Pesquisa aponta que quem tem dores e sintomas depressivos sofre mais com perda de memória
Patrícia Tofani, autora da pesquisa, explica que, na presença simultânea de dor e de sintomas depressivos, há uma sobrecarrega nas redes neurais
Uma pesquisa de pós-doutorado em Gerontologia, desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apontou que a coexistência da dor articular e de sintomas depressivos é um fator de risco para o declínio da memória. O estudo analisou dados de 4.718 participantes acompanhados durante 12 anos.
A pesquisa foi premiada recentemente no XXIII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que aconteceu entre 23 e 25 de março, em São Paulo. O trabalho, intitulado "A combinação de dor articular e sintomas depressivos é fator de risco para piores trajetórias da memória?", integra o projeto de pós-doutorado em Gerontologia de Patrícia Silva Tofani, docente da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Os 4.718 participantes com mais de 50 anos tiveram a dor avaliada pelo autorrelato, os sintomas depressivos foram analisados por meio de uma escala específica e a avaliação da memória foi feita por teste da lista de palavras, que inclui recordação imediata e tardia.
Os resultados mostraram que as pessoas que apresentavam a combinação de dor e sintomas depressivos tinham um declínio da memória mais rápido ao longo dos doze anos de acompanhamento do que aqueles que não apresentavam dor nem sintomas depressivos. "Curiosamente, só ter dor ou só apresentar sintomas depressivos não acelerou o declínio da memória", pontuam os pesquisadores.
Patrícia Tofani, autora da pesquisa, explica que, na presença simultânea de dor e de sintomas depressivos, há uma sobrecarrega nas redes neurais e um aumento de lesões em estruturas do cérebro como, por exemplo, o hipocampo, que é a região chave para formar e reter a memória.
"Contudo, por trás dos resultados da pesquisa, há uma boa notícia, pois uma vez que a dor e os sintomas depressivos são condições modificáveis, as mesmas podem ser tratadas e monitoradas, evitando que influenciem negativamente a memória e comprometam a autonomia e a independência das pessoas", disse a pesquisadora.
Para realizar a pesquisa, foram utilizados dados do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA Study) - base de dados que compõe o International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging (InterCoLAging) -, um consórcio de estudos longitudinais coordenado pelo orientador do trabalho. A pesquisa teve a participação de pesquisadores da University College London (Londres), de pós-doutorandos e de alunos de mestrado e doutorado do Laboratório de Estudos em Epidemiologia do Envelhecimento (LEPEN), do DGero da UFSCar.
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