Salvador viva na lembrança dos soteropolitanos em 466 anos de histórias e encantos

Salvador viva na lembrança dos soteropolitanos em 466 anos de histórias e encantos

Por Cláudia Costa.

Salvador viva na lembrança dos soteropolitanos em 466 anos de histórias e encantosReprodução Internet

No dia em que Salvador comemora 466 anos, o Aratu Online levantou memórias de soteropolitanos que fazem parte da história da cidade para contar do que sentem falta no cenário da antiga Salvador e o que vivenciam na cidade que encanta turistas do mundo inteiro com suas belezas.

Numa volta na Praça Dois de Julho, conhecida também como Praça do Campo Grande, encontramos dona Luíza Freitas, de 88 anos, que nos contou com saudades sobre a Rua Chile, lugar que frequentou durante a juventude.

Dona Luíza Freitas

Dona Luíza Freitas

Foto: Reprodução Internet

Rua Chile. Foto: Reprodução Internet

A rua secular ganhou esse nome em homenagem à esquadra chilena que aportou na cidade em 1902. ?Eu ia muito no Jardim da Piedade, e principalmente a Rua Chile, lá era chique, as pessoas usavam salto alto, andavam bem arrumadas, era o lugar mais badalado para passear e comprar. Tinham lojas como a Sloper, Duas Américas, com a primeira escada rolante de Salvador. Era também um local de paquera, já que tinham também grandes hotéis como o Palace e o Meridional?, conta com entusiasmo a aposentada. Nos dias atuais, a dona de casa prefere os shoppings e o Farol da Barra.

Valdir Pires

Valdir Pires

Foto: Reprodução Internet

Baile de Carnaval do Clube Português, na Pituba. Foto: Reprodução Internet

Também no Campo Grande conhecemos outro soteropolitano, que apaixonado por carnaval lembrou dos bailes e clubes que marcaram época. Fundado em 1916, o Clube Bahiano de Tênis foi pioneiro na implantação do tênis na sociedade soteropolitana e era um espaço de cultura e lazer. Valdir Brito, de 60 anos lembra da folia na capital baiana quando era jovem. ?Frequentava bailes carnavalescos em clubes como o Bahiano, Associação Atlética e Português. Tinham bandas maravilhosas, lugar de paquerar, se divertir e tomar uma geladinha com os amigos. Gostava muito do carnaval também, descia do Campo Grande até a Castro Alves atrás dos trios, vestia a alegria e ia pra rua?. Nos dias atuais, o bancário aposentado confessou que não se sente mais tão seguro como antigamente, mas gosta de frequentar a praça, onde aproveita para ler na tranquilidade do local.

Bem perto dalí, no bairro Dois de Julho, encontramos mais soteropolitanos saudosos. O local é bastante movimentado com comércio e as ruas têm um encanto especial com barraquinhas de flores e frutas. A praça, recém-reformada, abriga um coreto que dá um ar de interior para o bairro localizado no centro da capital. Ainda é possível ver pessoas jogando damas e cartas no meio do vai e vem da cidade.

Nelson Barbosa do Carmo

Nelson Barbosa do Carmo

Foto: Reprodução Internet

Antiga Fonte Nova. Foto: Reprodução Internet

Seu Nelson Barbosa do Carmo, de 82 anos, tem um comércio de flores no local e como um apaixonado por futebol citou o antigo Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, como uma de suas paixões da juventude. O estádio foi palco de grandes disputas dos principais times baianos. ?Eu ia assistir meu Bahia, vi o meu time ser campeão brasileiro, foi muito emocionante, gosto de futebol e sinto falta?. Hoje, o idoso prefere curtir uma praia e jogar dominó com os amigos.

Ana dos Santos

Ana dos Santos

Foto: Reprodução Internet

Cine Guarany. Foto: Reprodução Internet

Outra comerciante do local, dona Ana dos Santos, de 68 anos, tem uma barraquinha de folhas que herdou da mãe, e espalha axé para quem acredita na cura através das plantas. No bate papo, ela contou que antigamente não tinha a liberdade de hoje. ?Eu não ia para canto nenhum, meus pais não deixavam as filhas moças saírem, era estudar, trabalhar e casa. Depois que casei não, eu ia muito pra matinê no Cinema Tupi e Guarany assistir filmes, gostava também de parques e circos. Nunca fui de festa?. Hoje, ela conta que o lazer é ir para a praia de Jaguaribe, eleita a preferida da aposentada pela tranquilidade do mar.

Antônio Raimundo

Antônio Raimundo

Foto: Reprodução Internet

Clube Fantoches. Foto: Reprodução Internet

Entre os frequentadores do bairro, encontramos dois pés de valsa. Seu Antônio Raimundo, de 54 anos, lembrou com saudade das serestas que frequentava antigamente. ?Sempre gostei de dançar, ia vestido a rigor. Terno, calça, sapato lustrado, gravata, com elegância. Tinha o Cruz Vermelha, Clube de Regatas Itapagipe, Palmeiras na Barra, Clube Comercial, Fantoches… Eram os clubes que eu frequentava pra dançar. Hoje acabou o romantismo. Eu era pé de valsa, dançava bolero, tango e também arrumava muita namorada, a gente era feliz e não sabia?.  Além dos clubes de seresta, o cozinheiro aposentado sente falta também da segurança e confessou que hoje não sai muito por que se sente inseguro.

Maurina Ferraz Araújo

Maurina Ferraz Araújo

A outra pé de valsa, Dona Maurina Ferraz Araújo, de 80 anos, frequentava o Clube do Exército aos domingos, próximo a São Joaquim, e participava dos concursos de dança. ?Eu ganhei em segundo lugar no concurso, usava uma saia de percal e uma anágua e quando rodava não aparecia nada. Eu adorava dançar bolero e todos os ritmos. Tinha bingo, brincadeiras, eu sinto falta, não tem mais?. Moradora do bairro Dois de Julho há 20 anos, a funcionária pública revela o medo da violência e nos momentos de lazer prefere viajar.

A cidade vive o passado na lembrança dos soteropolitanos e continua encantando todas as gerações por sua beleza. Os 466 anos lhe tiraram o ar de cidade pacata de antigamente. Assim como outras capitais, a cidade também sofre com a violência, com a desigualdade social e outros problemas. Mas, a maior riqueza permanece, seu povo e sua memória.

Parabéns Salvador!!!!!

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