsável pelo desenvolvimento de microcefalia em fetos, caso a mulher contraia a doença durante a gestação.
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Moradora do Marotinho, Marlene Bispo, 23 anos, lamenta as condições do local e conta que cinco familiares, além dela, já tiveram zyka. ?Nós estamos aqui à mercê, somos um povo esquecido?, disse.
?A única coisa que eles (prefeitura) fizeram foi vir aqui colocar a lona logo depois da tragédia. Quando a lona rasgou nós avisamos e eles vieram e colocaram outra lona por cima. Só isso?, disse.
De acordo com números da própria prefeitura, até março (o mês de abril ainda não foi computado), Salvador tem 912 casos suspeitos de dengue, 95 ocorrências notificadas de febre chikungunya e 437 suspeitas de zika vírus.
CONTRADIÇÃO
Irônico que a prefeitura tem feito constantes atividades de erradicação do mosquito aedes aegypti, incluindo mutirões e “faxinaços”, como o anunciado no último dia 6 de abril no Bairro da Paz, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia e da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), do governo do estado.
Outra ação foi o desenvolvimento de um aplicativo para smartphones chamado de ‘Mosquito Zero’. O objetivo é flagrar focos de criação do mosquito e enviar para uma central de monitoramento. De acordo com a prefeitura, o custo desta tecnologia foi de R$ 200 mil.
O Aratu Online entrou em contato com a Defesa Civil de Salvador (Codesal) para pedir um posicionamento sobre o fato. A assessoria de imprensa da Codesal informou, por meio de nota, que técnicos vão ser enviados ao local e caso seja necessária a troca do plástico, a equipe vai fazer a reposição.
A Codesal disse ainda que permanece de plantão durante 24 horas através do número 199.